Márcia Pinna Raspanti
Após o período de pandemia e isolamento social, a Lat.Bus – Seminário NTU 2022 será realizada de 9 a 11 de agosto, no São Paulo Expo. Além da feira com a exposição das novidades e destaques da indústria, provedores de tecnologia e serviços, a 35ª edição do Seminário NTU vai discutir os temas mais relevantes para o transporte urbano na atualidade.
“O evento é extremamente importante para o setor, que depende muito desta troca de experiências e conhecimento. Devido à pandemia, a última oportunidade em que foi não foi possível reunir indústria, operadores, especialistas, formadores de opinião e usuários nos últimos anos. É importante, em um país continental como o nosso, conhecermos realidades diferentes em cidades e regiões tão diversas. No seminário, teremos três dias de discussões importantes, e a feira, traz as novidades, tendências e tecnologias que chegam ao mercado”, comenta Francisco Christovam, presidente da NTU.
O seminário começa com o tema “O novo caminho do transporte coletivo urbano”, para se avaliar as mudanças recentes no setor. “Com a pandemia, cerca de 150 cidades subsidiaram o transporte público de alguma forma, para prestar socorro a esse serviço essencial. Antes, apenas três cidades adotavam o subsídio. As prefeituras e governos perceberam que o transporte poderia parar sem nenhum socorro e encontraram formas de manter o serviço funcionando”, ressalta Christovam.
O presidente da NTU lembra que ainda é pouco praticada a separação entre tarifa pública paga pelo passageiro, e tarifa de remuneração ou técnica, que custeia a prestação do serviço, com a diferença sendo coberta pelo poder público. “A pandemia colocou uma lente de aumento nos problemas do setor. Mas ficou claro que o subsídio é uma forma de manter o equilíbrio financeiro dos operadores e oferecer um serviço de melhor qualidade à população. A adoção da ‘tarifa zero’ também se expandiu. Um exemplo é Caucaia, no Ceará. Enfim, vamos discutir essas experiências e também abordar a implementação do marco legal ou marco regulatório do setor”, destaca.
O segundo tema a ser debatido é “O financiamento do transporte público coletivo para além da tarifa”, em que todas essas questões ligadas a tarifas e subsídios serão retomadas. “Foi realizado um estudo técnico que levantou oito possíveis fontes de financiamento extratarifárias, em que o transporte individual financia o transporte público. Como exemplo cito: taxa de estacionamento e de congestionamento. Esse tipo de cobrança seria uma espécie de imposto de circulação, diferente do imposto de propriedade (IPVA) que já existe”, observa Christovam.
O seminário também aborda a formação dos jovens empresários, em “Como ampliar a participação de jovens empresários e executivos no setor – a experiência do ComJovem”, em que será apresentada a criação do Comitê de Jovens Empresários e Executivos do Transporte de Passageiros da Fetpesp como estratégia para fortalecer setor, seus processos sucessórios familiares, e trazer mais tecnologia e inovação para empresas operadoras do transporte coletivo de perfil tradicional. “É importante formar essa geração de gestores do futuro que terá que lidar com um movimento constante. Antes, as empresas queriam ser ‘sólidas’. Hoje, é importante que sejam ‘líquidas’, no sentido de se adaptarem rapidamente às condições de mercado – não me refiro logicamente à liquidez financeira”, comenta Christovam.
O encontro também reserva espaço para as novas tecnologias, com o Coletivo, o programa de inovação em mobilidade urbana da NTU, em que se discute “A inovação como ferramenta para recuperar a demanda, fidelizar o cliente e melhorar a qualidade do serviço”. Para o presidente da NTU, é fundamental pensar em como a tecnologia pode ser aplicada nas empresas de transporte, “trazendo melhorias e produtividade, com foco nos passageiros.”
O painel “Do Euro 6 à descarbonização do ônibus urbano” debate a chegada do padrão Euro 6 em 2023 e as opções tecnológicas já disponíveis no mercado. A discussão prossegue com o tema “Nova matriz energética para a redução de emissões”, sobre eletromobilidade; novas opções de biocombustíveis e aditivos; biodiesel e diesel verde (HVO); e biometano.
O último painel é “A evolução dos Sistemas Inteligentes de Transporte (ITS) e Meios de Pagamentos”, em que serão apresentados os novos sistemas de planejamento, gestão de rotas e frotas e monitoramento, tecnologias de transporte público sob demanda e mobilidade como serviço (MaaS), a diversificação e ampliação dos meios de pagamento, conectividade, inteligência artificial, big data e blockchain aplicados ao transporte urbano de passageiros.