Produção de ônibus tem aumento de 47,4% de janeiro a julho

Com a tendência de recuperação mais forte neste segundo semestre, a estimativa da Anfavea é que o setor feche o ano com aumento de 30% na produção e de 10% nas vendas

Sonia Moraes

A produção de ônibus atingiu 2.196 unidades em julho de 2024, o que representou uma retração de 16,8% sobre junho deste ano (2.639 unidades), mas houve um aumento de 15,4% sobre julho de 2023, quando foram fabricados 1.903 chassis pelas montadoras, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

No acumulado de janeiro a julho deste ano a produção totalizou 16.864 chassis de ônibus, com aumento de 47,4% sobre os 11.442 veículos fabricados nos sete meses de 2023.

Do total de ônibus produzidos até julho deste ano, 14.367 unidades são de modelos urbanos, que representaram aumento de 50,7% sobre os sete meses do ano passado, quando a produção somou 9.532 unidades. De modelos rodoviários, saíram das linhas de montagem 2.497 veículos, 30,7% a mais que no mesmo período de 2023, quando atingiu 1.910 unidades.

Vendas

As vendas de ônibus em julho atingiram 2.490 unidades, o que representou aumento de 43,3% sobre junho deste ano (1.738 unidades) e um avanço de 65,8% sobre julho do ano passado, quando foram emplacados 1.502 veículos no país. “O aumento nas vendas de ônibus em julho deste ano é muito em função do programa Caminho da Escola e de outras vendas realizadas por meio de licitações”, comentou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.

No acumulado de janeiro a julho deste ano as vendas de ônibus atingiram 11.350 unidades, ficando 11,5% abaixo dos 12.824 veículos vendidos nos sete meses de 2023. O presidente da Anfavea não vê preocupação nessa queda nas vendas. “A recuperação já está ocorrendo e a tendência é que no segundo semestre haja crescimento”, disse Leite.

Para a produção de ônibus, a expectativa da Anfavea é que haja crescimento de 30% neste ano em relação a 2023 e as vendas tenham um incremento de 10%.

No ranking de janeiro a julho de 2024 a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com venda de 4.900 ônibus, 26,1% a menos que no acumulado dos sete meses de 2023 (6.633 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 2.883 veículos, 9,9% abaixo do mesmo período do ano anterior (3.200 unidades), e o terceiro com a Agrale, que comercializou 1.874 veículos 1% inferior aos sete meses de 2023 (1.892 unidades).

Na sequência está posicionada a Iveco que vendeu 937 ônibus até julho, 158,8%% acima dos sete meses do ano passado (362 unidades); a Scania com 399 veículos, 128% superior a janeiro e julho de 2023 (175 unidades), e a Volvo que vendeu 337 ônibus, com queda de 35,8% sobre os sete meses de 2023, cujas vendas somaram 525 unidades.

Exportação

Nas exportações, a movimentação não apresentou bom desempenho e fechou julho com queda de 22,8% sobre junho deste ano com 393 unidades embarcadas, e de 25,4% em relação a julho de 2023, quando foram comercializados 527 veículos no exterior.

No acumulado de janeiro a julho deste ano as exportações atingiram 2.535 unidades, 8,7% inferior aos 2.776 veículos exportados nos sete meses de 2023.

Do total de ônibus exportados até julho deste ano, 1.237 unidades são modelos rodoviários, 12,6% superior aos 1.099 vendidos em igual período do ano passado, e 1.298 unidades são modelos urbanos, 22,6% sobre 1.677 exportados nos sete meses do ano passado.

Lat.Bus 2024

O presidente da Anfavea comentou que a Lat.Bus é uma feira extremamente relevante para o segmento de ônibus, com quantidade impressionante de tecnologias e com ônibus desenvolvidos e produzidos no Brasil, o que é um marco para o setor.

“É uma feira que vale muito a pena visitar, pois dá ênfase a conectividade, redução das emissões e descarbonização. É um ambiente interessante tanto como inovação, quanto a apresentação das novas tecnologias, com veículos elétricos, movidos s biogás, diesel P8 e célula de combustível. Além disso, é uma produção brasileira e isso é fundamental, pois puxa o setor de autopeças, as pesquisas e desenvolvimento e tem as academias e as universidades presentes e é isso nos deu muito orgulho esta feira”, disse Leite.

A expectativa da Anfavea é que a Lat.Bus, com 150 expositores, gere R$ 3,5 bilhões em volume de negócios, tenha 3.000 ônibus e carrocerias vendidas e receba 15.000 visitantes.

Elétricos

Sobre a discrepância em relação a falta de infraestrutura para os veículos elétricos em São Paulo e a lei que proíbe a aquisição de veículos a diesel, o presidente da Anfavea comentou que o Brasil precisa tomar cuidado importante para não ficar atrás, mas também de não ir atrás de modismos que podem ser extremamente prejudiciais para o país e a indústria de forma geral.

“O que queremos dizer em relação a isso, é que a tecnologia A, B ou D não é a coisa mais relevante, pois o mais relevante é descarbonização. E a contribuição para a descarbonização é a renovação da frota. É colocar veículos acessíveis tanto para a troca quanto para fomentar as tecnologias mais atuais e a questão de elétricos estamos trabalhando para que tenha infraestrutura adequada. Não adianta ter um volume muito grande e a infraestrutura não acompanhar esse volume. É um ponto importante, é uma realidade, mas os editais de licitações muitas vezes acabam prejudicando em vez de estimular a renovação da frota.

O que a Anfavea pede é que nenhuma tecnologia seja excluída desse processo. As tecnologias devem ser estimuladas pelos entes contratantes e pelos clientes e isso vai depender do uso e um processo natural de transição. “Outros países estão sofrendo muito com isso, porque aceleram demais o processo de transição e isso trouxe danos importantes para a indústria e para o setor e a mobilidade. O que queremos é que haja um equilíbrio entre as soluções das novas tecnologias com infraestrutura, com oferta e com custo para os clientes”, destacou o presidente da Anfavea.

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