Tendências e perspectivas para o mercado rodoviário em 2025

O CEO da BuscaOnibus, José de Almeida, analisa diversos aspectos do mercado de transporte rodoviário de passageiros

Redação

O mercado rodoviário brasileiro atravessa uma fase de transição, impulsionada por uma confluência de fatores que incluem a consolidação de novos players nacionais e internacionais, diversificação da oferta de serviços e a crescente digitalização dos consumidores. Em um contexto de alta nas tarifas aéreas, o transporte rodoviário ganha protagonismo como uma alternativa competitiva e atraente, tanto para viagens de negócios quanto de lazer – como mostrou pesquisa recente do Google que apontou que 74% dos brasileiros preferem viajar de ônibus, seguido por carro (44%) e avião (32%).  

Segundo José Almeida, CEO do BuscaOnibus – plataforma de metabusca especializada no mercado rodoviário brasileiro, que reúne informações de mais de 250 empresas do setor –, o mercado apresentou um crescimento moderado em 2024, mas com aspectos que merecem análise detalhada. “A Black Friday, por exemplo, não trouxe o impacto esperado, com promoções relâmpago concentradas nas OTAs (Online Travel Agencies). O aumento de 30% nas vendas em novembro foi majoritariamente impulsionado pelos feriados, demonstrando que a sazonalidade ainda exerce um papel determinante na demanda por viagens rodoviárias”, aponta Almeida.

Expansão digital estagnada?

Embora a digitalização tenha transformado o mercado de passagens rodoviárias, sinais de saturação começam a aparecer no ambiente on-line. “Estamos vendo um platô na digitalização, o que tem intensificado a disputa pela fidelidade dos consumidores já conquistados. Programas de retenção, estratégias de cashback e iniciativas de fidelização estão se tornando diferenciais críticos. Além disso, para segmentos ainda subexplorados – como os ônibus de hora em hora e serviços em regiões metropolitanas – há um enorme potencial de expansão, desde que as empresas invistam em soluções digitais que atendam às necessidades desses públicos específicos”, analisa o executivo.

Cenário de fusões

A crescente presença de empresas estrangeiras no Brasil tem redesenhado o panorama competitivo do setor rodoviário. Em 2024, a consolidação de marcas como FlixBus e BlaBlaCar além da aquisição da DeÔnibus pela israelense Travelier fortaleceram o cenário de internacionalização do mercado. Nos últimos dias, inclusive, a DeÔnibus anunciou a aquisição do BuscaOnibus,com o foco de ampliar a participação no segmento e buscar novas parceiras e oportunidades de negócio.  

Para Almeida, 2025 ano deve trazer poucas oportunidades para aquisições de grande porte no mercado brasileiro, à exceção de operações envolvendo empresas com alta capitalização, como ClickBus e Buser. “No entanto”, complementa, “há grandes players internacionais que ainda não entraram no Brasil e essa entrada pode acontecer partindo de outros países da américa do sul ou através de grandes aquisições”.

Tecnologia “fura a bolha”

Entre os destaques de 2024 no mercado rodoviário – tendência que promete se consolidar em 2025 – está a realização de eventos e programas focados em tecnologia para o setor de transporte e turismo. A feira Lat.Bus, realizada bienalmente, firmou-se como um ponto de convergência entre as tradicionais montadoras, fabricantes de componentes e empresas de tecnologia e serviços digitais, refletindo as transformações do setor. “Vimos um ambiente onde o físico e o digital se encontraram para criar novas soluções, seja via plataformas de gestão de frotas, sistemas de pagamento integrados ou soluções MaaS (mobilidade como serviço)”, observa o CEO do BuscaOnibus.

Eventos como o Turistech Summit e o Travel Tech Hub Day, realizados no Cubo Itaú em São Paulo, reuniram startups, executivos e especialistas para explorar a crescente sinergia entre tecnologia e mobilidade. Entre os temas discutidos estavam inteligência artificial, digitalização de negócios, destinos inteligentes e as perspectivas para o futuro das viagens. Ainda no contexto tech, o EmbraturLAB, programa público de aceleração de startups, firmou-se como uma iniciativa de fomento à inovação no turismo ao focar no desenvolvimento de regiões turísticas mais acessíveis e no incentivo ao empreendedorismo local.

Para Almeida, a inovação tecnológica não é apenas uma tendência passageira, mas um imperativo para o mercado rodoviário, que precisará incorporar soluções digitais e experiências personalizadas para atender às novas demandas dos consumidores. “Estamos entrando em uma fase em que a competição não será apenas por preço ou disponibilidade, mas por quem consegue criar uma experiência de viagem verdadeiramente diferenciada e conectada às necessidades do consumidor. O mercado rodoviário brasileiro tem um enorme potencial”, conclui.

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