Sonia Moraes
As fabricantes de chassis de ônibus conseguiram um incremento de 7,1% na produção de agosto, com 1.714 unidades, quando comparado com julho (1.601 unidades), por causa do programa Caminho da Escola. Mas, no acumulado de janeiro a agosto, os 12.289 ônibus (10.003 urbanos e 2.286 rodoviários) fabricados pelas montadoras, ficaram 36,6% abaixo do mesmo período de 2019 (19.370 unidades), segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“Tirando os ônibus escolares, que estão impactando positivamente os emplacamentos do setor, que devem terminar no próximo mês, é aí que vamos cair na realidade porque o segmento de urbanos e o de rodoviários estão passando por um momento muito difícil”, afirmou Luiz Carlos Moraes, presidente Anfavea.
Os modelos de fretamento, embora tenham tido maior demanda durante a pandemia da Covid-19, porque as empresas tiveram que comprar mais ônibus para manter o distanciamento dos seus funcionários, refletiram pouco na produção pois sua representatividade é pequena no setor, segundo observou Marco Antonio Saltini, vice-presidente da Anfavea.
Moraes comentou durante a coletiva de imprensa on-line que a Anfavea está conversando com os operadores do sistema de transporte, com a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) e com a Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU) para tentar entender o mercado de ônibus, que ainda causa muitas preocupações, devido ao impacto causado pela Covid-19.
No mercado interno, as montadoras venderam em agosto 1.497 chassis de ônibus, 1,7% a menos que em julho (1.523 unidades), e 8.736 veículos nos oito meses deste ano, o que representou uma queda de 35,1% sobre o mesmo período de 2019 (13.460 unidades).
No exterior, o desempenho também foi muito fraco, com a exportação de 236 veículos em agosto, 57,9% a menos que em julho (561), e de 2.523 veículos nos oito meses do ano, 46,9% inferior aos 4.755 veículos que foram exportados de janeiro a agosto de 2019. “Esses resultados mostram que o mercado de ônibus vai ser muito complicado este ano”, disse Saltini.
Do total de ônibus exportados de janeiro a agosto, 1.229 unidades foram de modelos rodoviários, 23,5% a menos que no mesmo período de 2019 (1.607), e 1.294 unidades de modelos urbanos, 58,9% abaixo dos 3.148 veículos embarcados nos primeiros oito meses de 2019.
Em CKD (veículos desmontados), as montadoras exportaram 1.559 chassis de ônibus de janeiro a agosto, 6,2% a menos que no mesmo período de 2019 (1.662 unidades). Satini comentou que, com a forte retração no mercado brasileiro, as montadoras vão tentar intensificar as exportações.
Ranking –
Entre as fabricantes de ônibus, a liderança no mercado ficou com a Mercedes-Benz, que vendeu 4.448 veículos de janeiro a agosto, 35% a menos que no mesmo período de 2019 (6.839); e o segundo lugar, com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que comercializou 2.434 veículos, 33,6% a menos que nos oito meses de 2019 (3.668).
Em terceiro lugar está a Agrale, com a venda de 999 veículos de janeiro a agosto, 36,7% a menos que em igual período de 2019 (1.578). Na sequência está a Volvo, com 305 veículos, 40,2% abaixo de 2019 (510); a Scania com 257 unidades, 55,5% a menos que os 577 veículos vendidos nos oito meses de 2019, e a Iveco que vendeu 174 ônibus, com redução de 17,9% em relação a janeiro a agosto de 2019 (212 unidades).
A previsão para o setor não foi revista pela Anfavea, que mantém a estimativa de vender dez mil ônibus em 2020, o que representará uma queda de 52% sobre 2019, quando foram comercializados 20.932 veículos no país.
O presidente da Anfavea comentou que somente com o resultado de setembro será possível ter uma visão mais clara sobre toda a indústria automobilística. “Não estamos olhando mais para o tombo e sim para frente. A indústria automobilística é resiliente e provou nas crises passadas que é muito forte”, disse Moraes.