Desafios à eletrificação da frota de ônibus na América Latina

O novo presidente do Comitê Global de Economia e Financiamento de Transportes da UITP avalia como “inteligente” o modelo de negócios adotado em São Paulo para a eletrificação do transporte coletivo e acredita que será replicado por outros municípios

Marcia Pinna

Flávio Chevis, CEO da Addax e novo presidente do Comitê Global de Economia e Financiamento de Transportes da UITP, abordou as dificuldades em se implementar frotas de ônibus elétricos no Brasil e na América Latina durante a UITP Summit 2025, em Hamburgo. “Não é fácil fazer a eletrificação em nenhum lugar do mundo, nem mesmo na Europa, nos países em que esse processo está bem mais avançado”, avalia.

Flávio Chevis, da Addax

Segundo ele, apesar dos custos de operação serem bem mais baixos nas frotas elétricas, os custos de aquisição dos veículos são altos. “O ativo, que é o ônibus, é muito caro ainda. O preço está em queda e o veículo tem uma vida útil maior, mas mesmo assim, o investimento inicial para uma frota elétrica é muito alto”, destaca.

Chevis lembra que a Europa e a China têm uma forte tradição de programas de subsídios a projetos de transporte coletivo. “Isso faz com que eles consigam implementar essas frotas elétricas mais rapidamente. Já na América Latina, isso ocorre de forma mais lenta. Embora, no Chile (Santiago) e na Colômbia (Bogotá) o ritmo tem sido mais acelerado. Nessas localidades, eles separaram a compra do ativo da operação, em estruturas contratuais distintas, e houve grande atuação dos governos centrais”, diz.

Na avaliação do especialista, com isso, tanto Bogotá quanto Santiago construíram uma estrutura muito robusta, que acelerou o processo de eletrificação. “No Brasil, na maioria dos casos, não tem sido feito assim. São Paulo, por exemplo, utiliza o modelo em que é o mesmo contrato para compra do ônibus e da operação, que é um contrato típico brasileiro.”

Nesse modelo que é adotado em São Paulo e deve ser seguido em Curitiba, as prefeituras fazem aportes de recursos diretamente no contratos (subvenção econômica). “Os municípios buscam recursos mais baratos do tipo green financing junto a instituições financeiras como o BNDES, BID, Banco Mundial, KfW e AFD. E a partir disso, os contratos são licitados. É uma ação inteligente, que requer obviamente a participação pública e alavanca também o lado positivo do ente privado na operação da frota”, pondera.

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