Os desafios da indústria de ônibus para a eletromobilidade

Na avaliação dos executivos das montadoras que participaram dos debates do segundo dia da Arena ANTP, a indústria de ônibus tem capacidade e está preparada para atender a demanda por modelos elétricos no Brasil

Sonia Moraes

Na discussão sobre a indústria de ônibus no Brasil, que ocorreu no segundo dia da Arena ANTP 2023, a moderadora Leticia Diniz Dominguez Lima, secretária adjunta de mobilidade urbana de São José dos Campos (SP), ressaltou que são necessários mais de 30 mil ônibus novos para baixar a idade média da frota nacional de oito para cinco anos e melhorar a qualidade do transporte público para a população. Leticia questionou se a indústria está preparada para ajudar os municípios na renovação das frotas de ônibus.

Mauricio Lourenço da Cunha, vice-presidente industrial do Grupo Caio, disse que a indústria de ônibus no Brasil está preparada para atender a demanda do mercado interno e externo, seja de veículos de médio porte, articulados e elétricos. “A indústria está totalmente estruturada, não há falta de capacidade e já temos carrocerias focadas na tração elétrica”, destacou Cunha.

Milena Romano, presidente da Eletra, também ressaltou que a indústria tem capacidade e afirmou que o problema é o financiamento. Por isso, o apoio do BNDES é imprescindível. “Temos que ter um plano para a renovação de frota nacional e é preciso o apoio do governo federal e dos municípios.”

Ricardo Portolan, diretor de operações comerciais mercado interno e marketing da Marcopolo, destacou que na Arena ANTP está evidente a força da indústria nacional na produção de ônibus elétricos. “O evento mostra que a indústria tem capacidade para suprir a renovação de frota.”

Jorge Carrer, diretor de vendas de ônibus da Volkswagen Caminhões e Ônibus, lembrou que os últimos anos foram difíceis para o transporte por ônibus no Brasil – em 2013 houve a crise econômica que impactou o setor, em 2020 teve a pandemia – e este ano é o momento de recuperação. “A indústria nacional é um polo mundial de produção de ônibus, tem capacidade e está preparada para ajudar a trazer a nova tecnologia. A Volkswagen fez investimentos gigantes para lançar novos ônibus no Brasil e agora está preparada para a eletromobilidade no país”, disse Carrrer.

Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing ônibus Brasil da Mercedes-Benz, disse que a empresa está preparada para a produção tanto de ônibus à diesel quanto elétrico. “Não há necessidade de brigar pela redução do imposto de importação, a nossa indústria tem capacidade de atender a eletrificação”, destacou Barbosa.

Bruno Platteck de Araújo, gerente setorial do departamento de bens de consumo, bens de capital, comércio e serviços do BNDES, comentou que o futuro da indústria passa por diferentes rotas. “São poucos países que têm estabilidade no setor de ônibus”, disse o gerente do BNDES.

Araújo salientou que passada a dificuldade causada pela pandemia, o principal desafio agora é como reativar a demanda e ocupar a capacidade da indústria de ônibus. “O BNDES se distanciou do setor automotivo e precisa retomar a aproximação e atuar também na área de exportação.”

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