Quem paga a conta da inovação na mobilidade?

“É justo que o passageiro pague sozinho pela descarbonização e pelas inovações tecnológicas por meio da tarifa?”, questiona o superintendente da ANTP, Luiz Carlos Néspoli (Branco)

Márcia Pinna, com Podcast do Transporte

O episódio 124 do Podcast do Transporte embarca em um debate crucial: quem deve arcar com os custos das novas tecnologias no transporte público? A discussão surgiu durante a premiação dos Maiores do Transporte e Melhores do Transporte 2025, com a provocação do superintendente da ANTP, Luiz Carlos Néspoli (Branco): é justo que o passageiro pague sozinho pela descarbonização e pelas inovações tecnológicas por meio da tarifa?

Em entrevista ao editor do Diário do Transporte, Adamo Bazani, Branco defendeu que a transição tecnológica, como a adoção de ônibus elétricos e motores Euro 6, não pode recair apenas sobre o usuário, já que os benefícios são coletivos – para a cidade, para o país e para o mundo. Ele destacou que o poder público precisa assumir parte desse investimento, garantindo que a evolução não penalize justamente quem tem menor renda.

Voz da Indústria

O presidente da Fabus, Ruben Bisi, concordou com a premissa da necessidade de participação do Estado no financiamento da inovação tecnológica, lembrando que veículos mais modernos e sustentáveis chegam a custar até três vezes mais que os modelos a diesel. Para ele, a tarifa não consegue absorver sozinha esse impacto. Bisi citou exemplos internacionais, como Londres e Rússia, onde governos subsidiaram a diferença de custo para acelerar a transição tecnológica, reduzindo gradualmente os aportes conforme os custos operacionais caíam.

Justiça Social e Sustentabilidade

A analista da WRI, Karolina de Jesus, ampliou o debate ao questionar se as novas tecnologias estão realmente reduzindo desigualdades ou apenas beneficiando quem já tem maior poder aquisitivo. Ela alertou que a eletrificação, embora ambientalmente positiva, pode reforçar desigualdades sociais se não for acompanhada de políticas que garantam acesso democrático e justiça climática.

56º Concurso de Pintura de Frotas

A editora da Technibus, Márcia Pinna, apresentou os vencedores da 56ª edição do Concurso de Comunicação Visual e Pintura de Frotas, ressaltando que a comunicação visual vai além da estética: é também uma forma de transmitir mensagens de sustentabilidade e identidade cultural diretamente às ruas.

Entre os destaques, projetos rodoviários e metropolitanos mostraram como tradição, modernidade e inovação podem se unir em layouts que reforçam a identidade das empresas e ao mesmo tempo dialogam com o público sobre temas como diversidade e sustentabilidade.

Um dos destaques da premiação foi o ônibus elétrico que roda em Manaus, com pintura inspirada na onça-pintada, símbolo da fauna amazônica. A gerente de comunicação do Sinetram, Karen Medeiros, explicou que a ideia foi unir tecnologia e cultura: o verde simboliza energia limpa e as pintas da onça representam a força e a beleza da Amazônia.

Para Karen, colocar essa mensagem nos ônibus é uma forma de aproximar a população da sustentabilidade, mostrando que inovação pode caminhar junto com identidade regional e orgulho cultural.

Leia também: Um toque de elegância no transporte brasileiro

Editorial

O episódio também trouxe um editorial contundente de Alexandre Pelegi, que chamou a atenção para conclusões de estudo da ANTP que alertam para o risco de subsídios destinados ao transporte coletivo acabarem financiando indiretamente o mototáxi por aplicativo, um efeito colateral que já preocupa especialistas.

Nesse cenário, o dinheiro que deveria fortalecer o transporte coletivo pode acabar compensando a fuga de usuários para um modal privado, sem regulamentação e com altos índices de acidentes. A ANTP defende medidas firmes: limitação de áreas de operação, controle de velocidade, regras de jornada e algoritmos que impeçam manobras perigosas.

O editorial conclui com uma reflexão: antes de discutir tarifa zero ou eletrificação da frota, é preciso cumprir a “tarefa zero” – garantir que os recursos destinados ao transporte coletivo não vazem para modelos concorrentes inseguros e sem regulamentação. Só assim será possível construir um transporte público forte, sustentável e socialmente justo.

Experiência do Passageiro

O episódio encerra com a participação da Abrati, que apresenta, com a porta-voz Leticia Pineschi,  a necessidade de desenvolver os pontos de parada rodoviários e o desafio de melhorar a experiência do passageiro em viagens de longa distância, mostrando que inovação também passa por serviços básicos de qualidade.

Informação com análise é no Podcast do Transporte.  Episódio novo toda quarta-feira pelo Spotify (https://podcastdotransporte.com.br/#ouvir) ou no seu agregador predileto.  Ou visite a gente no www.podcastdotransporte.com.br Os cortes também ficam disponíveis no https://www.youtube.com/@Podcastdotransporte. O Podcast do Transporte é um produto do Diário do Transporte em parceria com a Technibus/OTM Editora e a ANTP . Produção: Toda onda

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