Sustentabilidade

Mercedes-Benz e Raízen Power se unem em projeto de geração de energia fotovoltaica

A Mercedes-Benz do Brasil anunciou parceria com a Raízen Power no Projeto Dunamis, uma das maiores usinas de produção de energia solar fotovoltaica do Rio Grande do Norte. A fabricante de caminhões e ônibus adquiriu participação na sociedade gestora do Projeto Dunamis, implantado em 600 hectares no município potiguar de Santana do Matos, envolvendo quatro usinas solares, com capacidade instalada de 117,54 MW.

O modelo adotado nessa parceria é de autoprodução, o que permitirá à empresa utilizar 100% de energia renovável, contribuindo para o objetivo da Daimler Truck de ampliar o uso de energia renovável, além de reduzir custos com consumo de energia elétrica em suas fábricas de veículos comerciais de São Bernardo do Campo e de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

“Essa iniciativa da Mercedes-Benz do Brasil está totalmente alinhada com a estratégia de sustentabilidade ambiental da Daimler Truck, impulsionando a transformação da nossa indústria. Estamos trabalhando para atingir a neutralidade de CO² em nossas fábricas pelo mundo e ainda reforça o nosso compromisso com a geração de energia limpa, redução de emissões e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Esta é mais uma das iniciativas que se conectam ao nosso compromisso com o Acordo de Paris”, destaca Achim Puchert, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO América Latina.

De acordo com o executivo, 100% do volume total de energia utilizado nas plantas da Mercedes-Benz será de energia solar.  “O volume de energia a ser gerado pode ajudar a evitar a emissão de cerca de 20 mil toneladas de CO² por ano, o equivalente ao abastecimento de 48 mil residências”, diz Achim Puchert.

“A Daimler Truck está totalmente comprometida com o Acordo de Paris e quer contribuir para a transformação e descarbonização do nosso setor. Essa iniciativa contribui significativamente para a meta global da Daimler Truck de redução de emissões de GEE por meio de fontes de energia renováveis e de medidas de eficiência energética”, acrescenta Achim Puchert. “Essa parceria da Mercedes-Benz do Brasil com a Raízen Power representa um passo muito importante nessa direção”.

“Temos um portfólio completo e integrado de soluções focadas em atender às necessidades do mercado. Avançar na parceria com a Mercedes-Benz nos permite, mais do que colaborar com a jornada de sustentabilidade da empresa, seguir avançando em projetos de energia solar que contribuem para o crescimento da geração renovável no país“, comenta Frederico Saliba, CEO da Raízen Power.

A partir da construção das usinas, diversas ações sociais foram realizadas pela Raízen Power na cidade de Santana de Matos, incluindo reforma na iluminação interna e externa da escola local, construção de abrigos nos pontos de ônibus ao longo de 20 km de estrada e fornecimento de energia elétrica gratuita para unidades consumidoras da prefeitura de Santana do Matos, além da geração de empregos e capacitação de mão de obra em parceria com o Senai.

Lula sanciona lei para ampliar produção de combustíveis sustentáveis

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta terça-feira (8), a Lei Combustível do Futuro, que incentiva a produção e uso de combustíveis sustentáveis. Ela cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel, respectivamente.

De acordo com o texto, a margem de mistura de etanol à gasolina passará a ser de 22% a 27%, podendo chegar a 35%. Atualmente, a mistura pode chegar a 27,5%, sendo, no mínimo, 18% de etanol. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou os investimentos que serão feitos na produção de etanol a partir da nova lei.

“Vamos aumentar a mistura do etanol na gasolina. Estamos fortalecendo a cadeia do etanol criada há 40 anos, impulsionada nos anos 2000 com os veículos flex. Poderemos saltar do E27 até 35% de etanol na mistura. Isso vai expandir a produção nacional, que hoje é de 35 bilhões de litros, para 50 bilhões de litros por ano. São mais de R$ 40 bilhões em novos investimentos e R$ 25 bilhões para formação de canaviais, de mais milharais e transportes. É a segunda geração do etanol”.

Ainda segundo o ministro, a Lei Combustível do Futuro vai gerar mais de R$ 260 bilhões de investimentos no agro e na cadeia dos biocombustíveis.

Programas

A lei institui três programas para incentivar a pesquisa, a produção, a comercialização e o uso de biocombustíveis, com o objetivo de promover a descarbonização da matriz de transportes e de mobilidade.

O primeiro deles é o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV). Esse programa estabelece que a partir de 2027, os operadores aéreos serão obrigados a reduzir as emissões de gases do efeito estufa nos voos domésticos por meio do uso do combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês). As metas começam com 1% de redução e crescem gradativamente até atingir 10% em 2037.

Já o Programa Nacional de Diesel Verde (PNDV) prevê que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) estabeleça, a cada ano, a quantidade mínima, em volume, de diesel verde a ser adicionado ao diesel de origem fóssil.

Por fim, o Programa Nacional de Descarbonização do Produtor e Importador de Gás Natural e de Incentivo ao Biometano tem como objetivo estimular a pesquisa, a produção, a comercialização e o uso do biometano e do biogás na matriz energética brasileira. O CNPE definirá metas anuais para redução da emissão de gases do efeito estufa pelo setor de gás natural por meio do uso do biometano. A meta entrará em vigor em janeiro de 2026, com valor inicial de 1% e não poderá ultrapassar 10%.

Biocombustíveis

Biocombustíveis são derivados de biomassa renovável que podem substituir, parcial ou totalmente, combustíveis derivados de petróleo e gás natural em motores a combustão ou em outro tipo de geração de energia.

Os dois principais biocombustíveis líquidos usados no Brasil são o etanol obtido a partir de cana-de-açúcar e, em escala crescente, o biodiesel, que é produzido a partir de óleos vegetais ou de gorduras animais e adicionado ao diesel de petróleo em proporções variáveis

Os combustíveis sustentáveis são uma alternativa aos combustíveis fósseis, como o petróleo, gás natural e carvão mineral. O combustível fóssil é mais poluente e de produção bastante lenta, pois deriva da decomposição de matéria orgânica. Devido ao processo lento de formação desse tipo de combustível, ele não é renovável, pois não acompanha a demanda de consumo atual.

A nova lei também institui o marco regulatório para a captura e a estocagem de carbono e destrava investimentos que somam R$ 260 bilhões. A ideia do governo é criar oportunidades que aliam desenvolvimento econômico com geração de empregos e respeito ao meio ambiente.

Informações: Agência Brasil

Inscrições abertas: Capacitação de gestores públicos em estruturação de projetos de mobilidade sustentável

O ministério das cidades, em parceria com o Programa Euroclima e GIZ, abriu inscrições para a capacitação de gestores e técnicos municipais sobre a estruturação de projetos financiáveis de mobilidade urbana sustentável. As matrículas poderão ser feitas até o dia 10 de outubro de forma gratuita, pela plataforma do Redus. Os cursos serão dados entre os dias 14 de outubro e 4 de dezembro de forma on-line e presencial. Ao final do processo de capacitação, o objetivo é que as cidades participantes saiam com os seus projetos em estágio avançado de desenvolvimento.

Podem se inscrever gestores e técnicos de capitais, cidades de regiões metropolitanas e municípios de mais de 500 mil habitantes, com projeto de mobilidade urbana sustentável em qualquer fase de desenvolvimento. Serão priorizadas equipes com diversidade de gênero, raça e que sejam compostas por pelo menos um servidor público concursado. Também é necessário inscrever um projeto que será objeto de estudo durante a capacitação.

Serão 15 municípios selecionados e os gestores e técnicos devem ter disponibilidade de participar de atividades on-line entre os dias 14 e 18 de outubro, e de uma oficina presencial em Brasília nos dias 2, 3 e 4 de dezembro. Elas serão lideradas pela Fundação Getúlio Vargas, por meio da FGV Cidades e da FGV Clima, com os seguintes conteúdos:

  • Mobilidade Urbana Sustentável;
  • Gestão de Dados;
  • Gestão de Conhecimento;
  • Ciclo de Projetos, incluindo construção participativa de projetos sustentáveis;
  • Mecanismos de financiamento e viabilidade de projetos;
  • Uso da Plataforma Viabiliza.

A capacitação faz parte da iniciativa Viabiliza, que busca contribuir com a estruturação qualificada de projetos de mobilidade urbana sustentável, ao mesmo tempo que amplia o acesso à informação sobre programas e fontes de financiamento, públicas e privadas, nacionais e internacionais. Em breve, também será lançada a Plataforma Viabiliza, uma ferramenta online que facilitará o diálogo entre gestores locais e fontes de financiamento, e que também é objeto da capacitação.

Embora a capacitação seja gratuita, as gestões dos municípios devem custear as despesas de viagem dos participantes para Brasília, no caso da oficina presencial. Os participantes que atingirem a carga horária mínima receberão certificado.

Para realizar a inscrição na capacitação, acesse o link.

Caio e Eletra irão fornecer ônibus elétricos para a Infraero

Após a inabilitação da Marcopolo no processo licitatório, Caio e Eletra foram habilitados para fornecer oito ônibus elétricos para a Infraero. Para a Eletra, a parceria vencedora nesse processo “é resultado da dedicação e competência das equipes Caio e Eletra, que buscaram atender as premissas da licitação com modelos pensados e dedicados aos desafios propostos para a operação de trânsito de passageiros em aeroportos.”

Para a Eletra, o credenciamento dos ônibus elétricos Caio/Eletra, desenvolvidos e produzidos no Brasil, representa uma grande vitória da indústria nacional e consolida a liderança brasileira em transporte público sustentável. Para a empresa, também emblemático e merecedor de todos os aplausos o protagonismo da Infraero ao introduzir ônibus elétricos de zero emissão nos aeroportos sob sua responsabilidade.

“Lançar um programa de transporte sustentável num ambiente de uso intensivo de combustíveis fósseis, como é o caso do setor aeroviário, é uma atitude altamente elogiável. Tal iniciativa mostra que a gestão dos aeroportos brasileiros está em sintonia com o movimento mundial de redução de emissões de gases do efeito estufa. Para a Eletra, a Infraero dá um grande exemplo de como as instituições brasileiras podem adotar medidas que agreguem inovação e tecnologia nacional aos desafios da construção de um futuro sustentável”, declara a empresa em uma nota enviada à Technibus.

Campinas testa modelo elétrico da Higer a partir do dia 1º de outubro

A Itajaí Transportes Coletivos, concessionária de Campinas (SP) que opera na Área 2 – Campo Grande, Padre Anchieta e Corredor John Boyd Dunlop -, testará o ônibus elétrico Azure A12BR, da TEVX Higer, durante o período de 30 dias. Os testes do modelo de 12 metros de comprimento começam no dia 1º de outubro, na linha 2.20 – Terminal Campo Grande/Cambuí.

O ônibus conta com tecnologia zero emissão de poluentes e ruídos, e foi desenvolvido pela fabricante chinesa para o setor de transporte urbano. Tem piso baixo total e é 100% acessível. Além disso, conta com um sistema de ‘ajoelhamento’ da suspensão, característica que torna o embarque e o desembarque mais fáceis. Tem portas dotadas de rampas para facilitar o acesso de pessoas com mobilidade reduzida.

Possui vidros com tratamento UV e sistema de climatização que contribuem para tornar a viagem mais agradável. O veículo tem autonomia aproximada de 270 quilômetros por carga e o tempo de recarga total das baterias, segundo o fabricante, é inferior a três horas. Possui sistema de freios regenerativos, equipamento que recarrega a bateria quando o freio é acionado.

O Azure A 12BR tem capacidade para transportar até 76 passageiros e vem equipado com tomadas USB para recarga de equipamentos eletrônicos como celulares, computadores e tablets dos passageiros.

Os motoristas e operadores da Itajaí, envolvidos na operação do veículo, passaram por treinamento ministrado pelos instrutores da fabricante, com foco voltado à direção defensiva e inteligente, de forma a maximizar a performance do veículo.

A Itajaí foi a pioneira em Campinas a fazer testes com ônibus elétricos e, por isso, é conhecida no setor por estar aberta a novas tecnologias. “Além de veículos elétricos também testamos diversos híbridos. Ao avaliarmos as novas tecnologias existentes, procuramos dar aos nossos Clientes experiências diferenciadas”, afirma o diretor Joubert Beluomini.

Carlos Eduardo Souza, CEO da TEVX Higer, empresa brasileira que representa o grupo Higer Bus no Brasil, explica que o modelo Azure A 12BR é o mesmo que participou do transporte de autoridades durante as Conferências do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27, no Egito, e COP28, em Dubai). “Agora, os campineiros poderão experimentar esta mesma experiência em qualidade, conforto e tecnologia”, diz.

Anfavea apresenta estudo de descarbonização do setor automotivo

A Anfavea e a consultoria Boston Consulting Group (BCG) apresentaram hoje (27/09) o novo estudo intitulado “Avançando nos Caminhos da Descarbonização Automotiva no Brasil”, com o objetivo de contribuir para a COP, que será realizada este ano no Azerbaijão e no ano que vem em Belém, no Pará.

Atualmente, o setor automotivo emite 242 milhões de toneladas de CO² por ano, o que representa cerca de 13% das emissões totais do Brasil. Se o ritmo atual de crescimento for mantido, as emissões poderão atingir 256 milhões de toneladas em 2040.

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, afirmou que o estudo é importante também para direcionar os investimentos de toda a cadeia automotiva no caminho para a descarbonização. “O estudo demonstra que é possível atingir uma redução de até 280 milhões de toneladas de CO² nos próximos 15 anos com a adoção de novas tecnologias e combustíveis alternativos. Mas existe um potencial ainda maior, se forem adotadas algumas medidas como inspeção técnica veicular e renovação de frota”.

O estudo aponta diferentes cenários para o futuro e o impacto de cada um deles na emissão de CO². A pesquisa aborda as diferentes tecnologias para redução das emissões como eletrificação, biodiesel, HVO Hidrogênio e outros combustíveis renováveis. Para que o país avance na descarbonização de forma mais efetiva, o estudo indica que essas diferentes alternativas sejam combinadas. Também é fundamental o desenvolvimento de um ecossistema abrangente, que inclui a cadeia de fornecedores, infraestrutura de recarga, geração e distribuição de energia, além da produção de biocombustíveis.

O segmento de veículos pesados, as vendas com novas tecnologias de propulsão podem representar 60% em 2040. Masao Ukon, diretor-executivo, sócio e líder da prática automotiva na América do Sul do BCG, destacou as diferenças entre ônibus e caminhões na jornada da descarbonização. “Os ônibus têm se voltado mais para a eletrificação, principalmente o segmento de urbanos. E os modelos elétricos poderão ultrapassar os 50% da frota de ônibus urbanos já em 2035.”

A infraestrutura tanto para a eletrificação quanto para uso de biocombustíveis e biometano é um desafio, mas também uma oportunidade para as empresas que poderão atuar nesta área.

Henry Joseph Junior, diretor técnico da Anfavea, lembra que os cenários de transição energética traçados no estudo, tanto gradual quanto acelerada, não ocorrerão naturalmente. “Esses são cenários possíveis, mas que só irão ocorrer se houver esforços para isso, com incentivos e legislação pertinente. Para termos uma redução significativa, é preciso que haja uma combinação de diferentes ações e uso de diferentes tecnologias e combustíveis”, avalia.

Se hoje os modelos eletrificados respondem por pouco mais de 7% do mix de vendas de leves, em 2030 eles representarão de 39% a 54%, dependendo dos cenários previstos no estudo, e de 32% a 62% em 2035. Os pesados também terão sua parcela de novas tecnologias, embora um pouco menor (15% a 24% do mix em 2030, 335 a 42% em 2035). Até 2040 poderemos chegar no país a 86%-91% de leves e 44%-59% de pesados.

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ENTREVISTA: Ricardo Roa, sócio-líder do setor automotivo da KPMG no Brasil:“Atualmente, o biodiesel é mais viável do que o HVO no Brasil”

Pacto Global da ONU – Rede Brasil e Scania se unem em prol da descarbonização

O Pacto Global da ONU – Rede Brasil e a Scania se uniram para criar o Hub de Biocombustíveis e Elétricos. A proposta é fomentar um centro de discussões voltado à descarbonização do transporte rodoviário reunindo especialistas, pesquisadores, empresários, tomadores de decisão e governo para promover um ambiente que favoreça a geração de projetos e iniciativas que acelerem a transição do setor para uma economia de baixo carbono.

A apresentação da iniciativa ocorreu durante o Sustainable Development Goals (SDGs – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) in Brazil, realizado nessa semana na sede da ONU, em Nova Iorque. Coordenado pela Plataforma de Ação pelo Clima e pela Plataforma de Ação pelo Agro Sustentável, ambas do Pacto do Global, o Hub é a continuidade do projeto Transportes Net Zero (2022), com a Scania sendo a empresa líder.

“O Hub de Biocombustível e Elétricos se propõe a oferecer às empresas participantes uma jornada de capacitação, por meio de clínicas, buscando o entendimento sobre biocombustíveis e eletrificação para a descarbonização do setor de transportes do modal rodoviário, podendo se estender à cadeia de valor. A jornada a ser construída pelo Hub proporcionará também networking entre seus membros por meio de encontros regulares de implementação dos projetos, compartilhamento de boas práticas e acompanhamento das entregas previstas, assim como os eventos para divulgação dos resultados obtidos”, define Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.

“Sabemos que o transporte é uma parte essencial da nossa sociedade e economia, mas também é uma fonte de emissões de carbono. Aqui está a Scania, impulsionando a mudança para um sistema de transporte sustentável, decisão que foi tomada há uma década e é mais válida hoje do que nunca”, comenta Christopher Podgorski, presidente e CEO da Scania na América Latina.

Grupo reúne dezenas de empresas

O grupo é formado atualmente por cerca de 70 empresas que operam em diversas áreas – como infraestrutura, logística, montadoras, segmento de energia, tecnologia, financiadoras, entre outras. A composição do grupo favorece um ambiente com potencial para impulsionar as ações coletivas visando à descarbonização do setor de transporte rodoviário. Em 2024 foram realizadas reuniões com as empresas do Hub, onde está sendo implementada uma metodologia de ações coletivas desenvolvidas pelo Banco Mundial.

Atualmente, está em andamento o mapeamento de desafios e oportunidades para a descarbonização do setor de transportes. “Esse trabalho resultará no apontamento de dezenas de desafios, como mapeamento de políticas públicas que ajudem as empresas no processo de descarbonização. É preciso ainda desmistificar os mitos, supostas dificuldades em torno da adoção de fontes energéticas de baixo carbono, por exemplo. O Brasil tem a capacidade de produzir biocombustíveis e alimentos de maneira sustentável sem que haja concorrência entre as duas atividades ou destruição do meio ambiente. Isso prova que é possível aliar produtividade e sustentabilidade”, explica Carlo.

“O que precisamos para ter sucesso nesta corrida contra o tempo é definir as condições favoráveis, como infraestrutura, capacidade da rede, regulamentações e o ambiente empresarial de uma forma que as decisões verdes não sejam apenas as certas, mas também as lucrativas. É hora de intensificar as soluções. E aqui o Brasil tem a oportunidade de dar uma grande contribuição ao tornar os biocombustíveis escaláveis e abraçar a eletricidade por ter uma das redes mais limpas do mundo”, enfatiza Christopher.

Oportunidades

Diferentemente da Europa e de outros países como China e Estados Unidos, onde o transporte de cargas pelo modal rodoviário representa entre 38% e 47% das cargas transportadas, no Brasil este percentual está acima dos 60% (segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes – CNT). Em 2018, a Scania conduziu o Pathways Study em quatro países – Alemanha, China, Estados Unidos e Suécia, com objetivo de entender como o transporte comercial livre de combustíveis fósseis poderá se tornar uma realidade até 2050. Dessa forma, em 2021, houve a ideia de aplicar a metodologia do estudo no Brasil, devido às características únicas do país.

Nesse sentido, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil em parceria com a Scania e a Bain, além de empresas como Ipiranga, BRF e Unidas, uniram-se para a criação de um Grupo de Trabalho de Transporte, a primeira fase desse projeto – realizada no período de janeiro de 2021 a fevereiro de 2022. O GT foi composto por 18 instituições e teve por finalidade compreender a necessidade de transformação do setor de transporte rodoviário comercial, considerando veículos, combustíveis e infraestrutura, e identificar áreas que demandarão investimento, inovação, mudanças em políticas públicas e redução de riscos para viabilizar a movimentação de cargas, mercadorias e passageiros com neutralidade de carbono até o ano de 2050.

Os resultados do projeto foram sistematizados e publicados sob o título “Transporte Comercial Net Zero 2050: Caminhos para a descarbonização do modal rodoviário no Brasil”, em português e inglês. As rotas tecnológicas avaliadas incluem Diesel renovável (HVO), Biometano, Veículo elétrico à bateria (BEV) e Veículos elétricos movidos por célula de combustível (FCEV) e levam em consideração 4 cenários: Inercial, Boom de Inovação, Mudanças em Políticas Públicas e Grande Salto. Todos eles consideram um mix das principais tecnologias de combustíveis e destacam o papel dos dois principais motores para o avanço na produção e utilização dessas fontes de energia: a regulamentação com políticas públicas que incentivem as iniciativas verdes e o desenvolvimento tecnológico que traga soluções mais eficientes.

Mobilização

Os resultados mostraram que o único cenário que leva ao Net Zero em 2050 é o Grande Salto, em que setor público e privado trabalham juntos para promover combustíveis alternativos, acelerando o desenvolvimento tecnológico e os investimentos em energia de baixo carbono, juntamente com a necessidade de utilizar as diferentes tecnologias energéticas.

Além disso, o estudo destaca que existem outros fatores importantes para que o Brasil alcance o Net Zero neste setor. São eles: infraestrutura para atender as necessidades das novas soluções e o comportamento do consumidor para impulsionar este movimento.

Guia traz elementos para o avanço da eletromobilidade no transporte público

O Núcleo de Mobilidade Sustentável do Centro de Estudos das Cidades – Laboratório Arq.Futuro do Insper promoveu, na tarde de 20 de setembro de 2024, na cidade de São Paulo, o lançamento do ‘Guia de Eletromobilidade para Cidades Brasileiras – Transporte Público’.

O Centro resulta de uma parceria estabelecida há cinco anos entre o Insper e a plataforma Arq.Futuro, orientando suas ações de ensino e pesquisa sobre o meio urbano com base na interdisciplinaridade e inovação. Sua missão é “contribuir para um impacto real na vida das populações urbanas”.

O painel de lançamento do guia foi conduzido pelo consultor Sérgio Avelleda, organizador e coautor da publicação, e contou com a participação dos autores Rafael Barreto Castelo da Cruz, Ariane Fucci Wady e Camilla do Carmo Perotto. O trabalho recebeu apoio e cooperação técnica do Itaú Unibanco.

Em busca da eletromobilidade-

Elaborado pela BEI Editora, o ‘Guia de Eletromobilidade para Cidades Brasileiras – Transporte Público’ aborda a transição para um transporte coletivo mais sustentável e eficiente. A parte substancial da publicação está estruturada em sete capítulos, que circunscrevem os principais aspectos relacionados à introdução e gestão de sistemas de eletromobilidade, levando em conta a realidade brasileira.

O Capítulo 1 traça um cenário da eletromobilidade no país, destacando as barreiras à substituição de veículos de combustão interna. O texto ressalta que os veículos elétricos apresentam um custo inicial elevado, enfrentam barreiras tecnológicas, carecem de infraestrutura de carregamento e de modelos de negócios e financiamento maduros.

A adoção de veículos de transporte público com tração elétrica também enfrenta a ausência de regulamentação e políticas públicas, carência de mão de obra qualificada e de capacitação técnica. Além disso, depara-se com resistência à mudança por parte dos operadores, com a fragilidade da sustentabilidade das fontes de energia, desafios operacionais relacionados às características da frota elétrica e, por fim, a possível demora no retorno sobre o capital investido.

Outros pontos-

O Capítulo 2 aborda os impactos e benefícios da mobilidade elétrica, destacando a eletrificação como uma oportunidade para melhorar a qualidade do transporte público. São apresentadas questões ainda não resolvidas, exemplos de projetos já implementados e experiências internacionais.

Os possíveis ‘stakeholders’ do ecossistema da mobilidade elétrica constituem o tema central do Capítulo 3, que apresenta de maneira simplificada o papel dos agentes promotores da eletromobilidade. Esta seção aborda as ações das concessionárias de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a participação de concessionários e operadores de mobilidade, além do papel da administração pública, bancos públicos e privados e organismos multilaterais de crédito.

O Capítulo 4 apresenta aspectos técnicos relacionados à eletromobilidade, fornecendo aos gestores públicos informações que apoiam a tomada de decisões quanto à implantação, como a definição de locais potenciais, estimativas de área e a verificação da disponibilidade de redes de média ou alta tensão junto à concessionária de energia. São discutidos, nesta parte, a caracterização da rede de transporte, ônibus para passageiros, infraestrutura de recarga e a responsabilidade pela infraestrutura elétrica.

Economia e contratos-

Os aspectos financeiros e econômicos da eletromobilidade são abordados no Capítulo 5, que introduz o conceito de custo total de propriedade (TCO) e destaca a influência da dimensão da frota sobre o custo total. Também são discutidos temas relacionados à energia, custo de manutenção, incentivos federais, mecanismos alternativos de financiamento e avaliações socioeconômicas.

O Capítulo 6 é dedicado ao exame das possibilidades de configuração de contratos e parcerias para a ampliação das frotas de ônibus elétricos. Foca-se nos possíveis contratos públicos para a implementação da mobilidade elétrica no transporte público, modelos de negócios envolvendo concessões e a partilha de responsabilidades entre as partes.

Transição-

No Capítulo 7, que traz as considerações finais, os autores destacam a importância da adoção de tecnologias elétricas no transporte público urbano: “A transição para o transporte público elétrico representa uma oportunidade significativa, acompanhada de desafios, no esforço das cidades para adotar as melhores práticas na modernização dos serviços de transporte coletivo”, diz o trecho inicial.

E prossegue: “Essa mudança não se justifica apenas pelo fato de os ônibus elétricos serem mais silenciosos e não emitirem gases de efeito estufa; há também a necessidade de refletirmos sobre como podemos transformar a mobilidade urbana em algo mais eficiente, sustentável e inclusivo”.

Volkswagen avança no processo de homologação do e-Volksbus

A Volkswagen Caminhões e Ônibus dá mais um passo para o início da comercialização do seu primeiro ônibus 100% elétrico, o e-Volksbus. O veículo finalizou sua fase de testes com a SPTrans em São Paulo, e inicia em seu próximo destino, a URBS em Curitiba, dando continuidade ao rigoroso processo de homologação.

Segundo a montadora, essas homologações são essenciais para garantir a segurança, o desempenho e a manutenção do chassi elétrico, assegurando que ele atenda a todos os requisitos antes de ser lançado ao mercado. “Durante o processo, o e-Volksbus é submetido a um ciclo intenso de testes, rodando no mínimo dez horas diárias. A autonomia da bateria é levada ao limite, com avaliações detalhadas sobre a durabilidade, frenagem, e comportamento do veículo em subidas e descidas”, explica Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia da Volkswagen Caminhões e Ônibus.

Além disso, o processo inclui a avaliação da carroceria, acabamento e pintura, garantindo que cada detalhe do e-Volksbus esteja em conformidade com os mais altos padrões de qualidade. “Com essa nova fase de homologações, a Volkswagen Caminhões e Ônibus reforça seu compromisso com a inovação, se preparando para a comercialização de um veículo que irá transformar o transporte urbano”, complementa Chaves.

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Mercedes-Benz vende mais 100 ônibus elétricos para a cidade de São Paulo

A Mercedes-Benz divulgou a venda de mais 100 ônibus urbano elétricos a bateria eO500U para operadoras da cidade de São Paulo. Foram 95 para a Sambaíba Transportes Urbanos para operação na zona norte da capital paulista; três unidades para a Viação Santa Brígida, e duas para a Viação Gato Preto, que atuam nas zonas oeste e noroeste. As entregas ocorrerão entre o final deste ano e o início de 2025.

“Essa expressiva venda reafirma, mais uma vez, o êxito do nosso ônibus elétrico no mercado brasileiro, que foi totalmente desenvolvido no País e que vem sendo fabricado na linha de produção 4.0 da planta da empresa em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista”, diz Walter Barbosa, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. “Até dezembro do ano passado, produzimos 50 unidades do modelo para a cidade de São Paulo e, este ano, as entregas continuam, prevendo-se superar as 200 unidades até o final de 2024. Além disso, temos a expectativa de iniciar testes em Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória ainda neste segundo semestre.”

“O eO500U é uma solução que reforça o compromisso da Mercedes-Benz em oferecer uma alternativa sustentável para a mobilidade urbana. É também um produto focado na eficiência tecnológica e econômica para as empresas de ônibus e gestores do transporte coletivo”, diz Curt Axthelm, gerente de marketing e produto ônibus da Mercedes-Benz do Brasil.

Esse chassi da linha O 500 é um modelo Padron 4×2 de piso baixo, para carrocerias de até 13,2 metros. Entre seus diferenciais está a autonomia de 250 km. O sistema de recarga de baterias é do tipo plug-in, mesmo padrão tecnológico utilizado pela Daimler Buses em seus ônibus elétricos, levando até três horas para a recarga completa. A nova geração de baterias NMC3 é a mesma utilizada nos ônibus Mercedes-Benz eCitaro na Europa. O conceito eletroeletrônico do veículo brasileiro segue parâmetros do ônibus integral eCitaro da Daimler Buses. Isso engloba baterias, direção elétrica, motores elétricos, eixos e outros itens.

Suporte e serviços especializados

A Mercedes-Benz oferece suporte a todos que fazem parte do ecossistema da eletromobilidade, especialmente nessa transição do motor diesel para a tração elétrica. Para isso, a empresa conta com a equipe de eMobility, que centraliza todas as ações ligadas ao novo produto e ao novo segmento de mercado.

A gama de serviços inclui uma consultoria especializada às empresas de ônibus e aos gestores do transporte coletivo urbano no que se refere ao funcionamento do veículo, infraestrutura de abastecimento de energia e de recarga das baterias e gestão de frota com ônibus elétricos. Além disso, os concessionários da marca são treinados e têm estrutura preparada para o atendimento especializado a clientes de ônibus elétricos.