Os governos federal e de Pernambuco fecharam, nesta terça-feira (16), um acordo de cooperação técnica para a transferência da gestão do Metrô do Recife ao Estado, que deve acontecer ainda este mês, com posterior concessão da operação à iniciativa privada. O acordo prevê o repasse de R$ 4 bilhões da União para a operação nos cinco primeiros anos após a assinatura do contrato de concessão, que terá duração estimada de 30 anos.
Foi anunciado o repasse de R$ 57 milhões do governo federal a Pernambuco até dezembo de 2026 para que sejam realizadas as intervenções necessárias à melhoria do sistema, começando pela reestruturação das estações. Outros R$ 130 milhões serão transferidos no início de 2026. Também há previsão de recursos para que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) adquira 11 trens novos e usados, em melhores condições do que os atualmente em operação.
A estratégia consta em estudos elaborados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde 2022. Até fevereiro de 2026, o projeto passará por consulta e audiência pública. Em seguida, até julho de 2026, ocorrerá a análise pelos tribunais de contas da União (TCU) e de Pernambuco (TCE-PE). A licitação da concessão está prevista para ocorrer até dezembro de 2026, com a assinatura do contrato e a conclusão do processo de estadualização até março de 2027.
Problemas
Segundo o governo de Pernambuco, o Metrô do Recife tem enfrentado uma série de problemas operacionais nos últimos meses, incluindo greves, paralisações técnicas e falhas estruturais recorrentes, que vêm impactando diretamente mais de 160 mil passageiros por dia.
No início de novembro, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) deflagrou uma greve por tempo indeterminado, após assembleia realizada no dia 30 de outubro, motivada por um incêndio em um trem da Linha Centro no dia 25 de outubro, que interditou o ramal Camaragibe por cinco dias consecutivos.
A mobilização manteve todas as 36 estações do sistema fechadas por pelo menos três dias. Durante a greve, cerca de 170 mil usuários ficaram sem metrô, forçando muitos a recorrer a ônibus e serviços por aplicativo, em meio a reclamações pelo sucateamento e pela falta de investimentos no sistema.
Além dessa paralisação, trabalhadores já haviam realizado protestos anteriores, como uma paralisação de 24 horas em agosto de 2025, em que todas as estações ficaram fechadas em protesto contra a possível privatização do sistema e em cobrança do cumprimento de promessas governamentais.
Em paralelo aos protestos, o sistema tem registrado uma série de falhas técnicas que resultaram em paralisações temporárias. No dia 27 de novembro, a Linha Centro foi fechada por problemas na rede elétrica de tração, com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) relatando investigação do incidente e sem previsão imediata de retorno (a operação interrompeu a circulação de trens).
Já no dia 25 de outubro um trem da Linha Centro pegou fogo entre as estações Curado e Alto do Céu, forçando a evacuação dos passageiros e a interrupção do ramal Camaragibe por vários dias.
Ao longo do ano diversas falhas elétricas e técnicas interromperam trechos do sistema em diferentes datas, incluindo paralisações no ramal Camaragibe por defeito elétrico em junho e outras panes que levaram à interrupção no tráfego de trens. Além de falhas e greves, o metrô também deixou de operar aos domingos desde 2024 como parte de uma estratégia para liberar janelas maiores de manutenção.
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