Fred Carvalho, de Barcelona
O mundo dos transportes estava com muitas saudades de seu Congresso Mundial – afinal, o último foi em Estocolmo, entre 9 e 12 de junho de 2019. No dia 3 de junho deste ano, poucos dias atrás, os mais de 15 mil participantes começaram a chegar em Barcelona, pois no dia 4 aconteceria a abertura oficial, quase quatro anos depois.
Com dois pavilhões totalizando 40 mil m², ocupados por 380 expositores, com 85 painéis sobre as mais relevantes questões do transporte público, além de dezenas de visitas técnicas, o evento permitiu a todos matarem as saudades, fazerem amizades e fechar negócios, tal como recomendou Khalid Alhogail, como presidente da UITP.
A enorme exposição, no entanto, tinha em seus estandes um salto tecnológico. Afinal, quatro anos separam Estocolmo de Barcelona. E foram tempos de muitos acontecimentos, da piora acentuada do aquecimento global, a uma pandemia que mexeu forte com todos os conceitos que a humanidade tinha, até uma guerra inesperada com a invasão da Ucrânia. A tão decantada globalização entrou em xeque, com as dificuldades de importação de vacinas, remédios, matérias-primas, produtos petroquímicos, gás e petróleo. Tudo, de repente, ficou difícil, raro e caro.
O aquecimento global, a necessidade de atender as recomendações da ONU com o NET Zero – em 2050 – influíram muito nos ônibus expostos nos estandes dos mais tradicionais fabricantes do mundo. Eram dezenas de elétricos, dos fuell cell aos elétricos movidos a bateria, hidrogênio, sistemas de recuperação de energia, utilização de materiais recicláveis, preocupação integral com um mundo mais limpo.
A Mercedes-Benz apresentou, em première mundial, o e-Citaro fuell cell, a sua aposta em uma solução ideal onde as emissões são zero. As primeiras encomendas deste ônibus com avançadas tecnologias – o modulo célula de combustível é fornecido pela Toyota – aconteceram em outubro do ano passado. Na versão articulado transporta 128 passageiros. Seu sistema de propulsão gera 392 kWh. A produtora alemã aproveitou o evento para lançar sua nova subsidiária: a Daimler Buses Solutions, especializada no designing e e-infraestrutura.
A MAN preferiu um ônibus elétrico, com cinco pacotes de baterias, autonomia de 300 km, capacidade para 96 passageiros, para equipar seus modelos Lion’s City e Family, com até 12,2 metros de comprimento. Nas versões para 18,1 metros, são seis pacotes de baterias, lotação de 146 passageiros, e autonomia de 210 km.
A Iveco apresentou o Crossway, interciy, com comprimento de 12,950 mm, motor elétrico da Siemens Elfa III, com 240 kW, torque máximo de 3600 Nm, com capacidade para 66 passageiros. Além de mostrar o E-Way, um elétrico urbano de 9,5 metros.
A Isuzu colocou no estande os modelos Novociti Volt, 8 metros de comprimento com autonomia de 400 km, bem como o CitiVolt 12, de 12 metros, com autonomia superior a 480 kms, e várias possibilidades de baterias: 225kWh, 300 kWh, 375 kWh e 450 kWh. Curiosamente distribuía seus catálogos de produtos com os vários modelos equipados com motores diesel de seus tradicionais fornecedores como Cummins, FPT e da própria marca.
A BYD apresentou dois novos eBus, o B19, com 18,75 m de comprimento, e o BYD Castrosua 12 metros. No primeiro modelo a empresa colocou uma bateria de 563 kWh, permitindo maior autonomia. No modelo de 12 metros a BYD mostrou o resultado da parceria com a Castrosua, com uma customização para atender aos clientes com designs exclusivos.
A Scania, aproveitou a UITP para realçar a importância dos principais participantes do mundo dos transportes de adotarem as melhores alternativas sustentáveis para mitigar as emissões de carbono. Mostrou também as alternativas existentes e destacou a solução do biometano.
A Otokar colocou em seu estande uma linha de ônibus elétricos. Desde o pequeno – 6,6 metros – e-Centro C, baterias de 110 kWh, além das diferentes versões de tamanho –10,8 m e 12 m com potência das baterias de 350kWh, e a de 18m –com 560 kWh.
A francesa Safra surpreendeu com a exposição de ônibus – anteriormente movido a diesel – transformado para hidrogênio. Um kit denominado H2 Hycity, composto por um motor elétrico da Dana com 350 kW movimentado por uma célula de combustível Plastic Omnium de 100 kW. A empresa já tem 20 ordens de transformação pela viabilidade de uma operadora atender as demandas de redução de emissões com reaproveitamento de ônibus já existentes.
Mas a exposição não eram só os ônibus com as novas alternativas energéticas, mas também vagões de metro, barcos para transporte de passageiros, cabines de teleféricos, ônibus autônomos para aeroportos, produtores de baterias, sistemas de controle e operação de frotas, empresas de pesquisas, cidades com diferenciais de transportes – caso de Dubai, por exemplo, com seu idealizado transporte aéreo de passageiros, entre outras atrações.
O mundo dos transportes voltou a se encontrar. E já se prepara para seu próximo encontro. Em 2025 será a hora e a vez de Hamburgo!