No seminário Gás para Empregar — Construindo uma estrutura justa e sustentável de preços, realizado ontem (16) na sede da Fiesp, em São Paulo, o ministro de minas e energia, Alexandre Silveira, criticou duramente a política de preços da Petrobras para o gás natural. Segundo ele, o valor cobrado da indústria nacional inviabiliza setores inteiros intensivos em energia, como siderurgia, cerâmica, vidro, fertilizantes e produtos químicos, comprometendo a retomada do crescimento com geração de empregos.
Conforme o ministro, enquanto o gás natural é extraído a um custo de cerca de US$ 2 por milhão de BTU no pré-sal, ele chega à indústria por até US$ 16 — um aumento de oito vezes no valor. Essa disparidade, alertou, é inaceitável em um país que precisa fortalecer sua base industrial. “É inadmissível que a gente promova uma depressão da nossa indústria nacional pelo preço do gás”, afirmou. “Tornar inviável a indústria autointensiva em energia é comprometer empregos, renda e soberania industrial.”
O ministro também apontou a falta de transparência da Petrobras na divulgação de dados. “Durante anos, havia uma dificuldade muito grande para que esses números se tornassem públicos. Hoje, temos um diagnóstico claro do porquê nosso gás é tão caro”, disse. Segundo ele, “a maior empresa do Brasil precisa dar exemplo. Não se pode esconder informações essenciais da sociedade e da indústria.”
A revelação das razões para o custo elevado do gás da Petrobrás deu-se com publicação Fact Sheet Gás Natural como matéria-prima para o metanol – Precificação do gás natural para oportunidades na cadeia do C1 (metano e seus derivados), recentemente divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao ministério de minas e energia. Este estudo analisou a precificação do gás natural, buscando entender os fatores que contribuem para o custo elevado no Brasil, especialmente em relação à sua utilização como matéria-prima para a produção de metanol.
Mais PPSA na comercialização do gás
Silveira defendeu a ampliação do papel da PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.) na comercialização do gás natural. “Desde 2010, o nosso gás é remunerado na cabeça do poço, mas não é entregue à indústria nacional. Isso é completamente descabido”, afirmou. Ele adiantou que a PPSA deverá realizar, “pela primeira vez desde sua criação”, um leilão para comercialização de gás natural. “Nossa perspectiva é que esse leilão aconteça, no máximo, até o primeiro semestre de 2026 e que o gás chegue à indústria a um preço em torno de US$ 8 por milhão de BTU.”
Um projeto de lei foi enviado ao Congresso para permitir que a PPSA atue de forma mais ampla no mercado. “Se for preciso que a PPSA tenha infraestrutura, ela terá. E a Petrobras, que já tem, pode cumprir esse papel”, afirmou o ministro.
Ele também alertou para os riscos de “comprometer uma indústria de base tão fundamental quanto a siderurgia”, ao mencionar a concorrência com o aço importado da China, que já responde por 40% do consumo nacional. “Sem proteção à nossa indústria e com insumos caros, estaremos condenando o país à desindustrialização.”
Ao final de sua fala, Silveira reiterou o papel estratégico da Petrobras na reindustrialização do país. “A estatal precisa cumprir seu papel constitucional e social. Pode e deve ser protagonista na liderança de um novo ciclo industrial”, disse. “Temos um país rico, com potencial enorme, mas ainda com muita desigualdade. A inclusão social passa pela geração de emprego e renda. E isso se faz com desenvolvimento e com uma indústria forte.”
O seminário na Fiesp reuniu autoridades, empresários e representantes do setor energético para discutir medidas concretas para a construção de um mercado de gás mais transparente, competitivo e alinhado ao desenvolvimento sustentável do Brasil.
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