Frank Discher, Commercial Vehicle Technology, Fleet Management Solutions and Electric Mobility Communications ZF, e Silvio Furtado, diretor executivo de negócios, vendas e inteligência de mercado para veículos comerciais e tecnologia Industrial da ZF América do Sul

A ZF anunciou sua participação em um projeto de tecnologia de célula de combustível para ônibus elétricos, em cooperação com a Freudenberg, Flixbus e a ONG do clima Atmosfair. Em entrevista para a Technibus, os executivos detalham o projeto.

Technibus – Qual será o foco principal deste teste com o ônibus elétrico?

Frank Discher – O objetivo do projeto HyFleet é projetar e testar um ônibus movido exclusivamente a eletricidade. O projeto está programado para durar três anos e visa identificar descobertas importantes para o design ideal de células de combustível em ônibus.

Technibus  – A ZF acredita que a célula de combustível alimentada por hidrogênio é a tecnologia que dominará no futuro para os ônibus e os demais veículos pesados?

Frank DischerVeremos um mix de soluções de acionamento em diferentes graus, o hidrogênio deve ser como o elétrico à bateria, com boa presença no mercado.

Technibus – Quais as vantagens da célula de combustível alimentada por hidrogênio?

Frank DischerO hidrogênio oferece grandes oportunidades porque poderá atingir as distâncias necessárias ou até mais e os tempos de reabastecimento serão tão curtos, quando comparado a reabastecimento de ônibus a diesel no caso de ônibus de longa distância.

Technibus – Concluída a fase de teste, qual a expectativa da ZF para que as células de combustível passem a equipar os novos ônibus?

Frank Discher – Vale lembrar que a ZF é fornecedora do driveline elétrico, não do sistema de células de combustível. De todo modo, o projeto está em fase inicial e precisará de mais tempo para resultados e análises. Para mais informações é possível acessar o site de nosso parceiro Freudenberg.

Technibus – O que é preciso para que novas tecnologias, como a célula de combustível a hidrogênio, avancem no Brasil?

Silvio Furtado – Esta é uma tecnologia que está sendo discutida mundialmente como uma solução inteligente para substituir as baterias, além de terem melhor performance em autonomia de rodagem. Para tanto requer, como qualquer nova tecnologia, investimentos em desenvolvimento no sistema de célula de combustível, nos veículos, na infraestrutura do abastecimento, armazenamento e manuseio técnico do Hidrogênio.

Incentivos fiscais poderiam acelerar os desenvolvimentos, sejam nas indústrias de autopeças, como nas montadoras; legislações mais restritivas quanto à emissão de CO² e descarte dos resíduos, forçariam o mercado a caminhar, em passos largos, para esta tecnologia.  Porém, o ponto mais importante seria um incentivo para substituir a frota atual circulante por veículos mais limpos, gerando uma demanda interessante para agilizar a produção e implementação desta tecnologia.

Technibus – No Brasil, os ônibus seriam os primeiros a utilizar essa nova tecnologia?

Silvio FurtadoSim. Ônibus urbanos seriam a forma mais segura de iniciar este tipo de tecnologia devido à centralização da operação. É um pouco mais complicado iniciar com veículos de fretamento ou de transporte de carga devido à pulverização dos veículos em todo território nacional.

TechnibusNa área de tecnologia, o que a ZF está desenvolvendo para ônibus na Europa e quando esta tecnologia poderá ser introduzida nos veículos no Brasil?

Silvio Furtado – Entre as tecnologias mais recentes da ZF, podemos destacar as soluções voltadas para conforto, eficiência e eletrificação de veículos, como o próprio eixo AxTrax AVE, que rodam, por exemplo, em Londres, e o acionamento central CeTrax (vide mais detalhes dos produtos na resposta 9), que foi reconhecido com um prêmio de inovação pela Busworld recentemente. Soluções como essas podem ser adaptadas e aplicadas no mercado brasileiro, conforme necessidade de nossos clientes.

Somos uma empresa de tecnologia e, vale comentar, neste ano o Grupo ZF também apresentou novidades em software para gerenciamento de frotas e de energia para veículos comerciais elétricos. Este último é um software de controle que regula a alocação de energia para o driveline, que proporciona maior eficiência energética ao dar maior vida à bateria, além de uma melhor integração entre os sistemas do veículo. Essas são soluções que podem ser utilizadas futuramente em frotas elétricas no Brasil.

Technibus – Quais as soluções da ZF que contribuem para a eletrificação dos ônibus?

Frank Discher – A ZF está constantemente aprimorando a eletrificação de veículos e tornou-se conhecida como a líder mundial em portfólio variado com suas muitas soluções de sistemas integrados. A ZF oferece uma ampla gama de soluções de acionamento totalmente elétrico para o segmento de ônibus. Como um dos pioneiras da e-mobilidade, a ZF sabe o que é preciso para converter eletricidade em propulsão veicular eficiente e dinâmica. Exemplos são o AxTrax AVE e o CeTrax.

No caso do eixo elétrico AxTrax AVE, que já foi testado e aprovado várias vezes e está em produção de volume para ônibus urbanos de piso rebaixado, a ZF conta com o conceito de tração integrada próxima às rodas. Ambos os motores assíncronos com refrigeração líquida fornecem 2 x 125 kW e 2 x 11.000 Nm que o ajudam a dominar topologias urbanas muito desafiadoras. Para a melhor eficiência possível e altas faixas elétricas, a ZF está oferecendo o AxTrax AVE em um sistema em rede com inversores totalmente integrados e controle de acionamento. O eixo elétrico abrange híbridos de série, bem como acionamentos totalmente elétricos, sejam alimentados por bateria, célula de combustível ou linha de contato aérea.

Além disso, a ZF possui o acionamento central elétrico CeTrax para ônibus de piso baixo e alto. Gerando até 300 kW e 4.400 Nm, é projetado para aplicações desafiadoras. Além disso, impressiona pelo seu peso e eficiência. Graças à abordagem plug-and-drive, o CeTrax pode ser integrado às plataformas de veículos existentes sem ter que fazer grandes modificações no chassi, eixos, estática ou diferenciais. Versões movidas a eletricidade de plataformas de ônibus, originalmente movidas a motor de combustão podem ser convertidas com relativa facilidade. O controle do drive e o inversor também estão incluídos no escopo de entrega para que o fabricante obtenha um sistema completo perfeitamente coordenado em relação ao desempenho, eficiência e vida útil.

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