Technibus – Quais os produtos que a empresa oferece para as frotas de ônibus?
Claudio Vilar- A Ituran disponibiliza soluções de telemetria veicular e soluções de monitoramento da forma de condução. A telemetria, hoje, está presente em toda o processo de mobilidade para redução de custos das frotas, gestão das operações e acompanhamento do comportamento do motorista. Foi-se o tempo em que pátio vazio era sinônimo de boa gestão. O fato de o ônibus estar circulando não significa que ele não está ocioso ou que está sendo usado da melhor forma. Por exemplo, um ônibus parado por dez minutos, com o motor ligado sem necessidade, é um prejuízo. Imagine em uma frota com mil ônibus, como esse tipo de ocorrência impacta os custos. A Ituran tem grande expertise na elaboração de relatórios customizados para as empresas, de acordo com as características de suas operações.
É necessário também verificar a forma de condução do veículo, se há solavancos, excesso de velocidade, curvas feitas de forma agressiva. Tudo isso impacta o conforto e a segurança dos passageiros. O sistema já faz o ranking dos motoristas, o que permite a bonificação daqueles que têm melhor desempenho.
Technibus – Quais as principais tendências em telemetria e gestão de frotas, para o setor de ônibus? E em termos de segurança?
Claudio Vilar – Acredito que uma grande tendência é a preparação do motorista. Em 2021, vamos ministrar treinamentos para os motoristas. Apesar de muitas empresas abordarem esse tema, sabemos que não é realidade em boa parte delas. Não adiante ter a tecnologia mais avançada do mercado, se o motorista não tem a formação adequada. Simplesmente não funciona. É uma questão estratégica aliar o treinamento do motorista a uma solução adequada à operação. Assim, os resultados aparecem rapidamente. Desde o ano passado, já estávamos trabalhando nesse conceito e, agora, vamos colocar em prática no primeiro semestre de 2021. Sem uma condução adequada, não há como cortar gastos com combustível ou pneus, e não é possível garantir uma viagem segura aos passageiros.
Entre os desafios que o gestor de frota enfrenta, o principal é conjugar a melhoria da produtividade, com a redução dos custos da operação, e ainda garantir uma viagem confortável e segura aos usuários de ônibus. Duas coisas atrapalham a tecnologia: o condutor sem treinamento e o gestor que não monitora realmente as operações, não faz o uso correto das soluções tecnológicas. É importante integrar todos os pontos.
Technibus – A pandemia afetou o mercado? De que forma?
Claudio Vilar – Em 2020, tivemos um ótimo resultado, com crescimento de 20% acima do registrado no ano anterior. Apesar do primeiro impacto da pandemia, observamos uma retomada muito forte a partir de abril. O setor de locação de veículos leves e pesados foi um destaque. A locação de frota pesada, por sinal, tem se mostrado uma tendência de mercado. Janeiro e fevereiro deste ano ficaram acima das expectativas. A Ituran é uma empresa bastante flexível e ágil, com condições comerciais agressivas. Tivemos uma mudança de abordagem em relação aos clientes, mostrando que fornecemos soluções para redução de custos, o que foi importante em um ano como 2020.
Technibus – Quais as inovações que surgiram nos últimos dois anos?
Claudio Vilar – O mercado buscava soluções para identificar os sinais de fadiga dos motoristas. A Ituran não tinha esse tipo de produto. Com base nessa demanda das empresas, desenvolvemos o sensor de fadiga, um recurso que identifica indícios de sonolência, como bocejos e cochilos, e também distrações, como o uso de celular.
No ano passado, lançamos o ADAS (Advanced driver-assistance systems), um sistema composto por sensores que ficam nos pontos cegos dos motoristas, avisando quando há perigo de colisão com veículos, pedestres ou ciclistas. Essa solução é especialmente voltada para o segmento de pesados. O sistema reduz os gastos com manutenção e acidentes. No caso da Ituran, o setor de ônibus é o foco, já que o transporte de carga não é nosso público-alvo. Temos clientes importantes no transporte por ônibus, como a parceria com a Orion Transportes em que fornecemos tecnologia embarcada para as operações de fretamento.
Já as empresas que fornecem tecnologias para caminhões se especializaram nesse segmento, e não é o nosso caso.