Rafael Teles, diretor de produto da Transdata: “As soluções devem ser concebidas de forma integrada, para otimizar ao máximo os processos de trabalho”
“Oferecer soluções tecnológicas integradas, que atendam ao ecossistema de ponta a ponta, é uma tendência muito forte no transporte coletivo”, destaca o executivo
Por Márcia Pinna Raspanti
Technibus – Quais as principais tendências em tecnologia para o setor de transporte coletivo?
Rafael Teles – Oferecer soluções tecnológicas integradas, que atendam ao ecossistema de ponta a ponta, é uma tendência muito forte. Uma boa ferramenta de planejamento e escalas exige um ótimo sistema de gestão de frotas para produzir os resultados esperados. Mas esses resultados são potencializados se tudo isso estiver integrado com a plataforma de telemetria e a solução de bilhetagem. E tudo isso precisa alimentar um sistema de gestão de contratos, para que empresas operadoras e órgãos gestores possam se entender quanto aos custos e a remuneração dos serviços. As soluções devem ser concebidas de forma integrada, para otimizar ao máximo os processos de trabalho. Desenvolver tecnologia pensando no ecossistema, em vez de desenvolver pensando apenas no produto é a maior tendência para o setor. A descarbonização é um ótimo exemplo: exige um conjunto integrado de soluções tecnológicas para que possa acontecer. Políticas como a tarifa zero, também.
Technibus – Como a inteligência artificial pode ajudar no planejamento e na gestão dos sistemas de transporte público?
Rafael Teles – Os avanços tecnológicos sempre fascinaram as pessoas. E, entre todos os avanços das últimas décadas, a inteligência artificial é, sem dúvida, o que mais mobiliza expectativas. Embora ainda não seja possível antever, com clareza, todas as suas potencialidades a tendência é que, com o tempo, essa tecnologia se torne acessível a diversas aplicações. Por hora, já é possível empregá-la em processos de planejamento de redes de transporte e otimização de recursos operacionais (frota, pessoal). A gestão do trânsito e a predição de falhas, a partir da integração com os dados telemáticos e telemétricos, são outras possibilidades a explorar.
Rafael Teles – Já existem soluções que utilizam IA para o transporte público disponíveis no mercado? A Transdata disponibiliza soluções baseadas em IA?
Rafael Teles – As soluções de planejamento e escala inteligente, como a plataforma oferecida pela Transdata em parceira com a e a M.A.I.O.R® (Management, Artificial Intelligence and Operations Research), utilizam IA para testar diferentes cenários de operação de forma dinâmica e encontrar os melhores resultados. Mas é importante notar que também há muita gente falando em IA ou IA Generativa apenas como peças de propaganda, sem que haja efeito prático em relação aos resultados oferecidos por essa tecnologia ou, pior, até sem que ela seja efetivamente empregada.
Technibus – A Transdata assinou novos contratos nos últimos meses?
Rafael Teles – Em 2023, as soluções Transdata chegaram a 19 novas cidades. Em algumas, substituindo as tecnologias que rodavam por lá, em outras, implantando soluções e projetos totalmente novos. Desses projetos, podemos destacar Boa Vista, capital de Roraima. Agora, a população tem acesso a novos meios de pagamento, além de soluções para o autoatendimento via Chatbot e informação em tempo real aos passageiros, possibilitando uma nova experiência na hora de usar o transporte público.
Vitória da Conquista (BA) também deu um importante passo para a modernização do sistema de transporte público. Não apenas o parque de validadores foi substituído pelo AtlasBox, como também os passageiros passaram a contar com novos meios de pagamento, como cartões de débito, crédito, QR Code e PIX e informação ao usuário. Vale destacar, ainda, que o operador também ganha com a modernização. Graças a implantação da plataforma Atlas, é possível uma gestão de bilhetagem, frota e operação mais eficiente, com transparência e robustez.
Technibus – Há previsão de novos contratos e produtos?
Rafael Teles – Todas as soluções da Transdata recebem atualizações periódicas e têm planos de evolução já definidos para os próximos dois anos. Além disso, há um trabalho de integração com soluções fornecidas por outras empresas do grupo, como a Plenatech e a Sigo, e as parceiras, Sonda e MAIOR, visando ampliar o alcance das plataformas Atlas e BusPlus no ecossistema da mobilidade.
