Sonia Moraes
Apesar da queda de 0,7% na produção em junho em relação a maio, o mercado de ônibus começa a apresentar recuperação, encerrando o primeiro semestre de 2022 com crescimento de 29,1%, tendo 13.331 veículos fabricados no país, ante os 10.324 veículos feitos de janeiro a junho de 2021, segundo a Associação Nacional do Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Depois do grande impacto enfrentado durante a pandemia, a demanda está existindo e o crescimento deve acontecer em todo o setor, tendo ainda a participação do programa Caminho da Escola, com entregas de veículos referentes a licitação de sete mil ônibus do ano passado e uma parte da licitação de 3,5 mil veículos deste ano”, disse Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea. A licitação deste ano ocorreu em maio, após o Tribunal de Contas da União (TCU) permitir a homologação para a compra de modelos escolares, que havia sido suspensa.
Do total de ônibus produzidos no primeiro semestre deste ano, 11.457 são de modelos urbanos – 26% a mais que no mesmo período de 2021 – e 1.874 unidades de rodoviários – 52% acima de janeiro a junho do ano passado.
As vendas de ônibus apresentaram retração de 3,6% em junho em relação a maio, com 1.404 veículos emplacados, segundo a Anfavea. No acumulado do primeiro semestre, o número de ônibus emplacados no mercado brasileiro registrou uma redução de 3%, com 7.309 veículos vendidos, ante os 7.538 comercializados de janeiro a junho de 2021.
Do total de ônibus vendidos de janeiro a junho deste ano, 28% são modelos urbanos, 28% são veículos destinados ao Caminho da Escola, 17% são micro-ônibus, 14% rodoviários, 7% miniônibus e 6% fretamento. “Assim com o setor de caminhões, o de ônibus tem mostrado muita resiliência apesar das dificuldades que ainda persistem na logística”, destacou Bonini.
Nas exportações o mercado de ônibus mostra reação com 449 ônibus exportados em junho, 6,1% a mais que em maio (423 unidades) e no acumulado do primeiro semestre foram exportados 2.147 veículos (1.119 urbanos e 1.028 rodoviários), aumento de 13,7% sobre janeiro a junho de 2021.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, destacou que as exportações têm sido relevantes para o setor automotivo, com expansão surpreendente. “O desafio é manter o percentual de crescimento no mercado externo e continuar crescendo. Não podemos perder o foco nas exportações porque a indústria automobilística tem tecnologia, e os investimentos estão sendo feitos pensando também nas exportações”, disse Leite.
No ranking do primeiro semestre de 2022, a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com venda de 3.630 ônibus, 26,6% a mais que no acumulado de janeiro a junho de 2021 (2.868 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 1.859 veículos, 20,4% abaixo do mesmo período do ano anterior (2.335 ônibus), e o terceiro com a Agrale, que comercializou 1.399 veículos, 7,1% superior aos seis meses de 2021 (1.306 modelos).
Na sequência, está posicionada a Volvo que vendeu 218 ônibus até junho, 6,9% acima do primeiro semestre do ano passado (204 unidades); a Scania com 88 veículos, 120% superior a janeiro e junho do ano passado (40 unidades), e a Iveco que vendeu 86 ônibus, com queda de 88,8% sobre os seis meses de 2021, cujas vendas somaram 769 veículos.
Revisão das projeções
A Anfavea revisou as projeções para toda a indústria automobilística. No segmento de pesados, que inclui ônibus e caminhões, a estimativa de vendas caiu de 157 mil para 146 mil veículos (com 129 mil caminhões e 17 mil ônibus), reduzindo de 10% para 2,3% o crescimento esperado para o setor em 2022.
A exportação estimada em 29 mil veículos pesados no início deste ano caiu para 27 mil unidades. Já a produção, era esperado para 2022 um crescimento de 8%, com 192 mil veículos pesados, mas a projeção caiu para 178 mil unidades, mantendo o mesmo patamar de 2021.