Sustentabilidade

Evolução tecnológica dos veículos ajuda no controle das emissões, mas não é suficiente

O lançamento do “Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – Ano-base 2024”, publicado hoje, dia 2 de dezembro, mostra que alguns gases apresentaram queda nas emissões ao longo dos quase 40 anos do início da implantação do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que garantiu a evolução tecnológica dos veículos. Em outros casos, porém, observa-se estabilidade ou até aumento, indicando que a tecnologia veicular, sozinha, é insuficiente para barrar o aumento de emissões. O crescimento da frota e a maior intensidade de uso dos veículos também impulsionam as emissões. O documento está disponível no site do IEMA.

“O documento mostra que, embora os avanços nas tecnologias de controle das emissões contribuam para reduzir emissões, eles não são suficientes isoladamente. É necessário considerar também a evolução da frota, o uso de combustíveis e os padrões de mobilidade, que têm influência importante para as emissões”, explica Helen Sousa, pesquisadora do Iema, uma das autoras do estudo. O documento permite avaliar o efeito de políticas públicas, particularmente do Proconve, que busca reduzir as emissões veiculares.

Em 2024, os ônibus e micro-ônibus foram responsáveis por 9% das emissões de Óxidos de nitrogênio (NOx), 8% Dióxido de carbono (CO₂), 6% do material particulado (MP), 3% do Óxido nitroso (N₂O), 3% de metano (CH4). Enquanto os automóveis responderam por 42% da emissões de CO² e os caminhões por 40%.

Leia também: Ônibus são responsáveis por apenas 11,43% das emissões de CO² no transporte rodoviário

A frota brasileira de veículos cresceu de forma contínua desde 1980 e alcançou mais de 71 milhões de veículos em 2024. Desse total, 63% são automóveis, 25% motocicletas, 9% comerciais leves, 3% caminhões e menos de 1% ônibus. A frota de veículos pesados (caminhões e ônibus) ultrapassou 2,5 milhões de unidades, distribuídas entre caminhões pesados (29%), semipesados (24%), médios (10%), leves (17%) e semileves (4%), além de ônibus urbanos (10%), rodoviários (2%) e micro-ônibus (4%).

Os resultados apontam mudanças no perfil das emissões ao longo dos anos. No caso do material particulado, por exemplo, o total emitido caiu ao longo do tempo, especialmente a partir do início dos anos 2.000, impulsionado pelos avanços tecnológicos que reduziram a poluição proveniente da combustão. Porém, com a expansão da frota, a participação das emissões do desgaste de pneus e pavimentos aumentou e hoje respondem por cerca da metade das emissões totais deste poluente.

O documento foi elaborado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), sob coordenação do ministério do meio ambiente e mudança do clima (MMA) e do ministério dos transportes (MT), com apoio da Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC), iniciativa global dedicada a reduzir poluentes climáticos de vida curta.

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Ônibus urbano híbrido a etanol integra estratégia multienergia da Marcopolo para descarbonização

O protótipo híbrido etanol urbano apresentado pela Marcopolo na COP30 combina propulsão elétrica e biocombustível, ampliando a autonomia e elimina a necessidade de infraestrutura de recarga, pois o abastecimento é feito somente com etanol. O protótipo foi montado inicialmente em uma carroceria Torino, mas será produzido em uma carroceria do Attivi.

A grande vantagem do híbrido etanol é que as baterias são recarregadas automaticamente pelo gerador, que está dentro do veículo. Isso elimina a necessidade do carregamento noturno nas garagens. “Esse gerador é um motor a etanol, no qual a central eletrônica automaticamente detecta o momento exato que o gerador precisa entrar em funcionamento para carregar a bateria”, explica Renato Machado Florence, gerente de engenharia, desenvolvimento e planejamento da Marcopolo.

“O software permite que, ao mesmo tempo que o veículo está sendo movimentado na rua, o gerador possa entrar em ação. Existe também o trabalho em conjunto com o freio regenerativo, que ajuda também na recarga da bateria”, complementa Florence.

Com isso, o modelo híbrido alcança uma autonomia maior que um elétrico puro, variando entre 450 km e 600 km, com 200 litros de etanol, dependendo da operação. Os elétricos têm uma autonomia de aproximadamente 250 km. A Marcopolo realizou testes em três tipos de operação para chegar a essa média de autonomia para o híbrido elétrico-etanol: em aplicações rurais (off-road), urbanas e fretamento.

O modelo urbano híbrido a etanol tem a mesma concepção do micro-ônibus Volare Attack 9 híbrido, que atende as necessidades do programa Caminho da Escola e foi apresentado na Lat.Bus 2024. O modelo também dispensa infraestrutura de recarga e pode ser abastecido com etanol em qualquer posto do território nacional. A solução híbrida etanol é Carbono Net Zero, ou seja, o CO₂ emitido pelo veículo é neutralizado pelo resgate de CO₂ no plantio da cana-de-açúcar ou outras fontes de etanol.

Renato Machado Florence, da Marcopolo (Divulgação)

Multienergia-

“A Marcopolo está trabalhando com um portfólio de soluções para que possamos atender os clientes no Brasil inteiro, que têm diferentes necessidades. A companhia está explorando todas as frentes possíveis dentro da proposta descarbonização. Para nós, a mobilidade eficiente tem um futuro eclético e de múltiplas energias”, comenta Florence.

“A Marcopolo desenvolveu o Volare GNV/Biometano, que entra nessa onda da descarbonização com grandes vantagens em relação ao diesel. Avançamos no puro elétrico, tanto no modelo tradicional com chassis de diferentes montadoras quanto no integral. O Attivi integral já circula em São Paulo e em Porto Alegre, e estamos fazendo ‘degustações’ em outras localidades. E a gente vai entregar mais 10 carros em São Paulo no ano que vem. O modelo integral tem a vantagem de ter um peso menor, de até 800 kg, o que resulta também em uma redução de consumo de energia”, conta.

O executivo destaca que há regiões em que o etanol tem preço competitivo, tornando o modelo híbrido mais atrativo. “Existem diferentes situações em todo o Brasil. Há muitas empresas que já estão gerando o próprio biometano, a partir de resíduos. Outras cidades estão conseguindo financiamento para trocar suas frotas por elétricos a bateria, enquanto há regiões em que o acesso à energia é difícil. Por isso, a Marcopolo está investindo em diferentes tecnologias”, avalia.

Florence ressalta que a Marcopolo desenvolve trabalhos com veículos a hidrogênio, que é uma tecnologia disponível do ponto de vista global. “Muitas montadoras já têm essa solução. A Marcopolo tem essa solução que foi produzida a partir da planta da China que liberou um veículo rodoviário, o Audace 1050.”

Em 2023, a Marcopolo assinou um convênio com a Escola Politécnica da USP, RCGI unidade Embrapii e a startup Carbonic para reativação de um dos três dos ônibus movidos a hidrogênio da EMTU que rodaram pela Metra no corredor ABD em 2015. Este acordo se conecta com o primeiro convênio assinado em setembro de 2022 entre a USP e as empresas Shell e Raízen e o Senai que busca instalar no campus da USP na Cidade Universitária um equipamento de produção de hidrogênio a partir do etanol.  

“Estamos esperando a usina para produção do hidrogênio a partir do etanol na USP, que está em fase final dos preparativos. Mas o nosso veículo já está funcionando, e é uma alternativa para longas distâncias, então estamos prospectando oportunidades de aplicações aqui no Brasil”, sublinha.

Pensando nessa rota da descarbonização, a Marcopolo também tem investido na busca de materiais mais leves e com mais eficiência energética para as carrocerias. “Temos trabalhos avançados para substituir fibra de vidro por plástico de engenharia e por materiais compósitos e com a utilização de aços de alta resistência. Para otimização do processo de manufatura e redução de peso, o que no final das contas, se traduz e melhoria para o cliente final.”

(Divulgação)

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ClickBus apresenta projeto “Passagem Verde” na COP30

A ClickBus promoveu o painel “IA e o transporte rodoviário de passageiros: caminhos e soluções para um futuro mais sustentável com base em dados”, na Estação do Desenvolvimento, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), em Belém do Pará. O debate destacou o papel estratégico da inteligência artificial como catalisadora do desenvolvimento sustentável no setor de transporte de passageiros.

Durante o painel, foi apresentado o projeto “Passagem Verde”, iniciativa de sustentabilidade da ClickBus que promove transformações na cadeia de valor da mobilidade rodoviária. A tecnologia calcula e exibe, de forma transparente, a emissão estimada de carbono (CO²) por passageiro no momento em que o cliente seleciona o assento e o trajeto. O sistema sugere a compensação, permitindo que o cliente invista um valor simbólico, que varia entre R$ 2 e R$ 5 por passageiro, para que a viação realize a compensação ambiental. A funcionalidade já está disponível para white labels de parceiros e viações e será lançada nos próximos meses no app e site da ClickBus.

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CPTM divulga primeiro Relatório de Emissões de Gases de Efeito Estufa

A CPTM divulgou o Relatório de Emissões de Gases de Efeito Estufa 2024, o primeiro inventário oficial de emissões, um marco histórico para a companhia e para o setor ferroviário urbano de passageiros no Brasil.

A publicação ocorre em um momento estratégico, alinhada às discussões sobre sustentabilidade promovidas pelo Summit Agenda SP+Verde, do Governo de São Paulo, e à realização da COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, sediada no Brasil em Belém, no Pará, de 10 a 21 de novembro.

O relatório foi elaborado em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, seguindo as diretrizes do Programa Brasileiro GHG Protocol e da norma ABNT NBR ISO 14064-1:2022. A CPTM é a primeira operadora de trens urbanos de passageiros a publicar um inventário estruturado de emissões de gases de efeito estufa no país.

A iniciativa estabelece 2024 como ano-base para mensuração e acompanhamento das emissões, criando parâmetros para futuros ciclos de monitoramento e possibilitando o estabelecimento de futuras metas de redução. O estudo foi conduzido conforme as boas práticas de transparência e conservadorismo metodológico, reconhecendo e gerindo incertezas para garantir a credibilidade dos resultados. 

Resultados e indicadores de eficiência

O inventário revelou que, em 2024, a CPTM gerou 37.379 toneladas de CO₂ equivalente (tCO₂e – unidade que permite comparar e somar o impacto climático de diferentes gases), considerando emissões diretas e indiretas em suas operações. A distribuição por escopo foi a seguinte:
• 20,3% estão concentradas no Escopo 1, com destaque para emissões fugitivas de SF₆ e gases refrigerantes;
• 56,8% das emissões vieram do consumo de eletricidade, Escopo 2;
• 23,9% correspondem ao Escopo 3, principalmente de resíduos de obras e operações.

Mesmo sendo um sistema eletrointensivo, o modal ferroviário da CPTM apresentou alta eficiência climática, com índice de somente 3,3 g CO₂e/passageiro/km, valor 96% menor do que o de um ônibus urbano movido a diesel. Isso significa que uma viagem de trem emite até 27 vezes menos carbono do que a mesma viagem feita por ônibus. Esse desempenho reforça o papel do transporte ferroviário como solução essencial para a redução de emissões urbanas e a transição para cidades mais sustentáveis. 

Visão de futuro

A CPTM reafirma, com este relatório, seu compromisso em ser protagonista da transição para uma mobilidade urbana de baixo carbono. Além de mensurar suas emissões, a companhia integra a pauta ESG à sua estratégia de negócio e de investimento, fortalecendo a imagem institucional e ampliando oportunidades de acesso a mercados de carbono e linhas de financiamento verde.

Acesse o relatório em Link

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Príncipe William premia Bogotá por redução na poluição do ar

O príncipe William, futuro rei da Inglaterra, esteve no Rio de Janeiro para a cerimônia do The Earth Shot Prize, iniciativa criada por ele para reconhecer e apoiar soluções inovadoras que combatem as maiores ameaças ambientais do planeta. Pela primeira vez, o evento teve uma edição realizada na América Latina. 

Entre os vencedores, a cidade de Bogotá se destacou na categoria “Clean Our Air” (Limpe nosso ar), sendo reconhecida por seu modelo de desenvolvimento urbano sustentável e políticas de transporte público de baixa emissão. Um dos pilares dessa conquista é a frota de 1.486 ônibus elétricos em operação na capital colombiana, sendo 1.473 fabricados pela BYD – de acordo com dados do e-Bus Radar. 

Para enfrentar os desafios urbanos, Bogotá implementou um plano ambicioso de transformação, ampliando áreas verdes, restringindo o tráfego de veículos pesados e introduzindo transporte público mais limpo, incluindo a primeira linha de metrô. A cidade hoje possui corredores exclusivos de baixa emissão, integrando um investimento de US$19,9 bilhões em mobilidade sustentável. 

Desde 2018, a poluição do ar caiu cerca de 24%, com ganhos em saúde, mobilidade e qualidade de vida. Até 2028, a expectativa é evitar mais de 300 mil toneladas de CO₂ por ano, o equivalente a retirar 65 mil carros das ruas ou preservar uma floresta dez vezes maior que Manhattan. 

Com uma população de 7,9 milhões de habitantes, a conquista é resultado de políticas integradas, como zonas de ar limpo, recuperação de áreas degradadas e uma das maiores frotas de ônibus elétricos do mundo. Essas ações tornaram o trânsito mais fluido, as viagens mais curtas e a cidade mais sustentável e agradável para se viver. Até 2030, Bogotá prevê cortar em 50% suas emissões de gases de efeito estufa, alcançando a neutralidade de carbono até 2050. 

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“Brasil terá a maior frota de ônibus elétricos da América Latina até dezembro de 2026”, diz diretora-presidente da Eletra

Até dezembro de 2026, o Brasil vai ultrapassar Chile e México e ser o país com maior frota de ônibus elétricos da América Latina. A afirmação é da diretora-presidente da Eletra Industrial, Milena Braga Romano, em uma das atividades oficiais da COP-30.

Milena participou do Painel “Descarbonização nos Transportes”, nesta quinta-feira, 13 de novembro de 2025, organizado na Green Zone (área de livre acesso), em Belém, realizado pelo Sistema Transporte, da Confederação Nacional do Transporte (CNT), a Estação do Desenvolvimento, um espaço oficial da Cop-30 destinado a debater assuntos ligados aos transportes no contexto da sustentabilidade.

Para comprovar sua projeção, Milena relatou que a Eletra já tem 650 ônibus elétricos encomendados até abril de 2026, a maioria em São Paulo. Outras encomendas já estão em negociação. Com isso, segundo Milena, a Eletra reforça sua posição de liderança em ônibus elétricos no mercado brasileiro.

“Dos 1.158 ônibus elétricos que operam em todo o Brasil, 62% são 100% brasileiros, da Eletra. O Brasil será líder em ônibus elétricos na América Latina passando Chile e México até dezembro de 2026 e as encomendas para a Eletra serão o ponto chave para esta posição do Brasil”, destacou.

Milena ainda disse que dessa frota total atual, mais de 80% estão na cidade de São Paulo, que em outubro chegou a 1009 unidades. O milésimo ônibus é um Eletra, de 15 metros, três eixos, capacidade para 100 pessoas e que opera pela empresa Transpass, na zona oeste de São Paulo.

Milena elogiou a determinação e coragem do prefeito de São Paulo Ricardo Nunes, que segundo a empresária, assumiu a pauta ambiental. Milena disse que os maiores problemas relacionados à falta de infraestrutura de distribuição nas garagens foram solucionados.

“São Paulo é um exemplo para o mundo. O prefeito Ricardo Nunes teve coragem, enfrentou críticas, resistências, suportou as pressões, mas se manteve firme. Hoje a cidade é referência em transportes limpos e agora, com os principais problemas de infraestrutura superados, o ritmo de eletrificação na cidade de São Paulo vai se amplia”.

Milena, ainda no painel, destacou que o Brasil tem de tudo para ser um dos grandes exportadores de ônibus elétricos e conhecimento em eletrificação de frotas, mas que deve incentivar mais a indústria nacional para não perder a oportunidade que pode vir a se a acabar.

“O momento é agora. Na era do diesel, o Brasil foi um dos principais fornecedores de ônibus para o mundo. Com os elétricos, esta posição é ainda dos chineses. Mas temos indústria local, flexibilidade que nenhum outro produto tem de se adaptar a diferentes operações e conhecimento. O mundo já nos procura. Não vamos, enquanto país, perder esta chance”, disse a empresária, que ainda citou o exemplo da Eletra Consult, serviço da Eletra de consultoria a empresários de transportes e gestores públicos para implantação, operação e pós-venda de frotas eletrificadas, que orienta desde a preparação das obras civis na garagens e escolhas de linhas de financiamentos até manutenção de veículos e equipamentos e o treinamento de funcionários das operadoras de transportes.

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Ônibus são responsáveis por apenas 11,43% das emissões de CO² no transporte rodoviário

O Inventário CNT de Emissões de Gases do Efeito Estufa do Setor de Transporte, realizado pela Ambipar, detalha o volume total de emissões de GEE por modal – rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário. Segundo o levantamento, o modo rodoviário é o maior responsável pelas emissões (92,89%), devido à sua predominância na matriz de transporte nacional, sendo responsável por 65% da movimentação de cargas e por mais de 90% da movimentação de passageiros.

O modo aeroviário aparece em segundo lugar, com 4,89% das emissões totais, considerando os voos domésticos do setor. Na sequência, o ferroviário contribui com 1,80% (ferrovias de cargas, trens urbanos e VLT), enquanto o aquaviário, que inclui a cabotagem marítima e fluvial, representa apenas 0,41%, sendo apontado pelo estudo como “a alternativa de menor impacto ambiental do setor.”

No transporte rodoviário, os caminhões emitem 36,63% dos poluentes. Em seguida, aparecem os automóveis (32,65%), os comerciais leves (15,94%) e as motocicletas (3,35%). Já os ônibus foram responsáveis por apenas11,43% do CO² emitido. O levantamento destaca ainda o importante papel estratégico do transporte coletivo por sua eficiência energética e menor emissão por passageiro, como uma das principais soluções para a descarbonização e o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis.

Outro ponto levantado é que o transporte de cargas, sobretudo os caminhões pesados a diesel (34,2 milhões de tCO₂e) e os caminhões semipesados a diesel (20,1 milhões de tCO₂e), concentram parcela expressiva das emissões.

Os resultados do inventário mostram que a configuração do transporte rodoviário brasileiro, sustentado por combustíveis fósseis, permanece como um dos principais desafios para a transição energética do setor. Ao mesmo tempo, apontam para a relevância crescente dos biocombustíveis e das tecnologias de eletrificação como caminhos viáveis para a redução das emissões futuras.

Por segmento –

O inventário mostra que os ônibus urbanos a diesel concentram a maior parte das emissões de 15,6 milhões de tCO2 e, tanto de CO₂ quanto de CH₄ e N₂O, refletindo sua ampla frota circulante e o intenso uso diário no transporte coletivo das cidades. Na sequência, aparecem os micro-ônibus a diesel (2,8 milhões de tCO2 e), que, embora em menor escala, também contribuem de forma relevante para o total de emissões, principalmente pelo uso urbano e intermunicipal em rotas de média distância.

Já os ônibus rodoviários a diesel apresentam valores mais baixos de emissões em comparação com os urbanos, representados por 1,8 milhão de tCO2 e, o que pode estar associado ao perfil de operação, por exemplo, rotas mais longas e menos frequentes em relação ao transporte coletivo urbano e ao seu menor número de unidades.

Os ônibus eletrificados surgem como alternativa promissora pela não utilização de combustível e pela possibilidade de mitigar emissões, levando em consideração a vantagem da matriz energética brasileira, com expressiva participação de energias renováveis.

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NTU participa da COP30 e reforça o papel do transporte público na transição climática

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) participa da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontece de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA). Representando a entidade, o diretor de Gestão, Marcos Bicalho, integra dois importantes painéis da programação oficial.

No dia 14 de novembro, Bicalho participa do painel “Gestão Pública, Governança e Parcerias para o Alcance das Metas Climáticas na Mobilidade Urbana” na Estação do Desenvolvimento – Transporte, Infraestrutura e Sustentabilidade. O encontro discutirá o desafio de alinhar políticas públicas, capacidade técnica e planejamento de longo prazo para consolidar uma mobilidade verde e equitativa no Brasil.

Já no dia 15, o dirigente estará em um debate na ala de governo do Cities & Regions Hub, que reunirá autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil para tratar da cooperação entre governos, empresas e comunidades locais na implementação de políticas que transformem compromissos climáticos em resultados concretos nos territórios.

A NTU defende que apesar da pouca participação do setor nas emissões nacionais de gases do efeito estufa (GEE), o transporte público coletivo tem um papel importante para o alcance das metas climáticas e deve ser priorizado nas políticas públicas de transição energética. Embora o setor de energia (onde o transporte está incluído) represente cerca de 18% das emissões brasileiras, os ônibus a diesel — incluindo rodoviários e de fretamento — respondem por menos de 1% das emissões nacionais totais. A entidade destaca, ainda, que o transporte coletivo emite, em média, oito vezes menos poluentes por passageiro transportado do que o automóvel individual, reforçando seu papel essencial na construção de cidades mais limpas, inclusivas e sustentáveis.
 

“A verdadeira transformação climática nas cidades não virá apenas da troca de combustíveis, mas da substituição do transporte individual pelo coletivo”, reforça Bicalho. Nos últimos anos, a NTU tem defendido políticas integradas de mobilidade e clima, com foco na modernização da frota e novos modelos de financiamento que garantam a sustentabilidade econômica e ambiental dos sistemas de transporte.

A entidade também tem acompanhado e apoiado o avanço de novas tecnologias, como os motores a diesel padrão Euro 6 de baixa emissão, os ônibus elétricos e movidos a biometano. Todos eles representam caminhos promissores para a redução das emissões e o fortalecimento da cadeia produtiva nacional.

Com a participação na COP 30, a NTU reforça o compromisso do setor com a transição energética, a redução das desigualdades urbanas e o cumprimento das metas climáticas globais, defendendo o transporte coletivo como um pilar essencial para o futuro sustentável das cidades brasileiras.

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Marcopolo apresenta inédito protótipo de ônibus urbano híbrido etanol na COP30

A Marcopolo apresenta um protótipo inédito de ônibus urbano híbrido elétrico/etanol na Casa C.A.S.E., espaço criado para evidenciar e conectar soluções concretas que já estão transformando o Brasil e o mundo durante a COP30. A C.A.S.E. é uma iniciativa articulada por Bradesco, Itaúsa, Itaú, Natura, Nestlé e Vale.

O protótipo híbrido etanol urbano apresentado na COP30 é uma prova de conceito (POC) que combina propulsão elétrica e biocombustível, ampliando a autonomia e elimina a necessidade de infraestrutura de recarga, pois o abastecimento é feito somente com etanol. A solução Híbrida Etanol é Carbono Net Zero, ou seja, o CO₂ emitido pelo veículo é neutralizado pelo resgate de CO₂ no plantio da cana-de-açúcar ou outras fontes de etanol, como milho, sorgo ou trigo. O foco principal é demonstrar a viabilidade da tecnologia híbrida com etanol como solução viável para todos os municípios brasileiros e de implementação quase imediata.

Um único ônibus pode transportar dezenas de passageiros emitindo até oito vezes menos CO₂ por pessoa do que o transporte individual motorizado, segundo estudo completo da Coalizão dos Transportes, liderada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado em Belém.

Valorizar o transporte público é um dos caminhos mais eficientes para se alcançar as metas de redução de emissões e reorganizar a mobilidade urbana. “Mobilidade sustentável é mais do que tecnologia. Envolve qualidade de vida, eficiência dos sistemas de transporte e inclusão social. É uma jornada coletiva que exige colaboração entre governos, empresas e sociedade”, destaca André Armaganijan, CEO da Marcopolo.

O executivo acrescenta que o país ainda precisa avançar em dois aspectos. O primeiro é desenvolver tecnologias e soluções que viabilizem a transição energética e a descarbonização do transporte. O segundo é conscientizar a sociedade sobre a importância de priorizar o transporte coletivo, já que em grandes centros urbanos as emissões do transporte individual motorizado são quase oito vezes maiores do que as do transporte coletivo.

O protótipo híbrido etanol urbano apresentado na COP30 vem na sequência e segue o mesmo princípio do projeto do micro-ônibus Volare Attack 9 híbrido apresentado no ano passado e exposto recentemente na Busworld, na Bélgica, maior evento mundial da indústria do ônibus.

Volare Fly 10 GV movido a biometano e gás natural

Além do protótipo híbrido etanol urbano, a Marcopolo apresentou, no Espaço Sustentabilidade Brasil — iniciativa do Instituto Sustentabilidade Brasil (ISB) —, e durante o evento “O Papel do Gás Natural e do Biometano na Transição Energética”, organizado pelo Consórcio Brasil Verde, o micro-ônibus Fly 10 GV, movido a biometano e gás natural, que reduz até 84% das emissões de gases de efeito estufa.

O desenvolvimento do Volare envolveu quatro anos de trabalho e destaca investimentos que a marca vem fazendo no desenvolvimento contínuo de novas tecnologias. Por meio de parcerias estratégicas, foram concebidos uma plataforma e um powertrain com características que contribuem para o transporte sustentável e eficiente. O modelo possui três cilindros de combustível capazes de armazenar 360 litros, o que representa autonomia de até 450 quilômetros dependendo da aplicação. O Volare movido a GNV e biometano conta com sistemas eletrônicos como controle de tração e estabilidade e bloqueio do veículo com porta aberta.

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Novos ônibus elétricos do Distrito Federal devem chegar em março de 2026

Para o próximo ano, a previsão é de que o sistema do transporte coletivo do Distrito Federal passe a contar com 90 ônibus elétricos em operação. Os veículos estão sendo fabricados pela empresa chinesa CRRC (China Railway Rolling Stock Corporation). As negociações, conduzidas pela empresa Piracicabana, já foram finalizadas, e a montagem dos ônibus ocorre na cidade de Qingdao.

Um dos ônibus dessa nova frota já está em fase de testes e sua chegada a Brasília está prevista para o final de janeiro de 2026. As demais unidades começarão a desembarcar no Brasil a partir de março de 2026.

Segundo a secretaria de transporte e mobilidade do DF, cada ônibus elétrico representa um custo médio de R$ 3,4 milhões, valor cerca de cinco vezes superior ao de um ônibus convencional e aproximadamente três vezes o custo de um veículo com tecnologia Euro 6. Além disso, para instalar 12 carregadores em uma garagem, os custos podem girar em torno de R$ 20 milhões. A empresa Piracicabana iniciará em breve a construção da estrutura de garagem e abastecimento próximo ao terminal da Asa Sul (TAS).

Com a chegada da nova frota, a previsão é que cerca de 60 mil passageiros sejam atendidos diariamente nas linhas que ligam a rodoviária do Plano Piloto ao terminal da Asa Sul, além da Esplanada dos Ministérios, Setor de Autarquias e Tribunais, UnB, Noroeste, W3 e L2 Sul e Norte, e o aeroporto. Atualmente, o DF já conta com seis veículos elétricos que circulam pelas linhas 109.3 e 109.4, transportando mais de 100 mil passageiros por mês e contribuindo para a redução de 3,2 mil toneladas de CO² na atmosfera, de acordo com a secretaria.

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