Márcia Pinna Raspanti
A primeira etapa do III Fórum Transporte Sustentável foi realizada em 11 de agosto, durante a Lat.Bus 2022 (Feira Latino-americana do Transporte). Após duas edições digitais, o fórum, organizado pela OTM Editora e com patrocínio da Prometeon, ocorreu em formato misto – presencial e digital. O conteúdo está disponível no canal do YouTube (FTS – Mobilidade). A segunda etapa do evento, o Fórum Transporte Sustentável – Carga e Logística, será realizada em 9 de novembro, na Fenatran.
O encontro foi um sucesso, como já havia ocorrido nas edições anteriores. Além dos cases e da troca de experiências, os especialistas em transporte e mobilidade ressaltaram que o ESG não é apenas fundamental no cenário atual, como também pode ser lucrativo. Paulo Moraes, vice-presidente de Sales & Marketing da Scania Latin America e Patrícia Acioli, gerente executiva responsável por Relações Corporativas e Sustentabilidade da Scania Latin America, apresentaram o tema ‘As vantagens do ESG’. “É importante destacar que sustentabilidade não é mais uma opção, mas uma necessidade para quem quer se manter no mercado. Hoje existe uma forte pressão dos clientes e investidores nesse sentido”, comentou Patrícia.
Paulo Moraes enfatizou a importância da sustentabilidade econômica nos negócios. “ESG é uma oportunidade de negócios, e as empresas devem estar atentas a isso. A eficiência energética, por exemplo, traz lucros e ainda reduz a emissão de poluentes. Há várias tecnologias que podem ser combinadas, como biometano, HVO, eletrificação, para que as empresas encontrem a solução de transporte sustentável que lhes seja mais adequada”, disse.
Karisa Ribeiro, especialista em transporte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) abordou o ‘ESG aplicado’, destacando a relação entre sustentabilidade e mercado financeiro. “A sustentabilidade representa parte da sobrevivência de quem está nos negócios. Os bancos exigem transparência, confiança e informação para liberar recursos para as empresas, portanto, a governança é fundamental. É importante lembrar que para cada dólar investido em projetos ligados à mudança climática, por exemplo, o retorno é de US$ 4”, apontou.
Jurandir Fernandes, presidente honorário da divisão América Latina da UITP, falou sobre “Experiência internacional em mobilidade sustentável’, lembrando que “as mudanças econômicas acompanham as ambientais”. E enfatizou a necessidade de parcerias entre o poder público e o privado, além da importância da colaboração. “Na Europa, as cidades trabalham de forma conjunta, padronizando as experiências e criando uma forte sinergia. O caminho para a sustentabilidade passa pela colaboração.”
Marcelo Carbonieri, gerente de engenharia de produto da Prometeon, apresentou ‘Tecnologias que reduzem o consumo de combustível e minimizam os impactos ao meio ambiente’. “No Brasil, o cenário de elétricos ainda é pequeno e há muito espaço para crescer, com muitas oportunidades. A Prometeon desenvolve soluções sustentáveis para a frota existente e para os veículos elétricos, que são uma tendência global”, informou.
O pneu para veículos elétricos, que a empresa vai lançar no mercado, será avaliado pela autonomia e não mais pela quilometragem. “O produto precisa ser mais leve e robusto para suportar uma carga maior, e precisa ser mais resistente e mais silencioso. E o desafio é em relação à reforma dos pneus para os modelos elétricos. Além disso, fizemos várias parcerias com universidades, para pesquisar matérias-primas diferentes como grafeno e fibra de carbono”, contou Carbonieri.
O último painel do encontro reuniu algumas das mais tradicionais empresas de transporte rodoviário de passageiros, que apresentaram ‘Boas práticas em ESG’. Paula Tommasi Barcellos, CEO da Viação Águia Branca, destacou os projetos implementados pela empresa. “Quem está atento ao cenário entende a relevância do tema para a garantia de operações mais seguras e sustentáveis. A Águia Branca se orgulha de participar desse diálogo e de ajudar a fomentar um debate tão importante, que possibilita essa troca de experiência entre as empresas do segmento e a adoção de mais práticas sustentáveis no mercado”, disse.
A head de Sustentabilidade do Grupo Águia Branca, Adriana Denadai, também apresentou os projetos do grupo, como o primeiro veículo autônomo brasileiro para transporte de grandes cargas em áreas industriais, chamado de Galileu. A iniciativa, lançada recentemente, envolve digitalização e robotização em operações logísticas para a movimentação de cargas com volume acima de 80 toneladas.
Luana Fleck, diretora da Viação Ouro e Prata, trouxe uma série de ações da empresa. “No aniversário de 82 anos da empresa, realizamos uma ação de reflorestamento em uma área de proteção ambiental onde a Ouro e Prata plantou 438 árvores nativas na área de preservação permanente na cidade de Gravataí”, contou. O projeto Seleciclar, um programa que promove internamente conceitos de preservação do meio ambiente, e a adesão ao Programa Ambiental do Transporte (Despoluir) também foram destaques.
Letícia Pineschi, diretora de marketing e relações institucionais do Grupo Guanabara, disse que as empresas do grupo praticam diversas ações como reciclagem, reuso de água e de outros recursos naturais, além de programas sociais como Caminhos Musicais Guanabara, em que a Filarmônica Estrelas da Serra apoia jovens na carreira musical clássica na divisa do Ceará com o Piauí. “No Sudeste, a UTIL e a Sampaio têm programas de apoio às comunidades as quais servem tanto em momentos de calamidade, como foi a pandemia e as enchentes em Petrópolis, como as ações continuas de incentivo à cultura e esporte amador. Por outro lado, o grupo estruturou uma diretoria de compliance e a governança corporativa.”
Francisco Mazon, diretor da Viação Santa Cruz, disse que o grande desafio da empresa é levar o ESG para as cidades menores e sensibilizar as novas gerações. “Acredito que a melhor forma de manter uma operação sustentável é investir em renovação de frota. Veículos novos são menos poluentes, gastam menos combustível, pneus, componentes e peças”, observou. No campo social, a empresa colabora com a Instituição de Incentivo à Criança e ao Adolescente (ICA), em Mogi Mirim.
Pelo Expresso Itamarati, Gentil Zanovello, lembrou que atualmente é um bom negócio ser sustentável. “Na busca por maior eficiência energética, é muito importante envolver os motoristas, mostrando a eles qual o seu papel na busca por uma operação mais sustentável. Por meio da telemetria, acompanhamos o desempenho dos condutores, que têm metas de consumo”, contou. A empresa também participa do programa “Muda cidade muda”, que em parceria com ONGs e a prefeitura de São José do rio Preto, já plantou mais de 11 mil árvores em cinco anos.