Valéria Bursztein
Alinhada com as exigências da gestão municipal de desenvolver uma matriz energética menos poluente e abandonar a utilização de motorização à diesel, a Viação Metrópole Paulista adquiriu, recentemente, 140 ônibus elétricos (a bateria) para a operar nas zonas Leste e Sul da cidade de São Paulo.
“Compramos 100 veículos elétricos do modelo eO500U da Mercedes-Benz e mais 40 da Eletra. As primeiras entregas devem acontecer em dezembro, mas acredito que ficará mesmo para o ano que vem”, conta o avalia o vice-presidente da empresa, Roberto Abreu. Os veículos serão dedicados às linhas já operadas.
Abreu confessa que existe um grande ponto de interrogação quando o assunto é equilibrar o investimento feito na aquisição dos modelos elétricos e a receita gerada na operação. “São veículos caros em comparação com as versões a diesel. O plano é que o investimento se amortize em 15 anos, de acordo com a planilha desenvolvida pela São Paulo Transporte – gestora do transporte municipal -, que diluiu o financiamento nesse período. A conta fechará se o ônibus operar satisfatoriamente cinco anos a mais do que a versão diesel. Aí sim haveria uma economia e essa é a meta. Se vamos conseguir ou não é a questão, porque é um produto com o qual nunca operamos e ainda não podemos precisar os custos operacionais envolvidos”, analisa.
O executivo diz que a renovação da frota é e continuará sendo uma das premissas da empresa. “Sempre estamos investindo em renovação. Compramos em média 100 ônibus por ano e vamos substituir os veículos mais antigos pelos elétricos e imaginamos que esse processo de modernização deve demorar dez anos para ser concluído. Por sermos os maiores, somos os que mais investem”, conta.
A incorporação dos veículos elétricos à dinâmica operacional da empresa deve acontecer sem grandes problemas. “O que será necessário é a adaptação das garagens, considerando pontos de recarga. Por isso esses novos veículos serão direcionados para a unidade do Brás, porque era originalmente uma garagem de elétricos, ou seja, já tem uma estrutura para carga elétrica”, conta.
Um ponto sensível para o êxito do investimento será confirmar como será o comportamento desses veículos em campo. “Teremos que avaliar a autonomia desses ônibus. As montadoras falam que vão rodar 250 km, mas é uma dúvida. Se não performarem dessa maneira, o veículo se inviabiliza, uma vez que a comparação com o diesel passa a ser desvantajosa”, explica.
Além disso, Abreu lembra que o tempo de recarga das baterias, estimado entre três e quatro horas, é ‘justo’ para que o veículo chegue à garagem, seja higienizado e volte à operação. “Se o carro rodar 250 km faz sentido; mas, se não, precisaremos de mais cinco anos para pagar essa conta. O que vai fazer a diferença é a economia do consumo da eletricidade versus o diesel”, avalia.
A Viação Metrópole Paulista–
A empresa atua nos subsistemas estrutural e local de articulação regional (lote AR3) de ônibus municipais da cidade de São Paulo e também opera em sociedade nos lotes E-5 e AR5, na via Sudeste.
A Metrópole Paulista tem hoje uma frota de idade média de cinco anos composta por 1,5 mil ônibus, entre eles 700 de grande capacidade, e conta com uma estrutura de sete garagens localizadas nas zonas leste e sul da cidade, além de um pátio de recebimento de carros novos e substituição dos antigos.
Os números já foram maiores e refletem as intervenções necessárias para enfrentar o período mais crítico da pandemia do Coronavírus e seus efeitos que se prolongaram até hoje. O total de veículos da Metrópole Paulista já ultrapassou as 1,8 mil e o volume de passageiros transportados por dia, hoje em 900 mil, era de 1,2 milhão de usuários.