Eletra se prepara para produzir chassis elétricos

Até o final do ano, a empresa espera ter, pelo menos, três modelos de chassi Eletra; o primeiro, de 21,5 metros, já iniciou a fase de testes

Valeria Bursztein

Uma das principais empresas do segmento de ônibus elétricos da América do Sul, a Eletra anunciou um novo posicionamento no mercado ao iniciar a fabricação de chassis elétricos. “É um novo posicionamento da Eletra. A mudança agrega muito porque facilita a comparação entre as opções existentes. Entendemos que o nosso produto tende a ser muito competitivo, e o fato de conseguirmos reduzir os prazos de produção também vai baixar o preço. Agora, estamos todos no mesmo patamar com relação a preço, durabilidade e performance. E entramos com a expertise de quem começou esse mercado”, avalia a diretora-executiva da Eletra, Iêda Maria A. Oliveira.

Segundo ela, o plano é posicionar a empresa no mesmo nível que as demais fabricantes de chassis elétricos. “O mercado brasileiro de ônibus está dividido entre o fabricante do chassi e o da carroceria. Agora, vamos entrar na mesma modalidade dos demais fabricantes de ônibus elétricos. Vamos eletrificar a plataforma e entregar o chassi elétrico para o encarroçador. Isso simplificará a operação da nossa linha de produção, porque é mais fácil produzir um chassi elétrico do que eletrificar um ônibus já encarroçado”, diz.

Iêda acrescenta que a expectativa é que a mudança acelere os prazos de produção da empresa. “Além disso, facilitará a negociação de mercado, porque será possível comparar os preços dos vários fabricantes em igualdade de condições”, prevê. A executiva acredita que a mudança será um verdadeiro divisor de águas, tendo influência direta nos preços dos equipamentos. “Isso porque será possível evitar a bitributação do veículo”, afirma.

A executiva antecipou também que, ao eletrificar o chassi na Eletra, será possível implementar uma verdadeira linha de montagem, o que demandará investimentos em automação. “Ainda não temos um valor a ser investido na estrutura, mas a nossa proposta é que, até o final do ano, tenhamos pelo menos três modelos de chassi Eletra. O primeiro, de 21,5 metros, já iniciou a fase de testes”, revela.

A mudança deve ter impacto positivo também nos negócios da empresa com outros países. “Entendemos que, para o mercado externo, também é uma opção interessante ter um chassi 100% brasileiro. Estamos de olho, principalmente, no Chile, onde está em curso o maior projeto de eletrificação da América Latina, além de ser um mercado que homologa rápido”, afirma a executiva.

Ritmo acelerado

A empresa vem passando por um processo de intenso crescimento, potencializado após o início da operação de sua nova fábrica de 27 mil m², localizada na Via Anchieta, em São Bernardo do Campo, em 2022. Um investimento na casa dos R$ 150 milhões viabilizou à Eletra a capacidade de produzir até 1.800 ônibus elétricos por ano, com fôlego para ampliar essa capacidade em até 50%, se necessário.

Nos últimos três anos, a empresa lançou uma nova linha de produtos – a mais completa e diversificada do mercado. Especificamente no ano passado, o foco principal foi produzir o e-Trol. Até o final do próximo ano, a Eletra fornecerá 92 e-Trols para a frota do BRT-ABC, uma linha de 18 km que ligará a região do ABC a São Paulo. Será a primeira linha de transporte público em via segregada no Brasil operada exclusivamente por ônibus 100% elétricos.

Neste segundo semestre de 2024, a principal meta da Eletra é abrir uma nova frente de negócios com os ônibus elétricos escolares e ajudar a impulsionar o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar. “Estamos muito satisfeitos com a posição da Eletra, sendo líder de mercado de ônibus elétricos, porque só nós sabemos a pressão que enfrentamos: primeiro contra os ônibus elétricos, depois com a entrada dos fabricantes chineses, que vieram com muita agressividade em termos de colocação de produtos. Agora, o mercado entendeu que essa é uma mudança que veio para ficar e todos os fabricantes têm sua versão de chassi elétrico”, conclui Iêda.

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