Plataforma pública que abrange toda a emissão de bilhetes, o ticketing deve ter viabilidade técnica, econômica e institucional, avalia Wagner Colombini Martins, presidente da Logit Engenharia Consultiva. Para ele, o ticketing deve ser tratado como infraestrutura estratégica, não apenas como ferramenta de arrecadação. Ele defende um sistema interoperável, que integre diferentes modos de transporte – como BRT, ônibus, metrô, trem e bicicletas –, com acesso simples, tarifação transparente e um clearing centralizado, que permita auditoria contínua.
Além de viabilidade técnica e econômica, o sistema deve possibilitar integração modal, tarifária, institucional e tecnológica. Requer estudos sobre arquitetura, padrões e integração, além de modelagem econômico-financeira que avalie Capex, Opex, PPP e retorno do investimento.
“Um sistema mal concebido gera ineficiência e perda de legitimidade”, alertou. Para ele, bilhetagem inteligente é “infraestrutura digital de mobilidade”, que deve permitir rastreabilidade financeira, padronização e planejamento com base em dados.

da Logit Engenharia Consultiva
Avaliação de viabilidade
A viabilidade técnica e econômica é essencial devido ao alto impacto e longo ciclo de vida desses sistemas. São necessários critérios de sustentabilidade financeira, tecnologia adequada e modelo de operação e manutenção compatível.
A análise técnica identifica tecnologias aderentes a padrões internacionais (como ISO 24014, Calypso, EMV) e verifica sua compatibilidade com os modais atuais e futuros. A análise econômica avalia CAPEX/OPEX, estimativas de receita, riscos e possíveis receitas acessórias. “A viabilidade se constrói ouvindo atores, levantando boas práticas e estruturando soluções viáveis. Benchmarking é fundamental”, disse Colombini.
Business case
Colombini também destacou a importância do business case, que orienta decisões ao demonstrar benefícios, custos e riscos do projeto. Ele consolida objetivos, reduz custos e vazamentos de receita, facilita o uso pelos passageiros e assegura interoperabilidade.
Segundo ele, a interoperabilidade é essencial: “Permite que mais de um agente emita crédito no sistema e o mesmo bilhete funcione em vários modais. ” O business case também apoia o planejamento tarifário, garante escalabilidade e evolução tecnológica, e protege contra dependência de um único fornecedor. “É o business case que alinha política pública com eficiência, impacto social e boa governança. ”
Custo da não viabilidade
Cases referidos por Colombini mostram os riscos da ausência de viabilidade em ticketing inteligente: sistemas incompatíveis ou não escaláveis, contratos desequilibrados e rejeição dos usuários por dificuldade de uso.
Estudos prévios evitam improvisações e garantem coerência entre planejamento, contratação e execução. “Na Grande São Paulo, estamos num momento crucial, com a concessão do sistema de trilhos. É preciso atenção”, alertou.
A viabilidade começa antes da licitação, com consulta a stakeholders, benchmarking e definição funcional do sistema. Na licitação, é recomendada a criação de pacotes com estímulo à participação do setor privado. Após a contratação, é essencial supervisionar a instalação e os testes.
Definições estratégicas e operação
A avaliação de viabilidade exige decisões sobre a mídia de pagamento (cartão próprio, app, QR Code, EMV), canais de venda e modelos de operação: gestão direta, concessão plena ou divisão entre operadores de bilhetagem e clearing.
A função de clearing house deve ser central, permitindo múltiplos emissores de crédito. “Escolher o modelo certo assegura controle público, qualidade e equilíbrio contratual.” Requisitos de uma boa avaliação incluem: grupo com diferentes agências, diagnóstico do sistema atual, requisitos funcionais pactuados com operadores e reguladores, além de padrões mínimos de interoperabilidade e segurança.
“A autoridade metropolitana precisa ter controle total do sistema, inclusive das chaves criptográficas, para garantir autonomia e transparência”, afirmou.
A viabilidade contribui para a governança ao estabelecer critérios claros para contratos, metas de desempenho, subsídios e estrutura tarifária. Apoia a atuação das agências reguladoras e permite construir sistemas sustentáveis e com visão de futuro.
Lições e recomendações
Entre os fatores comuns em casos internacionais bem-sucedidos estão: planejamento robusto, estrutura institucional clara, padrões abertos e controle público sobre dados e criptografia.
“As melhores práticas mostram que ticketing sustentável exige governança forte, interoperabilidade e um clearing auditável”, afirmou Colombini. Ele concluiu que o ticketing só é inteligente se for tecnologicamente apropriado, economicamente viável e institucionalmente sólido. “Governança em ticketing depende de viabilidade sólida, tecnologia.
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