Mobilidade ativa ganha status de investimento e é pauta do Arena ANTP 2025

O Brasil começa a consolidar sua política nacional para a bicicleta, com metas, diretrizes e uma agenda até 2030

Redação

A bicicleta deixou de ser símbolo de lazer para se afirmar como política pública, economia verde e ferramenta de transformação urbana. Esse novo olhar sobre a mobilidade ativa será destaque no Arena ANTP 2025, que acontece entre os dias 28 e 30 de outubro em São Paulo — reunindo experiências internacionais e estratégias nacionais que demonstram o poder do pedal como investimento social, ambiental e econômico.

De um lado, a Europa já colhe resultados mensuráveis. De outro, o Brasil começa a consolidar sua política nacional para a bicicleta, com metas, diretrizes e uma agenda até 2030. Juntos, esses movimentos compõem um mesmo horizonte: colocar a mobilidade ativa no centro das decisões urbanas.

Europa: o pedal que gera resultados concretos

Um estudo inédito da EY (Ernst & Young), encomendado pela Cycling Industries Europe (CIE) — federação que representa empresas e organizações ligadas à cadeia produtiva da bicicleta no continente — e pela EIT Urban Mobility — iniciativa europeia de fomento à inovação e à sustentabilidade nos transportes — mostra que o sistema europeu de bicicletas públicas já é um caso de sucesso em política urbana baseada em evidências.

Com 150 cidades em 30 países e mais de 430 mil bicicletas compartilhadas em operação, o modelo gera benefícios expressivos:

  • 46 mil toneladas de CO² evitadas por ano, o equivalente às emissões anuais de uma cidade de 4,3 mil habitantes;
  • 1.000 doenças crônicas prevenidas, entre elas casos de diabetes e cardiovasculares;
  • 760 mil horas de congestionamentos evitadas, o que representa €30 milhões (cerca de R$170 milhões) em ganhos de produtividade;
  • 6 mil empregos diretos criados, muitos com foco em inclusão e qualificação profissional.

Somando os efeitos econômicos, sociais e ambientais, o impacto chega a €305 milhões (cerca de R$1,75 bilhão) anuais. Para cada euro investido, há €1,10 de retorno social, o que representa 10% de rendimento anual para as cidades.

E o futuro é ainda mais promissor: até 2030, os ganhos podem triplicar, alcançando €1 bilhão (R$5,75 bilhões) anuais, com eletrificação das frotas, integração com outros modos de transporte e expansão para cidades médias e periféricas.

“Pela primeira vez, temos evidências sólidas do retorno sobre o investimento em bicicletas compartilhadas. Elas tornam o ciclismo acessível a todos e ajudam as cidades a alcançarem suas metas de carbono zero”, afirma Lauha Fried, diretora de políticas da Cycling Industries Europe.

Brasil: a ENABICI como bússola da mobilidade por bicicleta

No Brasil, o caminho se constrói em paralelo — e com ambição semelhante. A ENABICI (Estratégia Nacional de Promoção da Mobilidade por Bicicleta) é uma iniciativa coordenada pela União de Ciclistas do Brasil (UCB) em parceria com o ministério das cidades e diversas organizações da sociedade civil e do setor produtivo.

Ela integra o Programa Bicicleta Brasil, criado pela Lei nº 13.724/2018, e estabelece uma agenda até 2030 para consolidar a bicicleta como modo de transporte estruturante, seguro e acessível.

Entre suas principais metas estão:

  • Elevar a participação da bicicleta a 25% dos deslocamentos urbanos;
  • Garantir segurança, conforto e acessibilidade para quem pedala;
  • Reduzir desigualdades e promover o acesso à cidade por meio do transporte ativo;
  • Fomentar a economia da bicicleta, com estímulo à indústria nacional, inovação e emprego verde;
  • Estabelecer governança e financiamento contínuo, integrando União, estados e municípios.

A ENABICI está organizada em cinco eixos temáticos — políticas públicas e legislação; infraestrutura; economia; cultura e promoção; e financiamento — e reúne mais de 280 objetivos distribuídos em 44 subtemas.

Construída de forma participativa, com oficinas e consultas públicas, a estratégia busca alinhar o Brasil a compromissos internacionais como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Nova Agenda Urbana da ONU, transformando o uso da bicicleta em vetor de desenvolvimento urbano e climático.

Arena ANTP 2025: onde os caminhos se cruzam

O Arena ANTP 2025 será o ponto de encontro dessas visões. O painel “ENABICI – Estratégia Nacional da Bicicleta” acontece no dia 30 de outubro, das 10h às 11h, na Arena 2, reunindo especialistas que estão redesenhando o papel da bicicleta na mobilidade brasileira.

Participam do debate:

  • Allan Sicsic, supervisor de Relações Institucionais e Governamentais da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares);
  • Luiz Saldanha, diretor executivo da Aliança Bike;
  • Ariadne Samios, coordenadora de Mobilidade Ativa do WRI Brasil (World Resources Institute);
  • Claudio Oliveira da Silva, coordenador de Regulação da Mobilidade do ministério das cidades.

A moderação será conduzida por Yuriê Baptista César, geógrafo pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em Engenharia Urbana pela UFSCar e pós-graduado em Gestão Governamental e Governança Pública.

O painel promete aprofundar o diálogo entre as experiências internacionais e as políticas nacionais, mostrando como o Brasil pode transformar o pedal em política de Estado, integrando economia, saúde pública e meio ambiente.

Serviço

Painel: ENABICI – Estratégia Nacional da Bicicleta

Local: Arena ANTP 2025 – Transamérica Expo Center, São Paulo

Data: dia 30 de outubro, das 10h às 11h, na Arena 2

Contato com a imprensa:

Luiz Alberto Pandini:

[email protected]

Tel.: 11 99122-6260

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