Márcia Pinna Raspanti
Os feriados de Páscoa e de Tiradentes, e os desfiles de Carnaval tardio, aqueceram as vendas de passagens de ônibus rodoviário no país em abril. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), o setor deve fechar o mês com um aumento de 10% a 15% no número de passageiros, em relação a abril de 2019, antes de pandemia.
“Foi ótimo. Bem melhor do que esperávamos, pois nossa expectativa era alcançar os resultados de 2019, mas conseguimos superar essa nossa prospecção inicial”, comemora Letícia Pineschi, conselheira e porta-voz da Abrati.
Letícia destaca que o perfil do passageiro também está mudando. “Os serviços especiais, como cama, leito e cabine individual, se esgotaram rapidamente. Acreditamos que muitos passageiros trocaram o automóvel próprio e o avião pelo ônibus na hora de viajar. Isso devido aos altos preços das passagens aéreas e do combustível”, comenta.
“E esses novos clientes se surpreenderam favoravelmente com a qualidade do serviço das empresas de transporte rodoviário, o que é muito positivo”, complementa.
Segundo Letícia, mesmo com alguns reajustes nas passagens rodoviárias devido aos aumentos do diesel, ainda é muito mais barato viajar de ônibus que de automóvel. “Em um percurso de cerca de 190 quilômetros, sem contar o pedágio, o custo da viagem de ônibus é 80% menor, em média, que de carro próprio. No caso do avião, as diferenças são ainda maiores”, avalia.
Para a conselheira da Abrati, o transporte rodoviário deve continuar nesta tendência de crescimento ao longo do ano, em virtude do aquecimento do turismo. “Teremos um novo período de aumento das viagens em julho, em nível nacional. Em junho, nos estados do Norte e Nordeste, devemos ter boa movimentação em função das festas juninas, que ficaram suspensas dois anos por causa da pandemia”, diz.´
Letícia não acredita, entretanto, que o setor irá se recuperar financeiramente ainda em 2022 das perdas causadas pela pandemia, mesmo que haja recuperação no número de passageiros. “Não é possível reajustar a tarifa em um nível que reponha esses prejuízos ou teríamos uma fuga dos passageiros. As empresas precisarão ter paciência para diluir esses prejuízos em um período maior E também precisamos lutar para reduzir o transporte clandestino que prejudica demais o setor”, pondera.
Empregos-
Outro indício desta tendência positiva para o setor é a recuperação gradual do nível de empregos. Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), pela primeira vez desde o início da pandemia, há registros de mais pessoas admitidas do que demitidas pelas empresas de ônibus rodoviários interestaduais do Brasil.
De acordo com a Abrati, o crescimento do turismo rodoviário contribuiu para este cenário positivo, já que com o aumento da demanda dos passageiros pelas viagens de ônibus, as empresas voltaram a contratar.
Até o momento, fevereiro foi o mês com o maior saldo de admissões desde 2020. “Os números de admissões mostram que estamos no caminho certo no processo de retomada da economia. Os empregos estão crescendo no setor regular de transporte rodoviário e nossa expectativa é de que mais vagas sejam abertas ainda no primeiro semestre de 2022, especialmente para motoristas”, destaca Letícia Pineschi.
A conselheira da Abrati observa também que as empresas estão abrindo vagas para funções que antes não existiam nas empresas do setor. “Há muitas vagas inéditas, principalmente relacionadas ao processo de digitalização que ocorreu em função da pandemia”, informa.