TECHNIBUS – Quais serão as prioridades de sua administração em termos de mobilidade?
EDUARDO PIMENTEL – Curitiba já oferece o melhor e mais integrado transporte público do Brasil. Nosso BRT (Bus Rapid Transit), que celebramos 50 anos este ano, é reconhecido internacionalmente por conta das canaletas exclusivas, ônibus biarticulados e estações-tubo. Foi aqui que esta inovação nasceu e, agora, os desafios dos próximos 50 anos exigem a integração de outros modais e entre a região metropolitana. Como o novo prefeito da capital, responsável pela próxima concessão do transporte público de Curitiba, que será licitada no segundo semestre de 2025, vou criar todas as condições para tornar o serviço ainda mais sustentável economicamente e ecologicamente. Em minha gestão, a cidade vai dar um salto na qualidade do seu transporte coletivo, com avanço no processo de descarbonização, iniciada com a compra dos primeiros ônibus elétricos em 2024; a construção de miniterminais, que ajudarão a reduzir custos operacionais e racionalizar as linhas; e a conclusão de grandes obras de aumento da velocidade e da capacidade da Rede Integrada de Transporte (RIT), como as do Inter 2 e BRT Leste-Oeste em andamento. Tudo para que o cidadão de Curitiba e região metropolitana seja estimulado a trocar o carro pelo ônibus coletivo, o que também irá permitir à prefeitura inclusive baixar a tarifa, sem comprometer o caixa do município. A ampliação e modernização do transporte público, para estimular o cidadão a trocar o carro por ônibus coletivo elétrico, irá avançar simultaneamente a um ambicioso plano de investimento em mais ciclovias e calçadas acessíveis, para estimular a mobilidade ativa. São prioridades no meu governo quando o assunto é mobilidade verde. Além disso, minha gestão vai fortalecer e tornar mais “verdes” os serviços de transporte particular, principalmente, com a ampliação dos benefícios para a aquisição de táxis elétricos.
TECHNIBUS – O BNDES liberou, em novembro R$ 380 milhões, para a aquisição de 54 ônibus elétricos para Curitiba. Quais serão as metas para a frota elétrica de Curitiba? O senhor pretende ampliar ainda mais o número de elétricos?
EDUARDO PIMENTEL – Com o anúncio do BNDES de R$ 380 milhões para a aquisição de 54 ônibus elétricos para a Linha Inter 2, estamos avançando para um transporte cada vez mais sustentável e eficiente. Reitero que, como forma de contribuir para a redução da emissão de poluentes, minha gestão aposta na nova concessão para dar continuidade na substituição, ao longo dos anos, dos ônibus a diesel que operam as linhas expressas e diretas, e ainda as que operam na zona central de tráfego, por ônibus elétricos. Em 2024, sete ônibus elétricos já estão operando e os próximos 54 veículos com zero emissão de poluentes passarão a circular em Curitiba em 2025 no Inter 2. A nova concessão, vale ressaltar, será a primeira do país elaborada de forma estruturada, já na sua origem, para reduzir a emissão de gases do efeito estufa com mudança na matriz energética do transporte coletivo para elétrica. A meta é que 33% da frota de ônibus de Curitiba seja formada por veículos zero emissões até 2030, percentual que alcançará 100% em 2050.
Atualmente, nossa frota é composta por 1,1 mil ônibus públicos, que é responsável pelo transporte de 15 milhões de passageiros por mês, que em sua maioria usa o serviço sem ter que pagar uma nova passagem graças à Rede Integrada de Transporte. Como parte da preparação para a nova concessão, Curitiba vem promovendo desde 2023 testes com ônibus elétricos no transporte coletivo. Já foram avaliados ônibus elétricos das marcas como Eletra, Marcopolo, BYD, Ankai e Volvo. Também vamos testar modelos da marca Volkswagen. Esses testes e a performance dos primeiros veículos incorporados à frota também servirão de base para a elaboração do novo edital de concessão do transporte público de Curitiba.
TECHNIBUS – Além da eletrificação, a sua administração pretende incentivar o uso de outras tecnologias que contribuam para a descarbonização do transporte coletivo?
EDUARDO PIMENTEL – Curitiba tem uma longa tradição de pioneirismo no uso de novas tecnologias que contribuam para a descarbonização do transporte coletivo. A prefeitura da capital, através da URBS, já avaliou veículos B100 – 100% óleo de soja e, atualmente, temos em nossa frota ônibus híbridos (baterias e diesel) em parceria com a Volvo. Também foram testados os sistemas híbrido elétrico plug-in Volvo e ainda ônibus 100% movido a gás natural, GNV, em uma parceira da prefeitura de Curitiba com a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) e a fabricante Scania. A avaliação do custo por km rodado, emissões de CO², consumo e disponibilidade operacional demonstrou que, para aquisição em larga escala, o modelo elétrico oferece a melhor solução disponível para um transporte público sustentável do ponto de vista ambiental, social e econômico, pois hoje já foram superados desafios como tempo de abastecimento e autonomia. Mas mesmo investindo hoje em ônibus elétricos, Curitiba continuará a avaliar a eficiência de tecnologias que promovam a redução nas emissões de poluentes no transporte público. Prova disso é que, simultaneamente a todos estes projetos de mobilidade sustentável, já iniciamos os estudos para implantar um inédito sistema de transporte sustentável e complementar ao nosso reconhecido BRT: o VLT Metropolitano. Ainda como vice-prefeito de Curitiba, em janeiro de 2024, assinei com o BNDES um convênio para que a instituição faça um estudo para a construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) entre Curitiba e o aeroporto de São José dos Pinhais. Movido a energia elétrica, o que reduz a emissão de gases do efeito estufa e a poluição sonora, e operando sobre trilhos em vias exclusivas, o VLT Metropolitano substituiria os ônibus BRT do Eixo Boqueirão, expandindo a linha até o Aeroporto Afonso Pena, passando pelo Terminal Central de São José dos Pinhais. A sólida parceira com o governo do Paraná, que permitiu a partir de 2017 a reintegração do transporte público de Curitiba e região metropolitana, beneficiando 3,2 milhões de passageiros por mês, irá avançar ainda mais nesta nova parceria com o governador Ratinho Júnior com a implantação do VLT Metropolitano.
TECHNIBUS – Em termos de infraestrutura da mobilidade, o senhor pretende dar continuidade às obras iniciadas pelo seu antecessor? Há outras obras previstas?
EDUARDO PIMENTEL – Grandes obras de mobilidade urbana que vão incentivar o cidadão a trocar o carro por um transporte público mais eficiente e sustentável; que valorizam os chamados modais “verdes”, com mais ciclovias e calçadas acessíveis; que desatam nós do trânsito e que avançam na integração com a região metropolitana serão executadas nos próximos quatro anos de minha gestão como prefeito de Curitiba. Pretendo concluir dois projetos de mobilidade urbana vitais para que mais pessoas usem o transporte público da capital: os novos Inter 2 e BRT Leste-Oeste, que integram o Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba e avançarão a transição do transporte público atual a diesel para a era da eletromobilidade.
EDUARDO PIMENTEL – Os Novos Inter 2 e BRT Leste-Oeste reforçam a importância da redução de emissões de gases do efeito estufa provenientes dos combustíveis fósseis e estão alinhados ao Plano de Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas de Curitiba (PlanClima). As obras buscam responder ao desafio de fazer com que cada vez mais cidadãos troquem o carro por um ônibus coletivo moderno e sustentável, preservando o meio ambiente e melhorando a qualidade do trânsito. Para o Novo Inter 2, estão sendo investidos US$ 106,7 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e US$ 26,7 milhões em recursos do município. Já para o BRT no corredor Leste-Oeste, estão sendo aplicados US$ 75 milhões do New Development Bank (NDB) e US$ 18,7 milhões da prefeitura. Também vou continuar a investir em mobilidade ativa, privilegiando o cidadão. O programa Caminhar Melhor, que já implantou ou recuperou calçadas com acessibilidade, terá mais 200 km. É um programa que valoriza o espaço público, com a melhoria da paisagem urbana e da segurança nos deslocamentos. Hoje, 22% da população anda a pé e queremos que mais curitibanos adotem esse estilo de vida. Ainda vou implementar uma nova fase do Plano Cicloviário, para que mais curitibanos adotem as bicicletas como meio de deslocamento – tanto bikes próprias como as disponíveis em parceria com a empresa Tembici. Nos próximos quatro anos, vamos implantar mais 200 km de estruturas cicloviárias inéditas, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, ultrapassando os 500 km de ciclovias até o fim de 2028. Obras que melhoram o ir e vir nos bairros, tanto usando o transporte coletivo como o individual, também serão prioridades de minha gestão quando o assunto é mobilidade. Entre as mais de 30 grandes obras de mobilidade para desatar nós do trânsito previstas, destaco que vou construir as trincheiras entre a Rua Antônio de Cristo e Estrada da Graciosa, no bairro Atuba, e sob a Avenida Prefeito Lothário Meissner, no Jardim Botânico; o novo viaduto na rua Eduardo Pinto da Rocha, no bairro Alto Boqueirão; o trinário da Avenida Marechal Floriano Peixoto, passando pelos bairros Hauer, Prado Velho e Parolin; e o binário do Orleans, com a manutenção do viaduto existente e a construção, pelo Governo do Estado, de outro viaduto em paralelo.
TECHNIBUS – Quais serão as suas estratégias para incentivar a população a utilizar mais o transporte público?
EDUARDO PIMENTEL – Como já ressaltei, Curitiba já oferece o melhor e mais integrado transporte público do Brasil. Agora, alinhado ao compromisso de tornar Curitiba cada vez mais inclusiva, vou criar novos benefícios para quem mais precisa usar o transporte público e para atrair usuários em dias de baixa demanda. Em janeiro vou lançar a tarifa zero para quem mais precisa (anunciada para fevereiro), os desempregados, e “Domingão Paga Meia”, com 50% de descontos nos domingos e feriados. Além disso, como já expliquei, a nova concessão do transporte público de Curitiba, em 2025, será uma grande oportunidade para que a prefeitura crie as condições de redução da tarifa de ônibus e tornar o serviço mais sustentável ecologicamente. Para tornar a passagem mais justa, é preciso atrair mais usuários para o sistema. Por isso, vamos dar um salto na qualidade do transporte coletivo, com avanço no processo de descarbonização, iniciada com a compra dos primeiros ônibus elétricos em 2024; a construção de miniterminais, que ajudarão a reduzir custos operacionais e racionalizar as linhas; e a conclusão de grandes obras de aumento da velocidade e da capacidade da Rede Integrada de Transporte (RIT), como as do Inter 2 e BRT Leste-Oeste em andamento, que também receberão ônibus elétricos, todos climatizados. Tudo para que o cidadão de Curitiba e região metropolitana seja estimulado a trocar o carro pelo ônibus coletivo, o que vai permitir a prefeitura baixar a tarifa, sem comprometer o caixa do município.
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