Devanir Magrini, diretor de negócios da Transdata: “A tecnologia deixou de ser produto e passou a ser um serviço com o intuito de transformar a locomoção”

“Os avanços tecnológicos vêm contribuindo para a melhoria da relação dos passageiros com o transporte coletivo”, complementa Magrini

Technibus – Boa parte dos sistemas de transporte público dos centros urbanos do país tem divulgado a migração da bilhetagem eletrônica para a bilhetagem online ou na nuvem. O que isso significa exatamente?

Devanir Magrini – No caso da Transdata, já oferecíamos o armazenamento em nuvem como opção desde o fim dos anos 2000 e, nos últimos anos, passamos a aplicar mais intensamente essa tecnologia, com novas soluções desenhadas, seguindo uma arquitetura inovadora, em que a nuvem deixa de ser uma opção, já que tudo é construído para a nuvem. Dentro desse novo modelo, acrescentamos novas soluções em pagamentos para o transporte público, que só se tornaram possíveis com a adoção de validadores on-line e sistemas baseados na nuvem. Nesse caso, podemos citar o AtlasPay, um modelo de tarifação que tem o conceito de Account Based Ticketing, mas que também pode ser combinado com uma solução de Check-in-Be-out (em que o passageiro registra a entrada e o sistema confere a permanência no veículo, abrindo espaço para a cobrança de tarifas flexíveis em função da distância percorrida), lançado em 2019, e que reúne tecnologias embarcadas para a exploração do transporte público.

Com o AtlasPay, o usuário do transporte público pode carregar créditos em uma carteira virtual e gerar vouchers para utilização no embarque. A diferença está na forma como o validador faz a liberação da passagem: ao se aproximar da catraca, o app instalado no Smartphone do usuário se conecta ao validador via wi-fi ou Bluetooth, libera a catraca e inutiliza o voucher – impedindo que seja reutilizado indevidamente. Com validadores modernos e milhares de smartphones compatíveis com interfaces wi-fi, a solução pode alcançar um grande volume de usuários e ser implantada rapidamente – já que não é necessária a instalação de nenhum equipamento adicional. Além disso, existe a possibilidade de aplicar tarifas por distância percorrida. Isso é possível porque o aplicativo detecta se o passageiro está dentro ou fora do ônibus e, conforme a quantidade de pontos, aplica um desconto, estornando automaticamente parte do valor pago no embarque para a conta do usuário. Para os nossos clientes, essa tecnologia já é realidade desde 2019.

Technibus – O que essa mudança representa em termos de mobilidade para o Brasil?

Devanir Magrini – Ouvimos muitas promessas que mudariam o transporte, como aplicativos de carona e compartilhamento substituindo o transporte de massa, veículos elétricos solucionando problemas ambientais e carros autônomos garantindo fluidez e acessibilidade. E, na verdade, o que aconteceu foi um aumento de veículos e de trânsito. De acordo com a pesquisa feita para a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), divulgada em 2018, o tempo médio de deslocamento diário em grandes cidades do Brasil é de duas horas e 20 minutos.

O que entendemos sobre isso? A mobilidade é coletiva, e a tecnologia deixou de ser produto e passou a ser um serviço com o intuito de transformar a locomoção. Essas mudanças na flexibilização dos meios de pagamento e redução de custos precisam da tecnologia incorporadas nas empresas de transporte. Os avanços tecnológicos vêm contribuindo para a melhoria da relação dos passageiros com o transporte coletivo. Os sistemas de Account Based Ticketing (ABT) estão servindo como porta de entrada para a popularização do conceito de MaaS (Mobility as a Service). Em vez de depender de uma ou outra tecnologia de bilhetagem, esse novo modelo traz, à frente, a interoperabilidade completa. Garantir uma excelente experiência ao usuário do transporte é o foco nessas mudanças.

Technibus – Quais as vantagens da bilhetagem online para o operador ou gestor? E para o usuário?

Devanir Magrini – Essa tecnologia tem uma série de vantagens e facilidades. Uma delas é que, como você carrega o valor em nuvem, isso se torna mais seguro e facilita o processamento a cada entrada no sistema. Ou seja, o passageiro possui uma conta que pode ser acessada por celular, cartões ou QR Code, permitindo que a viagem aconteça.  Para os gestores de frotas, os benefícios são custos mais baixos e maior controle, pois permite restringir o acesso de usuários inadimplentes e reduz as possibilidades de fraude. As transações também são processadas em tempo real. Outro benefício bem interessante é a possibilidade de criar diferentes tarifas ou, até mesmo, substituir modelos existentes.

Technibus – Em meios de pagamento, a bilhetagem online permite disponibilizar novas opções para o passageiro?

Devanir Magrini – Oferecer mais conveniência ao usuário do transporte coletivo, reduzir custos, aumentar a eficiência dos controles e, ao mesmo tempo, atender as novas exigências trazidas pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A tecnologia é protagonista nas evoluções quando o objetivo é revigorar o transporte de público. Soluções como o AtlasMob, que reúne em um app tudo que o passageiro precisa para sua mobilidade, integrando inúmeras soluções, desde pagamentos modernos, recadastro estudantil, informações em tempo real e muito mais. Tudo em um único lugar. Isto é estimular novas experiências ao passageiro para induzir viagens e resgatar o usuário. Atualmente, o desafio do transporte é ser mais interessante às pessoas para que possa ser mais competitivo. É assim que pensamos e é assim que as soluções da Transdata estão sendo desenvolvidas dentro da moderna e completa plataforma de sistemas inteligentes de transporte ITS, o Atlas.

Technibus – E para o controle de fraudes?

Devanir Magrini – A tecnologia de reconhecimento facial, que permite a identificação ou verificação de uma pessoa a partir de uma imagem digital, é muito utilizada na implementação de melhorias de segurança e bem conhecida no transporte público. Através de softwares especializados, fazem o reconhecimento de formas geométricas e logarítmicas dos rostos das pessoas, por meio de câmeras.

Dentro do nosso pacote de soluções, existe o AtlasCarrier, que também faz parte da família do Atlas. Essa funcionalidade está relacionada à entrega de carga embarcada online e lista vermelha (cartões bloqueados). As listas contendo novos créditos ou até bloqueios de cartões, não precisarão esperar até que os veículos cheguem à garagem (ao final do dia) para receberem as informações e repassarem para os cartões dos clientes. Esse processo será feito ao longo do dia e otimizando a compra de crédito, como também, ajudará a dar mais velocidade no combate às fraudes.

Com esta solução, o operador poderá escolher os pontos de venda que vai disponibilizar para o seu cliente, como também a possibilidade de tirar o dinheiro a bordo, aumentando a segurança embarcada, agilidade no fluxo de embarque e desembarque, otimização da mão de obra, antecipação do valor entre outros benefícios.

Technibus – Que produtos a Transdata desenvolveu para atender essa nova realidade dos sistemas de bilhetagem do país?

Devanir Magrini – A nova plataforma de ITS da empresa, que recebeu o nome de Atlas e integra todas as tecnologias embarcadas para a exploração do transporte público – desde a bilhetagem eletrônica até a telemetria, passando pelo videomonitoramento e biometria facial, traz um leque de soluções completas e modulares e que estão dentro da proposta de valor da Transdata.

Para cada desafio existente na mobilidade, conseguimos apresentar um cardápio de soluções flexíveis e inteligentes, como por exemplo, automatizar e flexibilizar a arrecadação de tarifas, implantar uma rede de recargas capilar, novos meios de pagamento e cobrança de tarifas por trecho e integrar tudo isso a sistemas de gestão da operação, informação e autoatendimento ao passageiro.

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