Grupo A. Cândido completa 70 anos

Com empresas de transporte urbano, fretamento, de cargas, além de concessionárias, o grupo segue em ritmo de expansão, sem perder o seu caráter familiar

Márcia Pinna Raspanti

Com mais de 20 empresas e três mil funcionários, o Grupo A. Cândido completou 70 anos de atuação na região nordeste. O grupo mantém o caráter familiar até hoje, mas sempre com a preocupação de uma administração profissional. A história teve início em 1952, quando Argemiro Cândido, falecido há três anos aos 98 anos, começou a levar trabalhadores em caminhões ‘pau de arara’ pelas estradas que separavam a Paraíba do Planalto Central, para as obras de construção de Brasília.

“Meu pai foi um desbravador, saiu do interior, não sabia ler nem escrever, e começou a construção deste império que hoje a gente chama de Grupo A. Cândido. Devemos tudo isso ao idealismo e a força de trabalho dele”, afirma a empresária, Lourdes Pereira, filha de Argemiro Cândido.

Em 1960, as viagens tomaram o rumo do Sudeste, com destino a Rio de Janeiro e São Paulo. A empresa se chamava Expresso Alvorada, e depois, com a ampliação dos negócios, passou a ser denominada Nacional. Nesse período, foi adquirida a Rodoviário Nordestino, especializada em transporte de cargas líquidas e sediada em Campina Grande, na Paraíba, e que está presente em vários estados.

“Em 1977, o grupo começou a atuar também como empresa de transporte urbano. Em 1980, tive a oportunidade, ajudado pelo meu pai, de comprar a empresa Gado Bravense. Em 1982, eu e meu irmão Agnelo viramos sócios e criamos a Transnacional, em Campina Grande. Operava a linha de Lagoa Seca, depois outras linhas e, em 1984, compramos a empresa São Domingos, de Campina Grande, ampliando a Transnacional que, em 1986, chegou ao mercado da capital paraibana, João Pessoa”, conta Alberto Nascimento, um dos três filhos de Argemiro.

Fazem parte do A. Cândido também cinco concessionárias Mercedes-Benz, que vendem peças e acessórios, caminhões e ônibus novos. A família ainda possui revendas Michelin e seis concessionárias de automóveis Volkswagen, sendo três em Natal (RN) e outras três em Fortaleza (CE), além de duas concessionárias de automóveis Mercedes-Benz, sendo uma em Natal e outra em Maceió (AL). Além disso, o grupo que é genuinamente nordestino tem braços nas áreas de tecnologia e imobiliária. “O nosso grande desafio agora é fazer com que nossos filhos continuem esse legado como meu pai fez conosco”, pondera Agnelo Cândido, diretor executivo do grupo.

O empresário conta que há um projeto futuro de fazer o IPO (Initial Public Offering) e abrir o capital das empresas do grupo. “A ideia é fazer com que as nossas companhias saiam deste mercado privado e passem para o mercado global, a exemplo do que outras grandes empresas já fazem, distribuindo ações com os colaboradores, porque entendemos que quando a gente divide participação e lucro a gente consegue ir ainda mais longe”, comenta.

Agnelo Cândido enfatiza o caráter familiar das empresas, que já contam com a participação dos netos do fundador na administração e operação. “Meu pai é um exemplo que merece ser lembrado e elogiado por toda a trajetória dele. E graças também a ele, nós temos uma equipe harmônica e já estamos preparando a nossa sucessão e, neste aspecto, desejamos que nossos filhos copiem os bons exemplos do avó e dos pais.”

A segunda geração da família: Alberto, Lourdes e Agnelo

TRANSPORTE PÚBLICO E FRETAMENTO –

No transporte urbano, o A. Cândido está presente em dois estados do Nordeste e seis cidades. Em João Pessoa, detém as empresas Transnacional, Reunidas e Santa Maria. Na região metropolitana de João Pessoa, nas cidades de Bayeux, Cabedelo e Conde, o A. Cândido opera com a Transnacional, já em Campina Grande, com as empresas Nacional e Transnacional.

A Transnacional, que é considerada o carro chefe do grupo, compõe o consórcio Unitrans na cidade de João Pessoa, juntamente com a Reunidas, possuindo uma frota de aproximadamente 260 veículos. Após as dificuldades trazidas pela pandemia de Covid-19, que afetou fortemente o setor de transporte de passageiros, a companhia conseguiu atravessar a crise e aprimorar a gestão.

“A empresa buscou meios de se tornar novamente sustentável, com a reestruturação de linhas junto aos órgãos gestores do munícipio e com práticas internas de melhorias de processos, aliado a grande expertise do grupo no segmento em que atua durante esses 70 anos. Assim como o cenário brasileiro, nas cidades que atuamos não foi muito diferente. Houve retomada dos clientes que utilizavam nossos serviços, mas ainda não conseguimos obter o fluxo que tínhamos antes da pandemia”, diz Larissa Nascimento, da terceira geração da família.

Os investimentos em tecnologia contribuem para a melhoria contínua dos serviços. “Atualmente possuímos a tecnologia de ITS (sistemas inteligentes de transporte) da Transdata na divisão urbana do grupo, nas nove empresas urbanas, nas seis cidades que atuamos. A parte de gerenciamento de frota com telemetria e GPS, e a operação do centro de controle pperacional (CCO), é realizada por meio da empresa de tecnologia do próprio grupo, a MobinLife que é parceira da Transdata nestes serviços”, detalha a empresária.

Em Natal, o grupo conta com as empresas Auto Ônibus Santa Maria, Santa Maria e Reunidas. No mercado de fretamento, a Transnacional Locações está presente em quatro estados do Nordeste e cinco cidades: Fortaleza, Natal, João Pessoa, Goiana (PE) e Jaboatão dos Guararapes (PE). A frota de fretamento é de aproximadamente 280 veículos, entre ônibus rodoviários, semirrodoviários, micro-ônibus e vans.

Os principais clientes no fretamento contínuo são empresas como Jeep, em Goiana; FCA, em Cabo de Santo Agostinho (PE); São Braz, em João Pessoa; Vicunha, em Natal e Fortaleza; Klabin e Elizabeth Cimentos e Porcelanato, em João Pessoa e Alhandra (PB).

Argemiro Cândido levava trabalhadores para a construção de Brasília nos anos 50 (Divulgação)

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