No dia 8 de agosto, no encerramento da Lat.Bus 2024, a Oficina de Tecnologia teve como tema central “Tecnologia a Serviço de uma Mobilidade mais Humana”. Profissionais das principais provedoras de tecnologia dedicada ao transporte coletivo urbano participaram do encontro e apresentaram as mais relevantes tendências da atualidade em termos de softwares, hardwares e outras ferramentas e inovações tecnológicas.
A Oficina de Tecnologia não foi, contudo, um evento para apresentação de produtos ou serviços, mas um espaço para troca de experiências e ideias, sempre com foco na melhoria da experiência do cidadão que utiliza o transporte público. O segmento de tecnologia teve forte presença na Lat.Bus 2024, com 15 empresas expositoras.
“Entendemos que era uma necessidade reservar um espaço na programação da Lat.Bus totalmente voltado para esse segmento, com foco nas discussões e tendências do mercado. Sem tecnologia, o transporte coletivo de passageiros não evolui. Com certeza, essa foi a primeira de várias oficinas que vamos promover”, comentou Marcelo Fontana, diretor da OTM Editora.
Com apresentação e mediação de Roberto Sganzerla, especialista em marketing de transportes e mobilidade urbana, a Oficina de Tecnologia foi composta por três painéis temáticos. O primeiro deles abordou “Tecnologia de Bilhetagem Eletrônica”, e debateu inovações em bilhetagem eletrônica no Brasil e no mundo, incluindo hardware, software, aplicativos de mobilidade (APP), ABT, IA, entre outras, e como estas novas tecnologias podem trazer uma melhor experiência de mobilidade para o passageiro.
A possibilidade do passageiro ou cliente escolher a forma que mais se adapta às suas necessidades na hora de pagar pelo transporte foi um dos assuntos mais comentados deste painel. “Em relação aos meios de pagamento, evoluímos muito aqui no Brasil. Ainda precisamos avançar mais na interoperalidade e na comunicação com o passageiro”, avaliou Daniel Medici, CEO da KIM.
Rafael Teles, diretor de produto da Transdata, lembrou que a bilhetagem eletrônica, que é um dos módulos de ITS (sistemas de transporte inteligentes), surgiu para combater as fraudes e o mau uso dos cartões de transporte. “Hoje nosso foco é a comodidade do cliente para melhorar sua experiência no transporte público”, destacou.
Wellington Monteiro, superintendente de tecnologia da Tacom, enfatizou o desafio que as provedoras de tecnologia têm de transformar dados em informação relevante para o operador de transporte e para o usuário. “O transporte público pode se beneficiar da Inteligência artificial (IA) para esse objetivo. A transformação digital exige mudança de mentalidade e essas inovações nos ajudam a reduzir os atritos que sempre acompanham as mudanças.”
Felipe Leoni, diretor técnico da Prodata Mobility Brasil, afirmou que a tecnologia voltada para o transporte no Brasil está em sintonia com o que está sendo feito em países da Europa e no Estados Unidos, mas que a infraestrutura ainda é o maior “gargalo” no país. E Marcionílio Sobrinho, diretor técnico da Empresa 1, ressaltou o papel da tecnologia na tarefa dos operadores de trazer os passageiros de volta ao transporte público.
MOBILIDADE COMO SERVIÇO-
O segundo módulo teve como foco “Tecnologia em gestão de bilhetagem eletrônica e meios de pagamentos (full service SBE)” e abordou tendências em gestão de bilhetagem eletrônica no Brasil e no mundo, a diversificação e ampliação dos meios de pagamento (cartões bancários por aproximação, PIX, QR Code, pagamento por biometria facial), e como estas novas tecnologias podem produzir uma experiência MaaS (Mobilidade como Serviço).
O tema da interoperalidade, que é a capacidade de um sistema de se comunicar de forma transparente com outro sistema, norteou as discussões deste painel. Leonardo Ceragioli, diretor comercial da Autopass, observou que é preciso superar obstáculos econômicos e políticos para se chegar a uma solução única que atenda toda um região metropolitana ou um estado. “Isso beneficia todo o ecossistema de transporte.”
Cassiano Rusicky, CEO da Riocard Mais, falou sobre a importância de se conhecer as necessidades dos clientes. Cedric Pereira, gerente de desenvolvimento de negócios de mobilidade da Mastercard, acredita que no Brasil, apesar das questões burocráticas, “estamos caminhando para a construção do MaaS.”
Paulo de Tarso Lamigueiro Toimil, diretor de operações da Abasp Mobility Clearing House, também destacou que essa integração entre os sistemas das diferentes cidades é tecnologicamente possível, mas falta resolver as questões econômicas e de governança. “Os estados e municípios precisam tomar a decisão de fazer esse movimento”, disse.
MOBILIDADE HUMANA
E por fim, “Tecnologias que promovem uma Mobilidade mais Humana” colocou luz sobre as tendências inovadoras em ITS no Brasil e no mundo, sistemas de planejamento, gestão e monitoramento, conectividade, inteligência artificial (IA), big data, Internet das coisas (IoT) e como estas novas tecnologias ajudam a colocar as pessoas no centro dos serviços de transportes.
Neste terceiro módulo da Oficina de Tecnologia, as discussões tiveram foco em como proporcionar um serviço melhor para o cliente com a ajuda da tecnologia. A importância de entregar informações confiáveis e em tempo real para o passageiro qualifica o transporte público e melhora a jornada do cidadão, que consegue programar sua viagem.
Victor Celada, diretor regional Brasil da Optibus, enfatizou a necessidade da gestão e do planejamento do sistema com o propósito de trazer melhorias para o transporte, sempre com foco no passageiro. “O maior problema não haver atraso no ônibus, pois acontecem imprevistos. O problema é a pessoa não ser informada que haverá atraso”, sublinhou.
“Todas as ferramentas que dispomos têm como objetivo tornar os operadores mais motivados, o que beneficia o usuário final”, avaliou Alexandre Hammerschmidt, CEO da Transoft. Valmir Colodrão, CEO da Primova, frisou que o importante é olhar para o usuário e descobrir do que ele precisa. “Como a tecnologia pode melhorar a vida de quem anda de ônibus? Esta é a nossa preocupação”, contou. Colodrão também anunciou a parceria entre a Optibus e Cittamobi.
Maurício Corte, presidente do Consócio Clever, disse que o cliente quer pontualidade, disponibilidade e qualidade do serviço. O executivo também comentou alguns aspectos do SMGO (sistema de monitoramento e gestão operacional) que a empresa vai implementar em São Paulo.
“Nossa missão é ajudar os operadores para que eles possam atuar da melhor forma possível. Assim, teremos um transporte mais eficiente, seguro e com menos emissões. Isso torna o transporte mais atraente para o cliente”, declarou Alexandre Carvalho, diretor comercial e de marketing Latam da Consat.