Ônibus urbano híbrido a etanol integra estratégia multienergia da Marcopolo para descarbonização

Em relação ao elétrico puro, o veículo híbrido tem uma implementação mais rápida, necessita de menos investimentos em infraestrutura e possui uma maior autonomia, segundo a Marcopolo

Marcia Pinna

O protótipo híbrido etanol urbano apresentado pela Marcopolo na COP30 combina propulsão elétrica e biocombustível, ampliando a autonomia e elimina a necessidade de infraestrutura de recarga, pois o abastecimento é feito somente com etanol. O protótipo foi montado inicialmente em uma carroceria Torino, mas será produzido em uma carroceria do Attivi.

A grande vantagem do híbrido etanol é que as baterias são recarregadas automaticamente pelo gerador, que está dentro do veículo. Isso elimina a necessidade do carregamento noturno nas garagens. “Esse gerador é um motor a etanol, no qual a central eletrônica automaticamente detecta o momento exato que o gerador precisa entrar em funcionamento para carregar a bateria”, explica Renato Machado Florence, gerente de engenharia, desenvolvimento e planejamento da Marcopolo.

“O software permite que, ao mesmo tempo que o veículo está sendo movimentado na rua, o gerador possa entrar em ação. Existe também o trabalho em conjunto com o freio regenerativo, que ajuda também na recarga da bateria”, complementa Florence.

Com isso, o modelo híbrido alcança uma autonomia maior que um elétrico puro, variando entre 450 km e 600 km, com 200 litros de etanol, dependendo da operação. Os elétricos têm uma autonomia de aproximadamente 250 km. A Marcopolo realizou testes em três tipos de operação para chegar a essa média de autonomia para o híbrido elétrico-etanol: em aplicações rurais (off-road), urbanas e fretamento.

O modelo urbano híbrido a etanol tem a mesma concepção do micro-ônibus Volare Attack 9 híbrido, que atende as necessidades do programa Caminho da Escola e foi apresentado na Lat.Bus 2024. O modelo também dispensa infraestrutura de recarga e pode ser abastecido com etanol em qualquer posto do território nacional. A solução híbrida etanol é Carbono Net Zero, ou seja, o CO₂ emitido pelo veículo é neutralizado pelo resgate de CO₂ no plantio da cana-de-açúcar ou outras fontes de etanol.

Renato Machado Florence, da Marcopolo (Divulgação)

Multienergia-

“A Marcopolo está trabalhando com um portfólio de soluções para que possamos atender os clientes no Brasil inteiro, que têm diferentes necessidades. A companhia está explorando todas as frentes possíveis dentro da proposta descarbonização. Para nós, a mobilidade eficiente tem um futuro eclético e de múltiplas energias”, comenta Florence.

“A Marcopolo desenvolveu o Volare GNV/Biometano, que entra nessa onda da descarbonização com grandes vantagens em relação ao diesel. Avançamos no puro elétrico, tanto no modelo tradicional com chassis de diferentes montadoras quanto no integral. O Attivi integral já circula em São Paulo e em Porto Alegre, e estamos fazendo ‘degustações’ em outras localidades. E a gente vai entregar mais 10 carros em São Paulo no ano que vem. O modelo integral tem a vantagem de ter um peso menor, de até 800 kg, o que resulta também em uma redução de consumo de energia”, conta.

O executivo destaca que há regiões em que o etanol tem preço competitivo, tornando o modelo híbrido mais atrativo. “Existem diferentes situações em todo o Brasil. Há muitas empresas que já estão gerando o próprio biometano, a partir de resíduos. Outras cidades estão conseguindo financiamento para trocar suas frotas por elétricos a bateria, enquanto há regiões em que o acesso à energia é difícil. Por isso, a Marcopolo está investindo em diferentes tecnologias”, avalia.

Florence ressalta que a Marcopolo desenvolve trabalhos com veículos a hidrogênio, que é uma tecnologia disponível do ponto de vista global. “Muitas montadoras já têm essa solução. A Marcopolo tem essa solução que foi produzida a partir da planta da China que liberou um veículo rodoviário, o Audace 1050.”

Em 2023, a Marcopolo assinou um convênio com a Escola Politécnica da USP, RCGI unidade Embrapii e a startup Carbonic para reativação de um dos três dos ônibus movidos a hidrogênio da EMTU que rodaram pela Metra no corredor ABD em 2015. Este acordo se conecta com o primeiro convênio assinado em setembro de 2022 entre a USP e as empresas Shell e Raízen e o Senai que busca instalar no campus da USP na Cidade Universitária um equipamento de produção de hidrogênio a partir do etanol.  

“Estamos esperando a usina para produção do hidrogênio a partir do etanol na USP, que está em fase final dos preparativos. Mas o nosso veículo já está funcionando, e é uma alternativa para longas distâncias, então estamos prospectando oportunidades de aplicações aqui no Brasil”, sublinha.

Pensando nessa rota da descarbonização, a Marcopolo também tem investido na busca de materiais mais leves e com mais eficiência energética para as carrocerias. “Temos trabalhos avançados para substituir fibra de vidro por plástico de engenharia e por materiais compósitos e com a utilização de aços de alta resistência. Para otimização do processo de manufatura e redução de peso, o que no final das contas, se traduz e melhoria para o cliente final.”

(Divulgação)

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