Produção de ônibus tem retração de 26,6% de janeiro a maio de 2023

Para garantir estimulo a toda indústria automobilística, entra em vigor a Medida Provisória 1173, que destinará um recurso total de R$ 1,5 bilhão em crédito tributários, sendo R$ 300 milhões para o segmento de ônibus

Sonia Moraes

Com a produção de 1.947 veículos em maio, o mercado de ônibus registrou aumento de 8,3% em relação a abril, quando foram produzidas 1.628 unidades. No acumulado dos cinco meses de 2023, o segmento ainda registra desempenho negativo com a retração de 26,6%, tendo 6.484 veículos fabricados, ante os 10.340 ônibus que foram produzidos de janeiro a maio de 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Do total de ônibus produzidos até maio deste ano, 6.484 são modelos urbanos, um resultado 27,4% inferior ao mesmo período de 2022 (8.925 unidades); e 1.106 modelos são rodoviários, 21,8% abaixo dos cinco meses do ano passado (1.415 veículos).

As vendas de ônibus apresentaram desempenho positivo com 1.920 veículos licenciados em maio, um número 36,3% maior que em abril (1.409 unidades) e 9.548 veículos vendidos nos cinco meses do ano, o que corresponde a um aumento de 61,7% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram comercializados 5.904 veículos no país.

Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, atribuiu o aumento de mais de 60% nas vendas de ônibus até maio ao grande volume de produção que foi concentrado nas montadoras no fim de 2022 e que acumulou nas encarroçadoras, refletindo em vendas maiores até maio deste ano. “A quantidade de ônibus produzidos no fim de 2022 atingiu três mil unidades, acima no nível normal que é de 1,6 mil unidades, observou Bonini. O executivo destacou que, dos 9.548 veículos vendidos de janeiro a maio deste ano, apenas 6,5% o que corresponde a 621 unidades, são de modelos fabricados antes de 2023, enquanto esse percentual deveria ser de 19%. “O grande volume de veículos licenciados até maio é de modelos Euro 5 produzidos no ano passado.”

No ranking de janeiro a maio de 2023, a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com venda de 4.602 ônibus, 57,9% superior ao mesmo período de 2022 (2.915 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 2.642 veículos, 79,5% acima dos cinco meses do ano passado (1.472 unidades), e o terceiro com a Agrale, que comercializou 1.468 veículos, 25,7% superior aos cinco primeiros meses de 2022 (1.168 unidades).

Na sequência está posicionada a Volvo que vendeu 436 ônibus até maio, 139,6% a mais que nos primeiros cinco meses do ano passado (182 unidades); a Iveco com 263 ônibus vendidos, 260,3% acima do mesmo período de 2022 (73 unidades), e a Scania com 100 veículos comercializados no país, aumento de 51,5% sobre janeiro a maio do ano passado (66 unidades).

A exportação de ônibus teve aumento de 26,9% em maio em relação a abril, com 424 veículos, mas nos cinco meses do ano apresentou queda de 7,8%, com 1.566 veículos vendidos no mercado externo, em comparação aos 1.698 veículos exportados no mesmo período de 2022.

De modelos urbanos, foram exportados 991 veículos, 14,3% a mais que em janeiro a maio de 2022 (867 ônibus), e de rodoviários foram 575 veículos, 30,8% superior às 831 modelos exportados de janeiro a maio de 2022.

Medida provisória-

Para estimular toda a indústria automobilística, entrou em vigor a partir de hoje (06/06) a Medida Provisória 1173, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estabelece incentivo à renovação da frota com descontos na compra de veículos novos por meio da redução no preço de automóveis, caminhões e ônibus.

O programa estará em vigor em até 120 dias. Ao todo serão destinados pelo governo federal R$ 1,5 bilhão em créditos tributários, sendo R$ 500 milhões para veículos leves, R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus, recurso que será proveniente do aumento no preço do diesel.

O desconto é dividido por categoria de veículo, com capacidade para até 20 passageiros, sendo R$ 99.400 para ônibus rodoviários, R$ 70 mil para urbanos, R$ 60 mil para chassis e R$ 38 mil para ônibus monobloco.

“Estamos otimistas com a resposta dos consumidores, com a preservação do emprego e o fortalecimento da indústria”, disse Geraldo Alckmin, vice-presidente da República, e destacou a importância da indústria automobilística, que representa 20% da indústria de manufatura e tem uma cadeia longa desde a pré-indústria, que envolve a produção de insumos, até o pós-indústria, que inclui as oficinas e peças envolvendo cerca de 1,2 milhão de pessoas.

“No caso dos caminhões e ônibus, houve uma mudança de fase do Euro 5 para o Euro 6, o que é ótimo porque atende ao meio ambiente, polui menos e emite menos material particulado, só que encareceu o preço dos veículos e poderia ter um efeito contrário essa decisão do Conama e na prática poderia resultar em não venda e ficarmos com uma frota envelhecida de caminhões e ônibus poluindo, com problema mecânicos e de segurança. Então foi criado esse programa com crédito tributário também para esse setor. É uma medida importante porque retira os veículos velhos de circulação”, disse Alckmin. “Para receber o crédito tributário, o desconto no preço, é necessário que o ônibus tenha mais de 20 anos.”

Para as exportações, o BNDES criou uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para quem exporta em dólar e terá o financiamento em dólar. “O risco de variação cambial é praticamente zero, paga em dólar com custo mais baixo”, disse o vice-presidente da República

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