Sonia Moraes
Ainda bastante impactado pela pandemia causada pela Covid-19 o mercado de ônibus fechou o acumulado de janeiro e fevereiro com 2.151 veículos emplacados, o que representou queda de 22,6% sobre os 2.778 veículos que foram vendidos no mesmo período de 2020, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A produção de 1.589 ônibus em fevereiro, embora tenha sido 11,4% superior a janeiro deste ano (1.426 unidades), não garantiu bom resultado no acumulado do ano, que fechou com retração de 24,3% com 3.015 veículos produzidos, ante os 3.982 ônibus feitos nos dois primeiros meses de 2020. Em comparação com fevereiro de 2020 (2.556 veículos) a redução foi de 37,8%. “Isso mostra a fragilidade que ainda se encontra esse segmento”, disse Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea, responsável por veículos pesados.
Dos 3.015 ônibus fabricados de janeiro a fevereiro deste ano, 2.541 unidades são de modelos urbanos (17,3% a menos que os 3.074 veículos feitos no mesmo período de 2020) e 474 unidades são rodoviários, cuja queda foi de 47,8% sobre os 908 modelos feitos nos dois primeiros meses do ano passado.
Exportações –
Com o mercado mundial também afetado pela crise causada pelo coronavírus, as exportações de ônibus no período de janeiro a fevereiro reduziram 32,6%, atingindo 473 unidades, antes os 702 veículos que foram comercializados no exterior no mesmo período de 2020.
Do total de ônibus exportados nos dois primeiros meses deste ano, 327 unidades são de modelos urbanos, que teve retração de 2,7% sobre os 336 modelos vendidos no exterior de janeiro e fevereiro de 2020, e 146 unidades são de modelos rodoviários, cuja queda foi de 60,1% na comparação com os 366 veículos que foram comercializados no mercado internacional no mesmo período do ano passado.
Em CKD (veículos desmontados) as montadoras exportaram 215 ônibus de janeiro a fevereiro, 40,2% a menos que no mesmo período de 2020, cujo embarque somou 361 veículos.
Na avaliação de Saltini o mercado de ônibus urbanos poderá ficar ainda mais comprometido se forem necessários períodos de lockdown com a consequente diminuição de viagens dos usuários. “O segmento rodoviário também poderá se fragilizar mais com as restrições que poderão ser intensificadas”, disse o vice-presidente da Anfavea.
“No caso de fretamento não devemos ter muita variação até porque as empresas já implementaram neste período de pandemia medidas que acabaram por aumentar um pouco o volume necessário de veículos para garantir distanciamento dos funcionários”, comentou Saltini.
Sobre o programa Caminho da Escola, que tem garantido bons resultados ao setor, Saltini afirmou que está sendo finalizado as entregas dos ônibus escolares do último edital e um novo edital deve ser feito em breve. “A nossa expectativa é que este edital seja de aproximadamente sete mil ônibus escolares. Confirmando o edital, este segmento deve se manter nos níveis que vimos em 2020 que ajudaram a puxar para cima o volume de ônibus”, comentou o vice-presidente da Anfavea.
Apesar da instabilidade que a pandemia causou em todo o mercado brasileiro, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea disse que não vai mudar a previsão feita para o setor automotivo, o qual considera ser muito conservadora. Para o mercado de ônibus a expectativa é de crescimento de 13%, com o emplacamento de 16 mil veículos.
Moraes também descartou a possibilidade de as montadoras suspenderem a produção por causa do agravamento da pandemia em todo o país, devido ao padrão de excelência que há nas fábricas em relação ao cuidado sanitário dentro das organizações. “O risco de parada das fábricas está mais ligado à falta de peças para a montagem dos veículos do que pela própria Covid-19. Mas, é preciso ficar atento porque temos uma doença invisível, que está se modificando com as variantes e não podemos subestimar. Se a gente não controlar a pandemia vamos ter meses difíceis pela frente”, disse Moraes.
O presidente da Anfavea falou que a pandemia preocupa o setor automotivo, além do impacto que causará na sociedade e na economia do país. “A Anfavea nunca subestimou a gravidade e as consequências da Covid-19 quando começou a chegar ao Brasil”, frisou Moraes.
“Além de fechar as fábricas, as montadoras criaram protocolos de saúde, mudaram o formato de trabalhar, o transporte, o restaurante, o sistema de produção, os ambulatórios médicos e implantaram sistemas rígidos de controle da saúde. Estamos aumentando a comunicação com os funcionários sobre os cuidados que devem ter e com suas famílias e estamos ajudando a não sobrecarregar o sistema público de saúde”, disse o presidente da Anfavea.
Moraes também falou sobre a importância de se ter um programa coordenado e de trabalhar de forma conjunta para garantir a vacinação da população o mais rápido possível. “É melhor proteger, vacinar do que gastar dinheiro com abono emergencial e outras ações para recuperar a economia. É urgente a questão da pandemia e se a gente não tratar isso com seriedade e foco vamos ter dificuldades ainda maiores e isso pode afetar a economia como um todo”, orientou o presidente da Anfavea.