Maurício Cunha, diretor industrial da Caio: “A perspectiva é de melhora nos níveis de vendas de ônibus a partir de 2021, mas com retomada gradual”

“As estimativas para 2020 são de que o mercado de ônibus fechará com retração de cerca de 40%”, avalia o executivo

Technibus – Passada a fase mais difícil da pandemia, qual a estimativa da Caio para o mercado de ônibus?

Maurício Cunha – A perspectiva é de melhora nos níveis de vendas de ônibus a partir de 2021, mas com retomada gradual. No primeiro semestre de 2020, as vendas de ônibus no mercado nacional caíram 40,8%, comparadas ao mesmo período de 2019. Segundo estimativas, a retração neste ano será de cerca de 40%.

Technibus – Quais os desafios nesta fase de retomada?

Maurício Cunha – O mercado de mobilidade em geral está tendo que se reinventar e evoluir. É necessário que o modal ônibus seja constantemente promovido como meio de transporte biosseguro, para que se mantenha como o grande protagonista no transporte coletivo de passageiros.

Technibus – Que medidas a Caio está tomando para enfrentar este momento de dificuldades e a retomada do mercado?

Maurício Cunha – Nosso time de inovação está trabalhando incessantemente em soluções de biossegurança do modal ônibus. Para isso, estão sendo realizados estudos para o desenvolvimento de peças e materiais em parceria com universidades e startups. Estamos disponibilizando progressivamente essas inovações. Pensando em nossos clientes com veículos em operação, foram criadas soluções técnicas com implantação rápida e simples, fácil higienização e de valor acessível, como o kit de opcionais para os ônibus Caio, composto por proteção em vidro para o motorista e para o cobrador e proteção especial para pessoas de grupos de risco, além de componentes como capas para demarcação de distanciamento das poltronas, dispenser para álcool 70º, medidores de temperatura e purificador de ar. Também faz parte desse conjunto de soluções, o revestimento antiviral nas poltronas e itens produzidos pelo grupo Caio como  balaústres, apoios de mãos, poltronas e todos os materiais em PVC, que receberam um aditivo durante o processo de manufatura, o que confere a cada um deles a propriedade antiviral, sem alterar o design, aparência (textura), durabilidade, limpeza e manutenção desses itens.

Technibus – A Caio teve que renegociar vendas fechadas antes da pandemia?

Maurício Cunha – No início, tivemos que renegociar alguns prazos de entrega com os clientes, pois a empresa teve que readequar suas instalações para receber os colaboradores novamente em segurança, para dar andamento às suas atividades. Porém, de forma geral, nossos clientes foram e são atendidos no prazo.

Technibus – A Caio tinha investimentos programados e lançamentos que tiveram de ser adiados por causa da pandemia?

Maurício Cunha – A Caio faz parte de um conglomerado de empresas que atendem, além da fabricante de ônibus, outras empresas do segmento automotivo, máquinas e implementos agrícolas. Após a crise dos anos anteriores, o grupo Caio havia estruturado em seu planejamento o investimento em melhorias na estrutura e maquinários, o que foi postergado devido à crise sanitária mundial. Por outro lado, foram realizados investimentos em treinamentos de pessoal, em tecnologia e biossegurança.

Technibus – O que mudou na rotina da empresa?

Maurício Cunha – São intensos os esforços para manter a saúde de todos os colaboradores, fornecedores e clientes. Por isso, foram criadas algumas regras como a obrigatoriedade do uso de máscara em todas as instalações da empresa e a higienização das mãos antes de entrar em áreas como o refeitório. Todas as áreas comuns possuem displays com álcool em gel e demarcações para promover o correto distanciamento. Foi intensificada a higienização dos setores e pulverização com agente sanitizante em todas as áreas comuns e fabris. No início do expediente, é aferida a temperatura dos colaboradores e reuniões estão sendo realizadas preferencialmente online. Temos times trabalhando em home office e em escalas alternadas.

Technibus – Como está trabalhando a fábrica de Botucatu (SP)?

Maurício Cunha – Devido à redução na produção de nossas unidades fabris, foi renovado o acordo coletivo no qual as equipes estão trabalhando em escalas alternadas até o fim de dezembro de 2020. Com essa alternativa concedida pelo governo federal, a empresa conseguiu manter boa parte de sua mão de obra, minimizando os efeitos da crise para todas as partes envolvidas.

Technibus – Quantos funcionários a Caio emprega atualmente e em quantos turnos estão trabalhando?

Maurício Cunha – Atualmente, a Caio conta com aproximadamente 3,2 mil colaboradores em suas unidades fabris e escritórios, trabalhando em um único turno.

Technibus – Do total de ônibus fabricado pela Caio, qual modelo está com maior demanda?

Maurício Cunha – O Apache Vip é o modelo de nosso portfólio de produtos com maior demanda.

Technibus – As vendas ao mercado externo continuam difíceis?

Maurício Cunha – Numa velocidade mais lenta que o esperado.

Technibus – Com quais países a Caio continua negociando os seus veículos?

Maurício Cunha – Além de todo o território nacional, a Caio teve recentes negociações com o Chile, México e El Salvador.

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