Linha 6 – Laranja incorpora modernos recursos de engenharia

A nova linha faz uso de novas tecnologias em sua fase de construção e trará uma série de inovações na operação, incluindo os trens

Alexandre Asquini

Encerrou-se em fevereiro de 2025 o processo de perfuração dos 15,3 quilômetros de túneis da Linha 6 – Laranja, interligando a estação Brasilândia, na porção noroeste da capital paulista, além do Rio Tietê, à estação São Joaquim, no bairro central da Liberdade. A nova infraestrutura metroferroviária vem sendo chamada de Linha Universidade ou LinhaUni, em razão de conectar campi de diferentes instituições de ensino superior da cidade.

A Concessionária Linha Universidade, responsável pela retomada da obra após alguns anos de paralisação, é um consórcio integrado pelas empresas Acciona Construcción, Acciona Concessión, Stoa, Société Générale e Linha Universidade Investimentos.

A Concessionária Linha Universidade destaca estar incorporando diferentes inovações à execução da Linha 6 – Laranja. Explica que alguns desses recursos estão sendo aplicados no processo de planejamento da obra e na construção e outros serão utilizados diretamente na operação da linha.

Um dos recursos é a metodologia BIM (Building Information Modeling), já empregada com êxito pela Acciona em alguns projetos do mesmo tipo em outros países. A equipe técnica da empresa explica que a metodologia tem como base um modelo 3D detalhado da obra, permitindo que apresente antecipadamente dados necessários para o projeto, como características, materiais, medidas e tempos. Essa antecipação tem o condão de minimizar mudanças que acarretariam altos custos se executadas nas etapas de construção.

Tuneladoras-

Na fase de obra, um grande destaque é reservado às duas tuneladoras que se encarregaram de atravessar mais de 15 quilômetros do subsolo da cidade de São Paulo. Uma delas chegou à estação Brasilândia em 4 de fevereiro e a outra alcançou a estação São Joaquim no domingo, 9 de fevereiro, em considerável coordenação. O túnel está sendo revestido com anéis de concreto fabricados em unidade do próprio empreendimento.

De acordo com técnicos da Acciona, os equipamentos conhecidos como tuneladoras ou mesmo como “tatuzões”, têm o seu nome original em inglês: Tunnel Boring Machine (TBM), que, em uma tradução grosseira, seria ‘máquina perfuradora de túnel’.

Além de seu nome genérico, as máquinas ganharam também nomes próprios. Maria Leopoldina, a unidade que transitou em direção ao sudeste, encarregou-se da perfuração do solo e possibilitou a conexão de 10 estações, entre Santa Marina e São Joaquim, partindo do VSE Tietê (poço de Ventilação e Saída de Emergência Tietê, localizado próximo ao Rio Tietê) até o VSE Felício dos Santos (poço de Ventilação e Saída de Emergência Felício dos Santos, no bairro da Liberdade, bem próximo ao bairro da Aclimação). A outra máquina, conhecida como Tatuzão Norte, encerrou os trabalhos em 4 de fevereiro, alcançando a estação Brasilândia.

Pesando duas mil toneladas, as tuneladoras têm diâmetro de 10,61 metros e extensão de 109 metros. Sua capacidade de perfuração é de aproximadamente 12 a 15 metros por dia. Para a sua operação é necessária a atuação de uma equipe composta por aproximadamente 50 profissionais, organizados em três turnos de trabalho.

Cada tuneladora conta com refeitório, cabine de enfermagem, esteira rolante para a retirada do material escavado, além de cabine de comando e diferentes equipamentos auxiliares. Além dos trabalhadores que atuam diretamente na tuneladora, o processo de escavação requer também turmas responsáveis pelo monitoramento do terreno e dos parâmetros do equipamento, que trabalha ininterruptamente.

Uma plataforma digital denominada Centro de Controle de Tuneladoras (CCT) promove a aquisição, processamento, integração, análise e consulta das múltiplas fontes de dados relacionadas às duas unidades utilizadas na obra da Linha 6 — Laranja. A plataforma permite que diferentes fontes de dados sejam automaticamente processadas e combinadas, dando mais agilidade e precisão nas tomadas de decisão.

Trens-

Segundo o governo de São Paulo, os trens começam a chegar no segundo semestre de 2025 para o início da fase de testes. Serão, ao todo, 22 trens de seis carros cada. Estão sendo fabricados na unidade industrial da Alstom na cidade de Taubaté, interior de São Paulo. Cada trem terá capacidade para transportar até 2.044 passageiros.

A equipe técnica da Concessionária Linha Universidade informa que os trens irão contar com tecnologias atualizadas, como contagem de passageiros, mapas dinâmicos de linhas, monitores, vigilância por vídeo, sistema óptico de detecção de fumaça e sistema de extinção de incêndio, bem como detectores de descarrilamento, conforme norma europeia.

Os trens estarão equipados com o sistema CBTC GoA4 (UTO), o controle baseado em comunicação que permite operação sem condutor. Eles poderão alcançar velocidades de até 90 quilômetros por hora, com uma tecnologia que possibilitará intervalos de aproximadamente dois minutos entre cada trem no horário de pico.

Confira a reportagem completa na 173ª edição da revista Technibus.

(Divulgação)

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