Scania Banco prepara linha de crédito para veículos movidos a gás

A nova modalidade de financiamento, que será lançada no mercado mundial, está sendo definida pela matriz na Suécia e não tem data para entrar em operação no Brasil

Sonia Moraes

O Scania Banco prepara o lançamento de uma linha de crédito específica para o financiamento de veículos movidos a gás (caminhões e ônibus). “A nova modalidade de financiamento está sendo definida pela matriz na Suécia e será disponibilizada para o mercado mundial, mas ainda não tem data para entrar em operação no mercado brasileiro”, disse para a revista Technibus Martin Sörensson, que acaba de assumir a presidência de Serviços Financeiros Scania, departamento que engloba o Scania Banco e o Consórcio Scania.

No Brasil, o Scania Banco trabalha com a linha de crédito Finame do BNDES para veículos de baixo carbono. Para garantir maior facilidade aos seus clientes, a instituição está criando condições atrativas para financiamento. “Temos várias ideias para ser colocada em prática. Em vez de negociar um contrato de 60 meses, podemos oferecer um período mais longo, de 72 meses, com parcelas mais acessíveis. Isso é mais importante do que ter taxa de juros mais baixa”, disse Sörensson.

Sobre a preferência dos clientes em relação a modalidade de financiamentos, Sörensson comentou que cada cliente tem suas necessidades distintas. “Por isso, temos que entender essas necessidades e para que o veículo será utilizado. Com base nessas informações, podemos construir novas opções de financiamentos e uma solução financeira boa para cada um.”

Confiante na retomada econômica do país, mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, o Scania Banco prevê aumentar o valor de recursos que serão disponibilizados para o financiamento de veículos da marca. “Devido a indefinição do mercado é difícil precisar o valor que será liberado neste ano”, disse Sörensson.

Em 2020, o departamento de Serviços Financeiros Scania repassou R$ 3,1 bilhões de recursos, sendo R$ 2,1 bilhões para o financiamento de veículos e R$ 1 bilhão para o consórcio. Dos R$ 2,1 bilhões liberado no ano passado, a maior parte foi para o financiamento de caminhões e R$ 120 milhões para o financiamento de ônibus.

Do total de R$ 4,6 bilhões que o Scania Banco tem em sua carteira, o segmento de ônibus responde por 8%. “A representatividade é pequena porque este setor foi muito impactado pela pandemia e ainda enfrenta muitas dificuldades com a baixa no transporte de pessoas no turismo e no serviço urbano”, comentou Sörensson.

No consórcio, a instituição tem oito mil clientes ativos e 22 mil cotas ativas. “Este é um produto específico para o Brasil, com financiamento em até 100 meses e parcelas menores para a aquisição de caminhões, ônibus e implementos”, explicou o executivo.

A meta de Sörensson é de que o Scania Banco tenha 50% de participação nas vendas dos veículos da Scania em 2021. “Para ser relevante no mercado e ter capacidade de ajudar os clientes em tempos bons e ruins temos que ter participação significativa nas vendas de veículos e ser um bom parceiro dos concessionários”, disse o executivo. “Essa foi a realidade nos últimos anos, e queremos seguir neste patamar.”

Apesar de o relacionamento pessoal ser muito importante para o Brasil, Sörensson afirmou que o Scania Banco também está trabalhando com vendas virtuais e digitalizando os processos para tornar as operações mais simples aos clientes.

Sörensson comentou que mesmo neste momento de instabilidade causada pela pandemia, o mercado segue ativo, com muitas vendas e atividade em todos os setores. “Isso significa que os nossos clientes estão trabalhando bastante e temos oportunidades de financiar veículos.”

Dos financiamentos realizados atualmente pelo Scania Banco, 80% são por meio do CDC (Crédito Direto ao Consumidor) pré-fixado e 20% pelo Finame pós-fixado. “Diante da situação atual do mercado, com a incerteza para planejar, muitos clientes preferem o CDC pelo fato de saber o valor das parcelas que vão pagar mensalmente. Com isso, eles podem planejar e programar o fluxo de caixa”, explicou Sörensson. “O Finame, mesmo com parcela menor a curva de juros para o futuro está bem elevada com o incremento atual e isso significa que as parcelas serão maiores que o CDC.”

Nos contratos de CDC, o Scania Banco trabalha com prazos de 24, 36, 48 e 60 meses. “A escolha depende das necessidades dos clientes, mas em média a maior procura é pelo prazo de 48 e 60 meses”, disse Sörensson.

Recém-chegado ao Brasil, Sörensson disse que estar preparado para enfrentar os desafios impostos pela pandemia, pois na Espanha, onde morou quatro anos, conviveu até com lockdown. “É sempre difícil mudar com a família de um país para outro, neste momento de pandemia, mas aprendemos a lidar com essa crise que no ano passado era algo novo.”

Sörensson comentou que 2020, mesmo com a crise sanitária, foi um ano muito bom para os Serviços Financeiros Scania e para os clientes. “Fizemos acordo para ajudar os clientes, repactuamos 40% das carteiras e isso ajudou os clientes na flexibilização de caixa e, com a melhora do fluxo de caixa, eles voltaram a pagar as parcelas dos financiamentos e o índice de inadimplência foi muito baixo. Como banco de montadora temos que estar com clientes em tempos bons e em tempos ruins.”

Perfil –

Martin Sörensson tem 40 anos, é pai de três filhos e nasceu em Gotemburgo, na Suécia. Entrou na Scania como controller em 2006, na matriz sueca. Em 2008, teve experiência na Scania Rússia por meio de um programa interno de aprimoramento pessoal. Após voltar para a matriz na Suécia aceitou a oportunidade como controller na Scania Rússia ao final daquele mesmo ano. Retornou para a matriz sueca em 2011 como Chief Financial Officer (CFO) e depois, em 2015, acatou o desafio de se tornar diretor da Scania Financeira. Após o sucesso no cargo foi convidado para assumir a função de CFO da Scania Ibérica, em abril de 2016.

A formação do novo presidente dos Serviços Financeiros Scania foi na Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Lá se tornou mestre em Ciências de Administração Econômica e graduado em Ciências Econômicas, no período entre 2001 e 2006.  

Veja também

Por