Sonia Moraes
O mercado de ônibus continua bastante impactado pela crise da pandemia do Covid-19 e acumula, até setembro, queda de 34,6% na produção, com 14.248 chassis fabricados pelas montadoras, ante os 21.783 veículos feitos nos primeiros nove meses de 2019, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O aumento de 14,3% na produção em setembro sobre agosto deste ano, com 1.959 chassis, não atenua a crise que enfrenta o setor, pois este resultado contou com os veículos destinados ao programa Caminho da Escola e um pouco de exportações, segundo a Anfavea. A entidade considera os números de setembro e do acumulado do ano como o pior desde 2017.
Do total de ônibus produzidos em setembro, 1.839 unidades são de modelos urbanos, o que representou aumento de 22,4% sobre agosto deste ano (1.502 unidades). “Além de ônibus escolares, inclui-se neste número uma negociação pontual com dois clientes no país que contribuíram para o aumento na produção de urbanos no mês passado”, esclarece Marco Saltini, vice-presidente de veículos pesados da Anfavea.
O segmento de rodoviários, que ainda enfrenta momento difícil por causa da pandemia, teve 120 unidades fabricadas em setembro, redução de 43,4% sobre agosto deste ano.
Licenciamento–
Sem a influência do represamento no licenciamento causado pelo fechamento do Detran durante a pandemia, as vendas de ônibus voltaram ao patamar mais próximo da realidade em um período de crise, com registro, em setembro, de redução de 17,6% sobre agosto, com 1.233 veículos comercializados no mercado brasileiro.
No acumulado de janeiro a setembro, a retração foi de 34,4%, com 9.969 ônibus vendidos no país, ante 15.196 veículos comercializados nos nove meses de 2019.
Do total de chassis de ônibus vendidos de janeiro a setembro, 5.058 unidades foram da Mercedes-Benz, que se manteve na liderança do mercado, e 2.797 foram da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que ficou em segundo lugar. A Agrale vendeu 1.130 veículos, Volvo 342, Scania 278 e a Iveco 239.
Exportação–
Nas exportações, as montadoras registraram aumento de 24,6% em setembro, com 294 ônibus vendidos no exterior – 207 modelos rodoviários e 87 urbanos –, ante os 236 veículos exportados em agosto deste ano. Este aumento, segundo Saltini, deve-se principalmente às compras feitas por clientes da Argentina, além de algumas negociações fechadas com o México. “A pandemia está obrigando as empresas a usar a metade da capacidade dos veículos de transporte e isso fez aumentar a procura por modelos rodoviários no exterior”, diz Saltini.
Projeções –
Com um cenário um pouco mais definido sobre como será o desempenho econômico do país após a pandemia e como o setor automotivo se comportará até o fim do ano, a Anfavea revisou suas projeções para 2020.
Embora os efeitos da pandemia ainda sejam fortes em todo o país, a entidade trabalha com perspectiva positiva para o setor automotivo ao levar em conta a melhora substancial da confiança por parte da indústria, do comércio e do consumidor, além da queda na taxa de juros, na Selic (taxa básica de juros da economia) para 2% e a estabilidade nas projeções de redução do PIB, estimada em 5% para 2020.
Com base neste novo cenário a Anfavea prevê que a venda de veículos pesados deverá atingir 97 mil unidades em 2020, o que representará uma queda de 21% sobre 2019 (122 mil unidades). A previsão feita em julho era que fecharia o ano com vendas de 75 mil veículos, contração de 39%.
Dos 97 mil veículos que deverão ser vendidos neste ano, 83,5 mil serão caminhões (cuja queda será de 18% sobre 2019) e 13,5 mil serão ônibus (retração de 36% sobre o ano anterior).
Com a paralisação do turismo e o impacto no transporte público causado pela pandemia do coronavírus, a previsão anterior da Anfavea era que o mercado de ônibus terminaria o ano com 10 mil veículos vendidos, o que significaria uma queda de 52% sobre 2019.
As exportações de veículos pesados deverão atingir 14 mil unidades, 32% inferior a 2019. Na previsão feita em julho era que de baixa de 43%, com 12 mil veículos exportados.
A produção deverá totalizar 95 mil veículos pesados, redução de 33% sobre 2019 (141 mil unidades). A estimativa anterior era de retração de 42%, com 82 mil veículos fabricados pelas montadoras.