Por Márcia Pinna Raspanti
Technibus – Como foi o ano de 2023 para o Consórcio Iveco? Houve crescimento em relação ao ano anterior?
Mauro Andrade – Em 2023, o Consórcio Iveco atingiu a marca de R$ 800 milhões em créditos comercializados, o que representa um crescimento de 29% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Todo o mercado (bancos, administradoras, fabricantes) tem feito um trabalho muito forte para mostrar para o brasileiro entender melhor o que é e como funciona o sistema de consórcio. Os números positivo do setor também contribuíram para o bom momento no segmento de caminhões. Mais de 50 mil consorciados contemplados até novembro, exclusivos de caminhões, correspondem a um potencial de compra de 34,8% do mercado interno, que somou 143,66 mil unidades vendidas, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Technibus – Que fatores levaram ao crescimento do Consórcio Iveco no ano passado?
Mauro Andrade – No caso dos veículos pesados, houve uma grande necessidade de disponibilização de crédito, e os bancos têm sido bastante rigorosos nesse aspecto. Como o consórcio é bem mais versátil na análise de créditos, muitos clientes optam por esse produto. De acordo com a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), o segmento de veículos pesados totalizou mais de R$ 43,58 bilhões em créditos comercializados até novembro do ano passado, registrando um crescimento 11,3% em relação a 2022.
Um segmento que se destacou foi o de transporte de passageiros. A Iveco Bus é muito forte na Europa e está cada vez mais atuante no Brasil. Os operadores de ônibus têm buscado muito o consórcio, e nós do Consórcio Iveco tivemos muitas negociações no transporte de passageiros. Geralmente são negociações maiores. E a tendência é de que os negócios nesse segmento de ônibus aumentem. A estrutura de atendimento e comercialização da Iveco Bus devem mudar para uma estratégia mais agressiva de vendas.
Technibus – Quais as expectativas para 2024? O ritmo do mercado de consórcios deve se manter?
Mauro Andrade – A expectativa é de um crescimento de cerca de 30%. O custo do dinheiro ainda está muito alto. Por mais que o governo esteja tentando forçar que o crédito seja mais acessível, isso não acontece do dia para a noite. Nesse contexto, o consórcio acaba sendo uma opção importante, principalmente em um curto prazo. Por outro lado, quando há muito crédito e as empresas têm muito fluxo de caixa, o consórcio se torna um bom investimento de médio e longo prazo. Por tudo isso, o consórcio, em geral, está em ascensão contínua. O Consórcio Iveco não registrou queda nos últimos dez anos: houve períodos de expansão mais acelerada e outros menos, mas sempre com crescimento.
Technibus – Quais os fatores que devem influenciar os resultados do Consórcio Iveco no ano que se inicia?
Mauro Andrade – Temos ainda uma demanda represada em virtude da pandemia. O e-commerce, por exemplo, explodiu. Havia necessidade de caminhões e de crédito, e isso acabou aquecendo o setor de consórcios. E deve continuar assim. A descarbonização do transporte também se tornou um fator importante. A Iveco está trabalhando para oferecer o caminhão a gás por meio do consórcio ainda no primeiro semestre de 2024. E os modelos elétricos também devem ser incorporados futuramente. Estaremos sempre acompanhando o mercado. O governo tem uma pressão muito forte pela eletrificação, principalmente no setor de transporte coletivo. Acredito que hoje ainda não é viável, mas vai acontecer, sem dúvida. No transporte de carga, acredito muito no biometano. E há o hidrogênio que deve, inclusive, superar os elétricos.
E como fator positivo para o mercado de consórcio cito novamente o aumento de demanda no segmento de ônibus que deve ser mais forte ainda no próximo ano, principalmente no segmento urbano. Há uma demanda reprimida de crédito nesse mercado que deve persisitir.
Technibus – Qual o perfil dos clientes do Consórcio Iveco?
Mauro Andrade – Mais de 80% do nosso público é formado por pessoas jurídicas. Temos grandes frotistas, que conseguem custos mais baixos que em qualquer tipo de financiamento. Esse tipo de cliente já vem com uma proposta estruturada para um grande número de cotas. São empresas que baseiam suas aquisições em tendências de mercado e estatísticas. Mas temos clientes menores também, de diferentes portes. No caso dos operadores de transporte público, que têm nos procurado bastante, também predominam as grandes negociações.