A Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) apresenta os resultados da segunda edição de uma pesquisa realizada no mês de setembro por meio de suas redes sociais com consumidores de todo o país. Esta edição da enquete ouviu 320 pessoas com o objetivo de entender a expectativa dos viajantes e quais os rumos o setor rodoviário deve tomar.
O estudo revela que as viagens de ônibus ganharam bastante a preferência dos viajantes: 80% das pessoas responderam que, entre setembro de 2021 e 2022, trocaram, pelo menos, uma viagem de avião ou carro pelo ônibus e 42% afirmaram que o preço foi o principal motivo para essa mudança.
“Isso demonstra uma migração do transporte. Antes, o turista de lazer acabava considerando outros modais. Hoje, com a variação da gasolina, as tarifas dos pedágios, o valor alto das passagens aéreas e com o custo para despachar malas, percebemos que mais pessoas têm interesse em usar o ônibus de linha para turismo”, ressalta Letícia Pineschi, porta-voz da Abrati.
Na avaliação da entidade, uma das conclusões mais importantes aponta espaço para crescimento de programas de fidelidade no transporte rodoviário de passageiros. Hoje, 88% dos passageiros não estão registrados em nenhum programa de vantagens e 59% não possuem instalado no celular qualquer aplicativo das empresas de ônibus.
“Os dados reforçam a ampla oportunidade que o setor tem para crescer de forma sustentável neste segmento com ações de marketing e comunicação efetivas, em especial nas redes sociais, onde 60% dos passageiros querem mais informações sobre a divulgação de preços e promoções do mercado rodoviário”, avalia Letícia.
Outro resultado que chama a atenção é que apesar de extremamente bem avaliado por quem utiliza o serviço, hoje 46% não encontram com facilidade informações sobre as empresas, rotas, horários e preços das passagens. “Isso demonstra a oportunidade que temos para aumentarmos a conexão com o consumidor por meio de ferramentas que facilitem a sua compreensão e possibilitem mais satisfação na hora da sua compra.”
A pesquisa ainda se aprofundou um pouco mais nesse tema e quis saber qual serviço seria determinante para influenciar a escolha para essa troca. Para 59% das pessoas, a possibilidade de viagens expressas e maior facilidade na compra das passagens, o que envolve os meios de realizar a compra ou parcelamento, são significativos. Outro destaque é que apesar de o custo ser importante fator de escolha do passageiro, 73% deles pagariam um pouco mais por itens de bordo como lanche e kit viagem.
Dados adicionais–
A Abrati e as empresas do setor regular rodoviário também realizaram um levantamento de campo nas rodoviárias dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os dados revelam o quanto a pandemia e a necessidade de investimentos em plataformas digitais influenciaram o passageiro a um novo comportamento na compra da passagem. Hoje, 53% dos viajantes adquirem a viagem por meios digitais, sendo que os sites representam 37% desse total, seguido dos aplicativos com 15%. Nesse último percentual está inserido o Whatsapp, que já absorve 1,5% das transações, uma novidade para o setor.
As compras nas bilheterias continuam a ter um peso importante no negócio, alcançando ainda 40% da preferência dos passageiros, muito pela possibilidade de realizar parcelamentos maiores e sem juros. Porém, ano passado, a preferência pelos guichês chegava a quase 60% das pessoas. A queda de 20% deve progredir para percentuais ainda maiores nos próximos anos diante do avanço de novas tecnologias que surgem e são incorporadas no setor.
Em contrapartida, apesar da redução das compras nas bilheterias, o embarque nos terminais rodoviários tem a preferência de 83% dos entrevistados, tendo como argumento a garantia do embarque e a confiança nas empresas que acessam os terminais.
Outro dado influenciado pela digitalização e pelos canais de compra escolhidos diz respeito ao conhecimento do consumidor sobre a possibilidade de descontos na compra antecipada. 72% dos passageiros que adquirem sua passagem pela internet sabem dessa vantagem. Já aqueles que rotineiramente compram na bilheteria, apenas 56% conhecem sobre a possibilidade dos descontos.
Para Letícia Pineschi, essa pode ser uma transformação impulsionada pela chegada de novos clientes fugindo da alta das passagens do setor aéreo e que já estão acostumados em antecipar a compra do bilhete, já que a pesquisa aponta que 20% dos passageiros entrevistados estão começando a viajar de ônibus.
A concorrência com a aviação, inclusive, esteve presente no estudo. De acordo com os passageiros, as vantagens do ônibus em relação ao avião estão no preço, no embarque descomplicado e no conforto da viagem. Já em comparação ao carro, o fato de não se preocupar com gasolina, manutenção, pedágios e estacionamento, além de viajar descansando, foram lembrados pelos entrevistados.
