Marcopolo tem queda de 98,6% no lucro líquido no segundo trimestre

A produção no Brasil recuou 45,5%, com 2.042 unidades, e no exterior, a queda chegou a 47,1%, totalizando 293 unidades

Sonia Moraes

A Marcopolo registrou queda de 98,6% no lucro líquido no segundo trimestre de 2020, com o total de R$ 1,3 milhão, ante os R$ 90,9 milhões registrados no mesmo período de 2019. A receita líquida atingiu R$ 798,5 milhões no intervalo de abril a junho, com redução de 30,1% sobre o segundo trimestre de 2019. 

No primeiro semestre, a contração no lucro líquido foi de 89,8% ao totalizar R$ 12 milhões, ante os R$ 117,9 milhões alcançados no acumulado de janeiro a junho de 2019. Na receita líquida, a queda foi de 15,8% nos seis meses do ano, totalizando R$ 1,71 bilhão. 

Na apresentação do seu balanço financeiro aos investidores, a Marcopolo esclarece que os resultados do segundo trimestre sintetizam as dificuldades enfrentadas pela companhia como reflexo da pandemia da Covid-19 em seus mercados. “Todas as fábricas, em maior ou menor grau, sofreram restrições sanitárias que afetaram a produção no trimestre e mantiveram ociosa parte relevante de seus colaboradores.” 

Com o impacto da pandemia do coronavírus, a Marcopolo reduziu em 45,7% a produção consolidada, que atingiu 2.335 unidades no segundo trimestre, comparada aos 4.302 veículos fabricados no mesmo período de 2019.  

No Brasil a retração foi de 45,5%, resultando na produção de 2.042 ônibus, ante os 3.748 veículos fabricados de abril a junho de 2019. No exterior, a queda chegou a 47,1%, de 554 para 293 unidades. 

Do total de carrocerias fabricadas no Brasil no segundo trimestre, 1.742 unidades foram para o mercado interno (704 urbanos, 356 micro-ônibus, 244 rodoviários, 438 modelos Volare) e 336 foram exportados montados e 36 em CDK (desmontados). Do total de ônibus feitos no exterior, 161 unidades foram no México, 93 na Austrália, 24 na África do Sul e 15 na China. 

Primeiro semestre – 

No primeiro semestre, a redução da produção consolidada foi de 26,3%, de 7.837 para 5.779 veículos. No Brasil, o recuo chegou a 25,8%, de 6.717 para 4.982 ônibus, e no exterior a retração foi de 28,8%, de 1.120 para 797 unidades. 

Em seu informativo financeiro, a Marcopolo destaca que o segmento de fretamento e o programa Caminho da Escola sustentaram suas vendas neste período de pandemia. No mercado interno, a demanda por novos ônibus vem sendo impactada principalmente nos setores de turismo, linhas rodoviárias interestaduais e internacionais, transporte escolar e transporte público urbano, com desdobramentos em todos os segmentos de produto da companhia. 

“No trimestre, a Marcopolo entregou 724 ônibus vinculados ao programa Caminho da Escola – 271 micro-ônibus, 380 urbanos e 73 modelos Volare –, e o ritmo de entregas deve se acelerar no terceiro trimestre deste ano”, projeta a empresa.  

A Marcopolo comenta que as exportações vêm mostrando melhor desempenho na comparação com o mercado brasileiro devido à desvalorização cambial e ao bom momento nas entregas ao continente africano. “O menor volume de unidades segue sendo parcialmente compensado pela maior rentabilidade das operações, considerando o atual patamar do câmbio.”

Segundo a empresa, as exportações devem aumentar novamente a partir do quarto trimestre de 2020, ao se levar em conta a sazonalidade do período e as novas entregas para a África. “Nesse contexto, as duas fábricas localizadas em Caxias do Sul (Ana Rech e San Marino) seguem trabalhando com aproximadamente 50% da mão de obra, enquanto a fábrica de São Mateus (ES) consolida-se como fabricante de ônibus urbanos, com entrega de 281 unidades no segundo trimestre de 2020, ante 138 no segundo trimestre de 2019. Para compensar o menor volume de rodoviários destinados ao mercado interno, a unidade de Ana Rech segue produzindo urbanos para exportação.”

A Marcopolo esclarece que as operações controladas e coligadas no exterior foram impactadas de diferentes formas, a partir do tratamento dado à pandemia pelas autoridades de cada país. O destaque positivo entre as controladas foi o resultado da australiana Volgren, que teve sua produção interrompida por apenas dez dias, trazendo lucro no segundo trimestre de 2020 e com perspectivas positivas também para o segundo semestre deste ano. 

A Marcopolo México e África do Sul foram afetadas pela suspensão das atividades em abril, e a redução da produção, a partir do retorno ao trabalho, apresentou níveis semelhantes ao Brasil, 50%.  

A Marcopolo China, apesar da possibilidade de retorno da produção à normalidade, enfrenta diminuição de demanda em seus mercados, considerando que seus produtos são direcionados exclusivamente à exportação para países que ainda sofrem com a pandemia. 

Como resposta a esse cenário, a companhia concentrou esforços na adequação de custos e preservação de caixa, além do desenvolvimento de alternativas que viabilizem a seus clientes a voltarem a operar com segurança.  

Para conter as despesas, a Marcopolo vem mantendo aproximadamente 50% de seus colaboradores no Brasil em regime de suspensão do contrato de trabalho ou redução de jornada. Nas operações internacionais, a mão de obra vem sendo ajustada para se adequar as atuais condições de mercado.  

“A companhia segue reduzindo despesas não obrigatórias e revendo processos que permitam economias. Com relação ao caixa, metas agressivas de redução de capital de giro foram adotadas, e o pagamento de proventos e a realização de investimentos para novos projetos seguem contingenciados, permitindo estimar eventual reversão da atual condição de consumo de caixa nos próximos trimestres.”

Em seu comunicado, a Marcopolo diz ainda que vem sendo pioneira no desenvolvimento de soluções inovadoras, oferecendo aos seus clientes a oportunidade de voltarem a operar com segurança e propiciando aos usuários finais dos serviços de transporte coletivo a confiança de que ao viajarem terão condições sanitárias adequadas.  

Entre os produtos lançados estão a nova configuração de poltronas com maior distanciamento entre os passageiros, lâmpadas ultravioleta para desinfecção dos sanitários e do ar-condicionado, acionamento de luzes de leitura sem necessidade do toque, revestimentos em tecidos apropriados para desinfecção, proteções para motoristas e cobradores. Além disso, parte das carrocerias produzidas a partir de junho está sendo equipadas com componentes da Marcopolo Biosafe.  

“Essas ações, associado ao alongamento da carteira pela redução da produção diária, vem permitindo à companhia atravessar o período mais crítico da crise com equilíbrio de resultados mesmo com a queda acentuada de novos pedidos. A demanda vem se recuperando desde maio e, mantido o ritmo atual de produção, temos entregas previstas até a primeira quinzena de setembro.”

Com relação às perspectivas, a Marcopolo informa em seu documento que, a partir de outubro, espera uma recuperação de volumes por conta de encomendas já efetivadas, especialmente em exportações, bem como em função do arrefecimento da pandemia e reabertura gradual das cidades, já iniciada na grande maioria dos países.

“Todos os dias, milhões de pessoas utilizam o ônibus como principal meio de transporte entre suas residências e o trabalho, em pouco tempo o turismo, especialmente regional, retornará, juntamente com o transporte escolar e as viagens interestaduais e internacionais. Pensando nisso, a Marcopolo segue adotando uma postura propositiva, como protagonista no desenvolvimento de tecnologias que possam priorizar e garantir a segurança dos usuários e respaldem a volta de nossos clientes ao novo normal.”

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