Technibus – Qual a estimativa da Scania para o mercado de ônibus, após o forte impacto da Covid-19 no segmento de urbanos e rodoviários, com a queda no número de passageiros e a paralisação do turismo?
Fábio D’Angelo – A nossa expectativa era positiva para o ano de 2020. Além de ter uma linha de produtos reconhecida pela rentabilidade e economia de combustível, temos um trabalho intenso das nossas equipes comerciais e de serviços, e da rede de concessionárias. Infelizmente, a pandemia afetou drasticamente as operações de nossos clientes e trouxe duras consequências para toda a indústria. Atualmente, nossa perspectiva é de que o mercado tenha uma retração de 40% a 50% ao término deste ano.
Technibus – O início da comercialização dos ônibus movidos a GNV e biometano para o segundo semestre deste ano está mantido?
Fábio D’Angelo – Quando a Scania assumiu o papel de ser líder na transição para um sistema de transporte sustentável, intrinsecamente convocou suas equipes ao redor do mundo para fazer de tudo para tirar do papel esta jornada. Nossos esforços não pararam nem um minuto para oferecer ao mercado opções ao diesel.
Entretanto, o processo de homologação não depende apenas da Scania. De qualquer modo, por enquanto, mantemos nossos planos para resolver todas as questões para comercializar o produto em 2020.
Technibus – O que a Scania espera para o mercado de ônibus rodoviários?
Fábio D’Angelo – O setor continuará em busca de soluções que aumentem a eficiência e reduzam os custos operacionais da frota. Diante do cenário imposto pela pandemia, eficiência e baixo custo operacional são questões vitais para qualquer empresa. Sem dúvida, é um caminho sem volta. Observamos um lento, mas gradual retorno das operações dos nossos clientes ao longo dos últimos meses, e esperamos que até o fim do ano a nova realidade operacional esteja estabelecida e as empresas tenham condições de retomarem seus planos de investimentos com vistas a 2021.
Technibus – E para o setor de fretamento? E os modelos com motor traseiro?
Fábio D’Angelo – Durante a pandemia, o único segmento de ônibus que permaneceu ativo e foi afetado em menor escala foi o de fretamento contínuo. Questões como aumento do distanciamento dentro do ônibus acabaram sustentando a demanda para este segmento. Segundo podemos verificar no mercado, este segmento teve grande representatividade na produção de toda a cadeia, porém, pressionado por custos, houve uma migração para motorização dianteira, veículos de menor valor agregado.
Technibus – Qual a projeção para o mercado de urbanos?
Fábio D’Angelo – Os operadores do setor urbano continuam em atividade por todo o país, apesar de algumas cidades reduzirem drasticamente os coletivos. O equilíbrio econômico das operações neste setor segue sendo um grande desafio para as empresas e autoridades. Recentemente entregamos um lote de chassis articulados para empresa Express Transportes, operador na cidade de São Paulo. Estas unidades estão em processo de encarroçamento e devem entrar em operação no último trimestre deste ano. Apesar deste fornecimento, vemos poucas chances de fazer novos negócios neste segmento no curto prazo.
Technibus – Como ficaram as encomendas dos clientes?
Fábio D’Angelo – O empresário de ônibus é muito atento aos rumos da economia. A paralisação das cidades para aderir à quarentena já traçou um sinal de como seria o impacto no dia a dia do transporte urbano e do rodoviário.
Inevitavelmente, a pandemia afetou muito o nível de negócios ao longo do ano, porém nossas equipes de vendas e serviços, então, estiveram ao lado dos clientes desde o início para manter as encomendas e os serviços contratados, especialmente de programas de manutenção, que aumentam a rentabilidade e disponibilidade da frota.
Technibus – Os pedidos foram mantidos?
Fábio D’Angelo – Fizemos todos os esforços para manter as encomendas
que estavam em nossa carteira. Analisamos individualmente cada pedido
e cada cliente.
Technibus – Após retomar as atividades dia 27 de abril, como está a
produção de ônibus na Scania?
Fábio D’Angelo – Só voltamos depois de termos comprovado que
teríamos todas as condições de garantir a proteção dos colaboradores da
linha de produção. Os times administrativos começaram a retornar
gradativamente a partir de 17 de agosto. Atualmente, nosso sistema
industrial está pronto para produção de ônibus conforme demanda de
mercado.