O mercado de ônibus deverá vender neste ano 10 mil veículos, o que representará uma queda de 52% em relação a 2019, quando foram comercializadas 21 mil unidades no país. “Este é um cenário possível de acontecer, pois o transporte urbano e o fretamento foram muito impactados”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Esta projeção da Anfavea representa o pior resultado de toda a indústria automobilística – caminhões cairão 36% e automóveis 40%. No início do ano, com o mercado bastante aquecido, a expectativa era que as vendas de ônibus atingiriam 23 mil unidades no país.
Se o resultado se confirmar, o mercado de ônibus – o mais afetado pela crise na área da saúde – retrocederá três anos, ficando abaixo de 2017, quando teve 11.755 unidades vendidas no mercado brasileiro. “É o reflexo da pandemia que paralisou o turismo e impactou o transporte público”, afirma Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.
No acumulado de janeiro a maio, a venda de ônibus foi a que teve maior percentual de queda em todo o setor automotivo, de 42,7%, com 4.647 veículos emplacados, ante 8.104 unidades vendidas no mesmo período do ano anterior. “Isso ocorreu porque o turismo é inexistente neste momento e o transporte urbano teve redução no tamanho da frota”, observa Bonini.
O que motivou o mercado de ônibus neste período, segundo o vice-presidente da Anfavea, foi o Caminho da Escola, que manteve ativa as negociações, mesmo com a pandemia, e ainda tem entregas previstas para os próximos meses.
No segmento de urbanos o momento ainda é difícil. “As renovações de frota poderão ser impactadas pela extensão da idade por alguns meses, mas o prazo poderá se estender mais, dependendo das cidades e da visão dos operadores. Estamos olhando para o mercado de ônibus com atenção por causa da queda que já teve e do potencial de continuar com volume muito baixo”, diz Bonini.
Nas exportações o resultado, que não estava bom no ano passado, continua negativo. No acumulado de janeiro a maio a retração foi de 57,9% com o embarque de 1.345 veículos – 813 modelos urbanos e 532 rodoviários –, ante os 3.194 veículos que foram exportados no mesmo período de 2019. Em CKD (veículos desmontados) as vendas externas caíram 32,6%, com 722 veículos.
Os grandes compradores de ônibus brasileiros são a Argentina, Peru, Chile e Colômbia. “Esses países também estão enfrentando a crise e isso impactou os negócios do Brasil”, afirma o presidente da Anfavea.
Com o mercado interno e externo ainda bastante fragilizado pela pandemia, a produção de ônibus no acumulado de janeiro a maio teve uma redução de 34,9%, com 5.985 veículos fabricados, ante um volume que somou 9.190 unidades em 2019. “A fábricas voltaram às atividades, mas estão trabalhando em ritmo lento e em apenas um turno, por causa das ações na área da saúde e os cuidados para garantir o máximo de segurança aos empregados e isso afeta o andamento da produção”, afirma o presidente da Anfavea.
Diante do cenário de incertezas trazido pela Covid-19, a Anfavea não apresentou na coletiva virtual realizada em 05 junho a previsão para a produção, que ainda não está em plena normalidade, e a exportação, que ainda enfrenta dificuldades.