Walter Barbosa, que assumirá em janeiro o cargo de vice-presidente de vendas e marketing peças e serviços ônibus da Mercedes-Benz: “Os desafios para 2024 independem da minha movimentação dentro da organização. É muito mais trabalhar no processo de eletrificação, pois esse é o maior desafio que o setor enfrenta”

“Ainda não temos uma previsão para 2024, mas deve ser um ano melhor por conta do programa Caminho da Escola”, afirma Barbosa

Por Sonia Moraes

Technibus – Como você encara esse novo cargo que vai assumir na Mercedes-Benz do Brasil a partir de janeiro de 2024?

Walter Barbosa – Essa parte de vendas e pós-venda de peças é o meu dia a dia. A grande vantagem é que a Mercedes-Benz é a única marca que vai ter membro de ônibus no board. Isso ajuda muito para dar ainda mais foco no produto ônibus, porque as montadoras em geral produzem veículos comerciais e normalmente o foco é para o produto que tem maior volume de mercado, que é o caminhão. Dificilmente vocês vão encontrar uma empresa como a Mercedes-Benz que se estruturou dedicada no negócio ônibus. Com a saída do Roberto Leoncini, que fez um trabalho muito importante para a marca, conduzindo todo a área de vendas, marketing e pós vendas, essa área se desmembra em duas áreas com foco dedicado tanto para caminhões quanto para ônibus. E o mercado vai ganhar muito com isso.

Technibus – Qual o principal desafio pra 2024?

Walter Barbosa – Os desafios para 2024 independem da minha movimentação dentro da organização. É muito mais trabalhar no processo de eletrificação. Esse é o maior desafio que o setor enfrenta hoje, especialmente no segmento urbano. Hoje há muitos municípios querendo mudar a frota de diesel para o elétrico, e isso não é uma coisa muito fácil de ser feito, tem que ter um belíssimo planejamento, tanto de infraestrutura, financiamento, quanto de política pública, para depois pensar na tecnologia. Esse é o maior desafio, pavimentar essa nova estrada que está por vir e não virá sozinha. Acho que a eletrificação não é a única. Temos outras tecnologias que podem contribuir bastante para a redução das emissões e do carbono, como por exemplo, o Euro 6, o HVO, diesel verde. Esse é o maior desafio que a gente tem hoje no transporte.

Technibus – No segmento de ônibus vai haver uma divisão de tecnologias?

Walter Barbosa – Não sei dizer se terá uma divisão, mas o que provavelmente vai acontecer é um mix de diesel e elétrico, o percentual é o município que vai definir para colocar os ônibus elétricos em operação e evoluir nestas questões de redução de carbono e CO2. Acho que cada município vai definir se pretende ter 5%, 10% ou 20% de renovação de frota com ônibus elétricos. Essa é uma tendência e um caminho sem volta.

Technibus – O elétrico vai dominar no mercado de ônibus?

Walter Barbosa – Não vai dominar tanto quanto se previa, porque tecnicamente não é viável. Acho que vai avançar de forma gradativa e, mais uma vez, quando tiver uma infraestrutura implementada todos os municípios que querem operar com o elétrico, pode gradativamente ir aumentando as compras e não encomendar um volume grande. Pode até comprar, mas não vai conseguir rodar.

Technibus – Como deve terminar o mercado de ônibus em 2023?

Walter Barbosa – Esse ano vai ser bom. Vai terminar no mesmo patamar de 2019. Já estamos com 18,8 mil unidades vendidas e deve chegar entre 20 mil e 20,5 mil unidades no fim do ano.

Technibus – Qual a perspectiva para o próximo ano?

Walter Barbosa – Ainda não temos uma previsão para 2024, mas deve ser um ano melhor por conta do programa Caminho da Escola.

Technibus – Quantos ônibus elétricos a Mercedes-Benz espera vender em 2024?

Walter Barbosa – A Mercedes-Benz já tem 500 ônibus elétricos vendidos para 2024.

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