Sonia Moraes
Technibus – Quando a Volkswagen começa a produzir o novo ônibus rodoviário?
Ricardo Alouche – O ônibus rodoviário Volksbus 18.320 SH entrará em produção nos próximos meses na fábrica de Resende, no Rio de Janeiro. (Este novo ônibus rodoviário foi apresentado em maio do ano passado para a imprensa).
Technibus – A Volkswagen está confiante de voltar a concorrer em um mercado forte?
Ricardo Alouche – Sim. Este ônibus terá grande sucesso porque vem repleto de novidades, levando conforto para os motoristas e passageiros. O Volksbus 18.320 SH rodoviário foi totalmente remodelado e atende as mais importantes necessidades do setor e conta com transmissão automática de série, suspensão pneumática integral e motor que oferece de 5% a 10% de economia de combustível.
Technibus – Para o mercado de ônibus em 2024, qual a sua previsão?
Ricardo Alouche – O mercado de ônibus será melhor do que no ano passado e, além de ter começado num ritmo muito forte, ainda terá um volume incremental do Caminho da Escola.
Technibus – As renovações de frota serão mais intensas neste ano?
Ricardo Alouche – Depois do grande impacto enfrentado durante a pandemia, quando várias empresas ficaram com os ônibus parados por muitos meses por falta de passageiros, o mercado em geral começou a se recuperar no ano passado mais rápido porque tem contratos que exigem idade média para os veículos em operação. O que vemos agora é que, além da renovação da frota por causa da obrigatoriedade de contrato, está havendo uma ampliação do mercado de ônibus porque vários clientes estão querendo entrar na jornada de renovação natural de sua frota para manter a idade média baixa dos ônibus e conseguir vender os modelos usados com maior valor.
Technibus – Qual a sua previsão para o mercado de urbanos?
Ricardo Alouche – O mercado de ônibus começou muito forte e acreditamos que o segmento de urbanos vai continuar forte nos dois primeiros trimestres, porque é ano de eleições municipais. Terá um movimento intenso no primeiro semestre com muitas negociações, depois ficará brando e quando estiver esfriando no segundo semestre os modelos escolares sustentarão o ritmo de produção.
Technibus – Como será a participação no programa Caminho da Escola este ano?
Ricardo Alouche – No segmento de escolares a Volkswagen terá grande participação, com 5.600 ônibus para serem produzidos, quase a metade do lote do programa Caminho da Escola, que chegou a um total de 15.320 ônibus que serão comprados pelo governo federal.
Technibus – E o mercado de micro-ônibus como está? Qual a sua previsão para este ano?
Ricardo Alouche – O mercado de micro-ônibus começou o ano de forma diferente, mais aquecido do que o segmento urbano e o rodoviário. Notamos esse aquecimento com as cotações que temos recebido desde o final do ano passado e isso ocorre porque este foi o segmento que mais demorou para ser renovado nos últimos dois anos e, por força de contrato, serão obrigados a renovar parte da frota este ano. Por isso, acredito que terá um bom desempenho em 2024.
Technibus – Que outro movimento que impulsionará o mercado de micro-ônibus?
Ricardo Alouche – Algumas cidades estão otimizando as suas frotas, pois com a baixa no número de passageiros causada pela pandemia, os empresários estão substituindo os ônibus grandes nas operações urbanas e passaram a comprar mais micro-ônibus, que é mais barato e atende a população. É um movimento que acontece em todo o país em uma ou outra cidade.
Technibus – Qual a sua avaliação sobre o mercado de ônibus elétricos?
Ricardo Alouche – Não haverá uma migração de ônibus diesel para o elétrico de uma só vez em um ano, pois não há capacidade da indústria de produzir o ônibus elétrico e nem das cidades de fornecer energia para carregar as baterias. É um modal que chega com pequenos volumes e vai acelerar gradativamente ao longo do próximo ano. Eu entendo que é um modelo que veio para ficar e é por isso que estamos trabalhando intensamente neste veículo também, mas não temos projeções de vendas de grandes volumes neste ano e no próximo.
Technibus – Há preocupação com os concorrentes chineses que estão chegando no mercado brasileiro?
Ricardo Alouche – É preciso estar atendo a esse movimento. A Volkswagen é uma montadora que tem 43 anos no Brasil e é líder de mercado em caminhões e vice líder em ônibus. Para manter essa posição e continuar crescendo, temos que estar atento a todos os movimentos do mercado, mas não acredito que uma montadora meramente importe veículos de outro lugar do mundo e instale uma grande capacidade num país continental como o Brasil.