Caio Silva, gerente sênior da linha de produto de sistemas de driveline para veículos comerciais da ZF América do Sul: “Os primeiros ônibus a receber a transmissão TraXon em todo o mundo são os modelos rodoviários O500 RS, RSD e RSDD da Mercedes-Benz do Brasil”

Além de falar sobre a produção da TraXon para o segmento de ônibus, o executivo comenta a evolução do mercado de elétricos no Brasil

Technibus – Por que a ZF decidiu fabricar a transmissão TraXon no Brasil? 

Caio Silva – Para dar suporte às montadoras de veículos na América do Sul, principalmente o Brasil, que é um mercado importante para a companhia.

Technibus – Qual modelo de ônibus será equipado com a transmissão TraXon? 

Caio Silva – O primeiro ônibus a receber este produto em todo o mundo são os modelos rodoviários O500 RS, RSD e RSDD da Mercedes-Benz do Brasil. 

Technibus – Além do Brasil, onde a ZF produz a TraXon? 

Caio Silva – Além da fábrica de Sorocaba, no interior de São Paulo, a transmissão TraXon é produzida em Friedrichshafen, na Alemanha, e em Jiaxing, na China. 

Technibus – Poderia dar mais detalhes desta transmissão?

Caio Silva – É a mesma transmissão que está sendo produzida no Brasil desde 2020 para o segmento de caminhões. A TraXon é uma caixa automatizada de 12 marchas para aplicação em ônibus rodoviário que tem uma característica diferenciada de troca de marchas. Possui um GPS integrado, que é uma espécie de autolearning, capaz de conhecer o terreno e aplicar a melhor marcha para aquela região, o que traz um benefício muito grande de eficiência de combustível. Em caminhões a eficiência é de até 15%.

Technibus – E o Intarder 3 que é acoplado à transmissão TraXon, qual é a função? 

Caio Silva – O Intarder auxilia na frenagem do veículo e reduz em até 90% a utilização dos freios, garantindo economia de combustível, maior segurança e significativa redução de custos com manutenção. O equipamento gera força de até 600KW para atuar como redutor de velocidade até a completa parada do veículo. 

Technibus – Sobre o mercado de veículos elétricos, o que poderia ajudar a ampliar a utilização desses modelos no Brasil?

Caio Silva – No Brasil, os veículos elétricos ainda são vistos com muita cautela pelas montadoras. Têm clientes desenvolvendo os seus produtos específicos e outros considerando a ZF como fornecedor parceiro, mas é um mercado que ainda requer alguns cuidados pelo fato de ter uma recuperação de malha bastante complexa. 

Technibus – Que modelos elétricos devem conquistar um avanço mais rápido no mercado brasileiro? 

Caio Silva – Começamos a ver alguns postos de carregamento para carros, mas a avaliação da ZF é de que no Brasil os veículos que têm aplicação urbana, como as vans, caminhões leves e ônibus urbanos, tendem a migrar para os elétricos.  

Technibus – E os ônibus rodoviários? 

Caio Silva – O ônibus rodoviário que percorre 600 e 700 quilômetros por dia precisa ter uma estação de carregamento suficiente para cada produto. Então requer uma condição diferenciada do que a gente tem hoje.  

Technibus – O senhor acha que o avanço dos elétricos no Brasil será muito lento?

Caio Silva – Não tenho dúvida que o veículo elétrico veio para ficar, pois é uma tendência. Existem algumas expectativas na Europa. Fala-se em 2030 ou 2035 para acontecer essa ‘virada de chave’ nas cidades europeias, com mais produtos elétricos do que mecânicos, mas para o Brasil acho que a gente vai precisar de mais tempo. 

Technibus – O que você destaca de relevante no mercado de elétricos? 

Caio Silva – Apesar de o veículo elétrico ter pouca manutenção em relação ao modelo mecânico, que tem mais desgastes de peças, é preciso ter profissional especializado para fazer os reparos neste tipo de veículo por causa do grande risco de vida. Então, requer alguns cuidados.  

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