A expectativa de recuperação expressiva do mercado de ônibus, com crescimento oscilando entre 20% e 25% neste ano, foi revisada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus). “Estimamos fechar o ano com aumento de 10% a 15% na produção em relação ao ano passado”, disse Ruben Bisi, presidente da Fabus, em entrevista exclusiva para o portal da Technibus.
Com esse crescimento, a produção de ônibus nas encarroçadoras atingirá 22 mil unidades neste ano, enquanto em 2023 foram fabricados 19.612 veículos pelas associadas da Fabus.
“Vários fatores nos levaram a alterar as projeções para o ano, como o volume baixo de compras do Caminho da Escola e a lentidão do PAC Seleções, que prevê a compra de 5.311 ônibus urbanos. Somente neste mês, as prefeituras começaram a lançar o edital de licitações para a aquisição de veículos”, disse o presidente da Fabus.
Após a grande licitação fechada no final do ano passado, a compra de ônibus escolares está abaixo do estimado pelas fabricantes. Segundo Bisi, dos 15.320 ônibus escolares aprovados por meio do programa Caminho da Escola, era esperada a aquisição de 7.000 unidades neste ano. Porém, foi licitado a compra de apenas 1.500 veículos neste ano e a de outros 1.500 ônibus será anunciada em fevereiro de 2025. “Os estados e municípios também não compraram a quantidade ônibus escolares esperada porque estão com déficit elevado, e também atrasaram as negociações das emendas parlamentares.”
São três formas de compras de ônibus do Caminho da Escola: por meio de verbas diretas do ministério da educação, pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Por meio de verbas que os municípios e os estados disponibilizam para a compra de ônibus escolares, e por meio de verbas provenientes de emendas parlamentares. Geralmente são 50% para a saúde, e o restante é utilizado para a aquisição de ônibus escolares ou doações para escolas e obras.
Segundo o FNDE, até 06 de agosto de 2024 foram liberados 1.309 ônibus pelas montadoras aos entes federados – do total de 1.500 comprados –, sendo 933 para o Nordeste, 183 Sudeste, 71 Sul, 72 Centro-Oeste e 50 para o Norte, e o repasse aos 161 municípios totalizou R$ 86,86 milhões (R$ 86.865.174,51).
Mercado interno
Apesar da morosidade de compra de ônibus por meio dos programas anunciados pelo governo federal, o setor de ônibus está indo muito bem, segundo o presidente da Fabus. “Em julho o mercado interno teve 51,8% de crescimento, absorvendo 1.825 ônibus dos 2.021 veículos produzidos pelas encarroçadoras. Comparando o total do mês, que inclui os ônibus destinados ao mercado externo, com julho de 2023 (1.405 unidades) o incremento foi de 43,9%”, destacou Bisi.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, a produção de 12.872 ônibus foi 9,64% superior ao mesmo período de 2023 (11.741 unidades). E do total produzido, 11.404 unidades foram destinadas ao mesmo interno, 10,33% a mais que nos sete meses de 2023, quando chegou a 10.337 unidades.
“Os meses mais fortes para todo o mercado de ônibus são sempre do último trimestre, principalmente o segmento rodoviário quando as empresas começam a comprar mais ônibus para atender a demanda de transporte nos feriados do fim do ano”, destacou Bisi.
Lat.Bus 2024
O presidente da Fabus comentou sobre a boa receptividade da Lat.Bus 2024 e espera que a próxima edição seja maior do que a deste ano. “É um evento muito importante para o setor, com lançamentos das montadoras e encarroçadoras, além de atividades paralelas com muito conteúdo. Na próxima Lat.Bus temos que engrandecer esses eventos para atrair mais públicos.”
Bisi também considerou a Lat.Bus importante para mostrar a pujança do setor e a capacidade da indústria para produzir ônibus eletrificados. “É um evento bom para mostrar ao governo que a indústria tem capacidade para a produção nacional de ônibus elétricos.”