Shell lança novo V-Power Diesel em meio à expansão do S10 e avanço do biodiesel

O combustível chega em um momento de transição profunda no mercado de combustíveis, marcado pela aceleração do S10, pela queda do S500 e pelo aumento obrigatório do teor de biodiesel

Valeria Bursztein

A Shell apresentou ao mercado brasileiro a nova formulação do V-Power Diesel, combustível aditivado que chega com a proposta de elevar o desempenho dos motores, reduzir custos de manutenção e oferecer maior eficiência operacional para veículos pesados, frotas leves e grandes operadoras. O lançamento ocorre em um momento de transição profunda no mercado de combustíveis, marcado pela aceleração do S10, pela queda do S500 e pelo aumento obrigatório do teor de biodiesel, que vem alterando características de operação e ampliando os desafios de manutenção das frotas.

O evento reuniu representantes da cadeia logística e da indústria automotiva, incluindo executivos como Marco Lassen, coordenador técnico da Shell, e Brenno Souza, responsável pelo marketing do segmento. Ambos reforçaram que o novo V-Power Diesel foi desenvolvido para responder a um ambiente mais complexo e exigente, no qual motores modernos e sistemas de emissões mais sensíveis pedem maior proteção, limpeza e estabilidade do combustível. A apresentação também destacou a parceria técnica com a Mercedes-Benz, que validou o uso do novo produto nos motores da marca, fortalecendo a credibilidade do lançamento.

O pano de fundo para essa movimentação é o crescimento ininterrupto do consumo de diesel no país. Segundo dados apresentados no encontro, o Brasil fechou 2024 com um volume recorde de 67,6 bilhões de litros vendidos, uma expansão de 2,6% em relação ao ano anterior. As projeções indicam continuidade desse avanço, com estimativas de consumo na casa dos 69,7 bilhões de litros já em 2025. A combinação de expansão logística, safra agrícola robusta e aumento de circulação de veículos pesados sustenta esse cenário de alta.

Migração definitiva para o S10

Paralelamente ao aumento da demanda, o mercado vive a migração definitiva para o diesel S10. O S500, que por décadas dominou a matriz de abastecimento, apresenta retração acelerada em todas as regiões do país. Os dados discutidos no evento mostram quedas de consumo que variam entre 33% e 47%, dependendo da localidade. A Shell projeta que, até 2034, o S10 representará 94% de toda a demanda nacional, resultado direto da modernização das frotas e da revisão regulatória relacionada a emissões.

Outro ponto destacado pelos executivos diz respeito ao avanço do biodiesel na mistura obrigatória. O Brasil saltou do B7, em 2016, para o B15 em 2024 e 2025, mudança que pressiona os sistemas de injeção, aumenta a formação de depósitos e pode elevar os custos de manutenção em até 7% por veículo, de acordo com a Shell. A empresa avaliou que o novo patamar de biodiesel altera propriedades do diesel de base e abre espaço para produtos aditivados capazes de preservar componentes, melhorar a queima e estabilizar o combustível, especialmente em operações de alta severidade. O novo V-Power Diesel foi desenvolvido justamente para responder a essa demanda.

A nova formulação reúne sete vezes mais aditivos e combina agentes de limpeza, redutores de atrito e componentes de proteção. Testes laboratoriais apresentados indicam redução de até 83% na fricção interna, queda de 4,8% no consumo e níveis superiores de limpeza e descarbonização, o que resulta em menor desgaste, melhor eficiência energética e maior disponibilidade dos veículos. Segundo a Shell, o pacote de tecnologias oferece benefícios observados tanto em motores modernos quanto em equipamentos mais antigos, permitindo ganhos operacionais imediatos.

Momento favorável ao combustível premium

O lançamento foi estruturado em três propostas de valor, voltadas aos caminhoneiros autônomos, ao segmento B2B e às frotas leves. Na avaliação da companhia, esses grupos enfrentam desafios distintos, mas compartilham a necessidade de ampliar performance, reduzir paradas não programadas e controlar o custo do quilômetro rodado. A nova linha V-Power, que inclui ainda versões para gasolina, etanol e aplicações de alta performance como o V-Power Racing, busca consolidar um portfólio integrado para diferentes perfis de operação.

Os porta-vozes reforçaram que o momento é particularmente favorável para combustíveis premium, não apenas pela pressão regulatória, mas também pela complexidade crescente das operações logísticas, que envolve rotas mais longas, cargas mais sensíveis e expectativas mais rígidas de disponibilidade. O novo V-Power Diesel, segundo a Shell, foi pensado como um componente estratégico dentro da gestão de frotas, ampliando a eficiência no uso do combustível e contribuindo para prolongar a vida útil dos sistemas.

A combinação de mudanças estruturais no mercado — alta do S10, queda do S500, avanço do biodiesel, motores mais sofisticados e recordes sucessivos de consumo — cria o ambiente no qual a Shell busca posicionar sua oferta de maior valor agregado. O lançamento do V-Power Diesel chega, portanto, em um momento de transformação e de disputa por produtividade dentro da logística brasileira, um setor que depende diretamente da qualidade e do desempenho do combustível para garantir sua competitividade.

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