Technibus – Quais equipamentos e peças a marca desenvolve para o segmento de ônibus, no Brasil?
Silvio Furtado – Possuímos uma ampla gama de produtos e tecnologias ZF produzidas no Brasil e voltadas para o segmento de ônibus: transmissões, embreagens, componentes de chassi e direção. Na Argentina, produzimos sistemas de amortecedores.
É importante notar que fornecemos no mercado brasileiro também componentes e tecnologias produzidos em outras plantas da ZF fora do país. Entre eles, podemos dar destaque para a transmissão automática EcoLife, fabricada em Friedrichshafen, Alemanha, que aumenta a segurança do transporte de passageiros, diminuindo o consumo de combustível e proporcionando maior produtividade nas operações.
Em conjunto com o seu software exclusivo, a transmissão automática ZF EcoLife trabalha com uma distribuição de marchas de seis velocidades que leva a um regime de torque mais econômico para o motor. Com a tecnologia, a economia de combustível é considerável, com ganho ambiental relacionado tanto à redução do uso de combustível como menor nível de emissões. A troca automática e inteligente de marchas da EcoLife permite ainda ganhos em conforto.
A EcoLife também conta com o sistema retardador primário mais eficiente em velocidades baixas, característica do transporte urbano, e por isso entrega uma redução sensível no desgaste dos freios, gerando consequentemente mais economia em peças e manutenção. No Brasil, a EcoLife equipa diferentes modelos de ônibus de diversas marcas, que estão em operação em 30 cidades.
Technibus – Quais as maiores tendências em termos de segurança para o segmento?
Silvio Furtado – Assim como observamos acontecendo com carros de passeio, as tendências com o segmento de ônibus vão na linha de maior eficiência, conforto, eletrificação e sistemas de assistência ao motorista. Essas tecnologias de assistência estão relacionadas à segurança do veículo e de seus ocupantes, bem como de motoristas e pedestres.
A ZF sabe dessas tendências e, como parte de sua estratégia voltada para veículos comerciais, adquiriu a Wabco em 2020. Com isso, o portfólio do grupo compreende o melhor da tecnologia de sistemas de freios, assistência de manutenção de faixa e controle de estabilidade, além de outros componentes eletrônicos para ônibus.
Technibus – Quais as novidades? Há lançamentos previstos no segmento de ônibus?
Silvio Furtado – Como comentado anteriormente, a ZF complementou recentemente o seu portfólio para veículos comerciais com a aquisição da Wabco, em meados do ano passado. O processo de integração já foi iniciado, e o mercado pode esperar por novidades como resultado da combinação dessas duas empresas.
Technibus – Quais as perspectivas da ZF para esse mercado?
Silvio Furtado – Com relação à evolução do mercado, sabemos que o segmento de ônibus foi amplamente atingido em 2020, assim como ocorreu com os demais. Apesar das dificuldades com a pandemia, as perspectivas para 2021 apontam para um ano mais otimista com as ações de imunização e consequente retomada de deslocamentos, o que em especial deve impactar positivamente no ramo rodoviário.
Em termos de tendências gerais, além das citadas anteriormente, estamos prevendo que especificamente para o setor de ônibus urbanos, a eletrificação pode ser tornar uma grande necessidade em curto prazo, especialmente nos grandes centros. Inclusive, a eletrificação já pode ser notada com bastante força mesmo no mercado sul-americano, com alguns exemplos interessantes em países como Colômbia e até mesmo no Brasil, em que observamos movimentações das montadoras com lançamentos.
A ZF desenvolve soluções voltadas para a eletrificação, e podemos destacar aqui a CeTrax, sistema de tração central elétrico que iniciou sua produção em série no segundo semestre de 2020 na Alemanha, e o eixo portal elétrico AxTrax AVE para ônibus urbanos de piso baixo. Ambas tecnologias foram premiadas internacionalmente em categorias de inovação e proteção ambiental.