A Pesquisa CNT Perfil Empresarial Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros, divulgada, nesta terça-feira (3), pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), com o apoio da (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) mostra que o setor se modernizou, principalmente no que se refere à venda de passagens. A aquisição de bilhetes tornou-se mais acessível, com 95,6% das empresas oferecendo vendas on-line.
As modalidades digital e física para compra de passagens já ocupam a mesma importância na dinâmica do setor, inclusive, com uma pequena predominância das compras realizadas on-line, que foi apontada por 86,7% das empresas que participaram do levantamento como a mais procurada pelos passageiros. Os canais tradicionais, como agências de venda e bilheterias, continuam relevantes, alcançando 84,4%.
De acordo com a pesquisa, 93,3% das empresas do ramo estão sob gestão familiar, e 73,8% são comandadas pela segunda ou terceira geração de gestores. Apesar da tradição familiar e dos avanços tecnológicos, os desafios persistem, como os altos custos operacionais e a concorrência desleal de serviços irregulares, muitas vezes associados a novas ferramentas tecnológicas.
A publicação também revela a solidez da área: 82,2% das empresas têm mais de 20 anos de mercado, refletindo a tradição do transporte rodoviário interestadual de passageiros no Brasil. Além disso, 84,4% dessas empresas atuam em outras modalidades, com destaque para o transporte de cargas, escolhido por 52,6% dos entrevistados.
Entre as atividades com maior escassez de profissionais estão motoristas, mencionado por (84,4%) das empresas e mecânicos/manutenção (73,3%). A dificuldade de contratação está ligada ao pouco tempo de experiência na função (55,6%) e à falta de qualificação específica (53,3%), evidenciando a necessidade de cursos e treinamentos direcionados.
Setor
Na avaliação do presidente da CNT, Vander Costa, as informações presentes na publicação podem subsidiar a CNT e outras entidades representativas, permitindo uma atuação mais eficaz na defesa dos interesses do setor. “Os dados são cruciais para que os empresários tomem decisões estratégicas, aprimorando seu posicionamento em um ambiente competitivo e alinhado aos critérios de sustentabilidade econômica, social e ambiental. Para a sociedade, os resultados reforçam a relevância dos serviços prestados pelas empresas do setor em todo o Brasil”, afirma.
Segundo Vander Costa, essas informações também são valiosas para o poder público, pois oferecem subsídios para a elaboração de políticas mais assertivas para o setor. Conforme a ANTT, o Brasil conta com mais de oito mil empresas habilitadas, responsáveis por gerar aproximadamente 89 mil empregos diretos para motoristas, com mais de 39 mil veículos registrados no transporte rodoviário interestadual de passageiros.
Nos últimos anos, tem-se observado uma maior participação do modo aéreo em relação ao rodoviário no transporte interestadual de passageiros no país. Em 2022, a participação foi de 75,6% para o aéreo e 24,4% para o rodoviário. A despeito das oscilações nos preços das tarifas domésticas, o setor aéreo manteve um bom desempenho. Contudo, o rodoviário se destaca por sua capilaridade, com ampla rede de terminais e pontos de parada, além de oferecer maior flexibilidade para bagagens e transporte de pequenas mercadorias.
Entre os desafios enfrentados pelo rodoviário, destaca-se o avanço de novas tecnologias, como aplicativos que conectam usuários e motoristas que compartilham destinos comuns em veículos particulares. Outro ponto crítico é a venda individual de passagens por empresas cadastradas para fornecer serviços de fretamento ou empresas que nem estão cadastradas para operar no segmento., configurando uma concorrência desleal para as empresas regularmente cadastradas na ANTT .
A frota das empresas é formada predominantemente por ônibus movidos a diesel (99,98%), com presença, mesmo que reduzida, de veículos movidos por energia elétrica (0,02%). Considerando os custos operacionais, os gastos com combustível (33,3%) e mão de obra (31,9%) são os mais significativos. Inclusive, 82,2% delas acreditam que o aumento dos preços dos combustíveis e a inflação terão maior impacto nos seus negócios nos próximos três anos.
Já a manutenção dos veículos mostrou-se como o fator que mais sobrecarrega as empresas de um modo geral, tendo sido citada por 86,7% dos entrevistados, o que poderia ser minimizado com a manutenção das rodovias em condições adequadas de qualidade e segurança.
Os resultados do levantamento também estão disponíveis no Painel da Pesquisa CNT Perfil Empresarial – Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros.
Acesse a íntegra da Pesquisa CNT Perfil Empresarial