Comil tem investimentos programados de R$ 45 milhões em 2024

Deste total de aportes planejados, R$ 30 milhões serão aplicados no parque fabril e R$ 15 milhões em melhorias de produtos

Sonia Moraes

A Comil, fabricante de ônibus rodoviários, urbanos, micro-ônibus e especiais, tem programado o investimento de R$ 45 milhões para 2024, sendo R$ 30 milhões destinados para seu parque fabril e R$ 15 milhões para melhorias de produtos.

Em abril, a empresa apresentou ao mercado novo Campione HD Invictus 2025, que segue o design da família Invictus DD, com novos detalhes externos e várias novidades internas de acabamento. Com as etapas de engenharia, incluindo testes, homologações e protótipo, o desenvolvimento deste novo ônibus levou 18 meses.

“Desenvolvemos o produto por meio de pesquisa com clientes e usuários, chegando as duas principais premissas do projeto, que foram “Free Acess” e “Full load”, que buscam o conforto e acesso fácil para passageiros e tripulantes, e a capacidade máxima de bagagens e encomendas, baseado nisso, nossa expectativa é muito positiva, pois vamos entregar aos clientes um produto que poderá trazer a melhor rentabilidade na operação”, revelou Tiago Zanette, diretor comercial da empresa, em entrevista exclusiva para a Technibus.  Para este novo ônibus, a Comil informa que já tem encomendas, com as primeiras unidades a serem entregues no Brasil, e também com vendas na exportação.

A encarroçadora localizada em Erechim, no norte do Rio Grande do Sul, produziu 284 ônibus no primeiro trimestre de 2024, sendo 282 modelos rodoviários, um urbano e um micro-ônibus, e espera que as compras continuem crescentes este ano e que os números de produção total das fabricantes sejam superados em relação a 2023, com as entregas dos ônibus para o Caminho da Escola, a demanda crescente de passageiros para os ônibus rodoviários e as renovações de ônibus urbanos que devem ocorrer em virtude das eleições municipais.

Para o primeiro semestre deste ano, a empresa já tem encomendas fechadas, e negociações sendo planejadas para o terceiro trimestre. “Devemos produzir um número de veículos superior a 1.500 unidades neste ano”, contou Zanette.

A expectativa do diretor da Comil é de que a demanda por ônibus rodoviário continue crescente este ano devido ao elevado custo das passagens aéreas e à demanda reprimida que ainda permanece dos anos de 2020 e 2022. “O produto que continua com a maior procura são as carrocerias DD – Double Deck.”

Para o segmento de fretamento, as demandas devem continuar constantes, na avaliação de Zanette, para atender as renovações de contratos e serão impulsionadas também pelos novos investimentos em infraestrutura que devem ocorrer neste ano. Na Comil, as carrocerias Versátile e Campione 3.25 são os modelos de maior demanda.

No segmento de urbanos a expectativa é de que os números totais de produção das fabricantes sejam semelhantes ao ano de 2023. “A maior procura deve ocorrer no primeiro semestre, pois a partir de agosto começam as disputas eleitorais, o que acaba retraindo as renovações de frotas”, comentou Zanette.

Diante do cenário atual, os maiores desafios a serem enfrentados pelas fabricantes de ônibus, segundo o diretor da Comil, são as questões tributarias, que cada vez mais carregam a cadeia produtiva com impostos, os juros elevados para financiamento e a escassez de mão de obra.

Tiago Zanette, diretor comercial da Comil

Ano passado-

Em outubro de 2023, a Comil lançou a nova geração de ônibus rodoviários da linha Campione Invictus e as primeiras unidades do novo Invictus 1050 e 1200, de um total de 150 veículos encomendados, começaram a ser entregues no início de novembro do ano passado e vem ocorrendo constantemente com novas vendas realizadas. “Das 150 unidades anunciadas naquela oportunidade, 80 foram destinadas para o mercado brasileiro e as demais para exportação”, revelou Zanette.

Segundo o diretor, o Campione Invictus, tem sido o principal produto de vendas da empresa e com a maior procura pelos clientes. “Isso se deve a grande aceitação do veículo pela sua qualidade e design.”

A empresa encerrou o ano passado com 1.389 ônibus produzidos – 235 urbanos, 1.095 rodoviários e 59 micro-ônibus – 6,12% a mais do que em 2022, cujo volume atingiu 1.309 unidades, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus). “Nosso objetivo para o ano de 2023 foi alcançado, estando dentro do planejamento realizado”, disse Zanette.

Exportação

Para o mercado externo, a Comil enviou 292 ônibus no ano passado – 268 rodoviários, 21 urbanos e três micro-ônibus –, conforme informou a Fabus. O principal destaque foi a carroceria Campione Invictus DD. “Nossos principais clientes estão concentrados nos países da América Latina, principalmente Chile, Bolívia e Peru”, destacou Zanette.

No primeiro trimestre deste ano a empresa exportou 87 ônibus – 86 rodoviários e um urbano. Estes ônibus tiveram como destino a América Latina em diversos países, como o Chile, Bolívia, Peru, Paraguai e Uruguai.

No mercado internacional, a receptividade dos ônibus brasileiros vem crescendo nos últimos anos, segundo Zanette. “Mas ocorreu de forma mais lenta que o mercado brasileiro, porém nesse início de 2024, já demostrou um crescimento maior, o que gera expectativa positiva para o restante do ano.”

O diretor comentou que, para vencer a concorrência no exterior e conquistar novos negócios, a Comil tem feito investimento constante em seus produtos para que atendam a demanda dos seus clientes com qualidade e excelente custo benefício.

Sobre a chegada dos ônibus elétricos ao mercado brasileiro, Zanette afirmou que a demanda para ônibus elétricos no Brasil ainda está tímida e isso deve-se muito a falta de política concreta para financiamento e subsídios de tarifas, já que o produto chega a custar três vezes o valor do ônibus a diesel. “Além disso, é necessário investimentos para recarga dos ônibus, fato que também está muito aquém do necessário.”

O diretor da Comil comentou que o transporte público de passageiros vive a alguns anos com grande expectativa em relação ao andamento da aprovação do novo marco legal, que no início de 2024, entrou na fase final de discussões e aprovações nos âmbitos políticos. “Porém não basta apenas sair no papel, serão necessários muitos investimentos e incentivos financeiros, principalmente vindo do governo federal aos estados e municípios, para só assim, termos realmente ações efetivas que venham a privilegiar o maior interessado, que são os passageiros do transporte público.”

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