A grande dificuldade para o avanço do biometano no país é o custo de implementação e da infraestrutura e o tempo que esse combustível vai levar para atingir escala de produção. Estas foram as limitações apontadas por Francisco Mazon, CEO da Viação Santa Cruz, durante o 10º Fórum CNT. Neste evento foram discutidas a exploração de alternativas como biocombustíveis avançados, diesel verde, eletrificação e hidrogênio no transporte, durante o painel “Soluções Tecnológicas e Inovação para a Descarbonização”.
A Viação Santa Cruz, que tem 67 anos de fundação e uma frota com 100% de ônibus Euro 6, iniciou em setembro deste ano teste com o ônibus biometano no trajeto de São Paulo-Campinas e Campinas-São Paulo, em parceria com a Scania. “Os resultados estão sendo bastante positivos. Em termos operacionais, o biometano tem apresentado desempenho equivalente ao diesel. O consumo é um pouco maior por metro cúbico, porém com um preço pouco menor. No final, as contas operacionais entre diesel e biometano praticamente se equivalem, mas a nossa grande preocupação é com o custo de infraestrutura e o tempo que vai levar para ter escala”, disse Mazon.
Como exemplo, ele citou que o caminhão movido a biometano custa em torno de 10% mais do que o modelo a diesel, enquanto que o ônibus custa 30% mais porque não tem escala. “Essa era de escalabilidade precisa acontecer e em que tempo vai acontecer, não sabemos.”
Outro problema apontado pelo CEO da Viação Santa Cruz com o ônibus movido a biometano é referente ao peso do cilindro de gás. “Para ter uma autonomia maior, é preciso de mais cilindros e mais cilindros significa mais peso no veículo. Como fica a lei da balança?”, questionou o empresário.
Existe ainda a questão do espaço que o cilindro ocupa na bagagem do ônibus. “Se colocam mais cilindros para garantir maior autonomia em uma viagem mais longa, perde-se o espaço para a bagagem. Então, uma coisa briga com a outra”. O empresário disse que já existe um desenvolvimento de cilindros, que pesam de sete a oito vezes menos do que os atuais. “Mas o custo dele é de sete a oito vezes maior também. Então, são esses desafios que temos, de tempo e de custo.”
Solução para problema social
Como fator positivo sobre o uso do biometano, o CEO da Viação Santa Cruz citou a possibilidade de transformar um problema social em uma solução social. “Em uma visita à usina de biometano e um lixão na região de Campinas (SP), foi demonstrado de uma maneira muito clara que 95% do lixo pode ser reaproveitado. O biodigestor pode ser alimentado por produtos vegetais, mas quando se alimenta com produto orgânico, transforma o problema social em solução social, porque, além de não ter lixão, usa um combustível limpo”, destacou Mazon.
“Sabemos que, se começar hoje, vai demorar muitos anos para se ter o retorno, mas tem que começar em algum momento”. Mazon revelou que, em seu programa de inovação, a Viação Santa Cruz procura avaliar motores, carrocerias e componentes. São testes que, segundo o empresário, requerem investimentos e muito conhecimento.
“A inovação permeia também a reserva de passagens e, como a minha empresa tem uma característica de muitos passageiros embarcarem no trecho, fizemos investimentos nesta área”, revelou Mazon. “Hoje, o motorista, por meio de um tablet, sabe onde o passageiro está e o passageiro sabe em qual poltrona ele vai sentar. Tudo de forma eletrônica. Esse é o desafio, e temos que chegar lá”, disse o empresário.
Fique por dentro das principais notícias e novidades do mundo do Transporte Coletivo e da Mobilidade:
Acompanhe o Canal Technibus no WhatsApp
Acompanhe as nossas redes sociais: Linkedin, Instagram e Facebook
Ouça o Podcast do Transporte



