Prefeitura de SP estuda frota de ônibus Scania a gás após impasse com elétricos

A fabricante de origem sueca, que lidera o fornecimento de caminhões pesados a gás no Brasil, apresentou à administração municipal um projeto técnico demonstrando a viabilidade de adoção da tecnologia também no transporte coletivo urbano

Aline Feltrin

A prefeitura de São Paulo analisa a possibilidade de modificar o edital de renovação da frota de ônibus da cidade para permitir a inclusão de veículos movidos a gás natural veicular e biometano, além dos modelos elétricos já previstos. A mudança, ainda em estudo, foi motivada pelas dificuldades enfrentadas na expansão da infraestrutura elétrica na capital. A informação foi revelada por Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, ao portal Technibus na última sexta-feira (25).

A Scania, que lidera o fornecimento de caminhões pesados a gás no Brasil, apresentou à administração municipal um projeto técnico demonstrando a viabilidade de adoção da tecnologia também no transporte coletivo urbano. Segundo Alex Nucci, a empresa tem evidenciado os benefícios do gás frente ao custo elevado e à complexidade logística do modal elétrico.

“O edital atual prevê exclusivamente ônibus elétricos, mas, diante dos desafios com a infraestrutura de carregamento, a prefeitura nos procurou para entender se há outras alternativas sustentáveis”, afirmou Nucci. “Mostramos que, com biometano e gás natural, é possível reduzir custos de aquisição e operação, ao mesmo tempo em que se mantém o compromisso ambiental.”

A proposta da Scania inclui a adoção de ônibus com motor traseiro movido a gás e a utilização de uma rede de abastecimento simples, com tanques instalados diretamente nas garagens — o que dispensaria a dependência de distribuidoras de energia elétrica. O executivo lembra ainda que o custo de aquisição de um ônibus a gás é significativamente menor do que o de um elétrico, o que permitiria à prefeitura ampliar o volume de veículos renovados com o mesmo orçamento.

“Com gás, é possível dobrar o número de unidades adquiridas em comparação com o elétrico, mantendo a meta de descarbonização”, disse Nucci. “A infraestrutura de gás já existe em boa parte do estado, e o biometano tem ganhado escala com empresas como a Gás Verde, o que fortalece o modelo.”

Ônibus a gás em Goiânia

Segundo ele, a Scania já tem 15 ônibus a gás em operação em Goiânia e apresentou à prefeitura paulistana um caminho semelhante ao adotado no mercado de caminhões, que envolve parcerias para garantir fornecimento contínuo de combustível e manutenção. O projeto foi bem recebido pela equipe técnica da secretaria de mobilidade e transportes, mas ainda não há definição oficial sobre mudanças no edital.

“O interesse demonstrado pela prefeitura mostra que há espaço para uma solução tecnológica complementar ao elétrico. A tendência é que São Paulo, assim como ocorre na Europa, conviva com uma matriz energética mista: gás, elétrico e diesel em transição”, afirmou.

Hoje, menos de 500 ônibus elétricos operam no Brasil, diante de uma frota urbana de cerca de 25 mil veículos. Nucci estima que, nos próximos dez anos, o país terá uma convivência entre os três tipos de combustível, com crescimento gradual do gás e do elétrico, conforme infraestrutura e orçamento permitirem.

Caso a prefeitura avance com a alteração do edital, a Scania poderá fornecer os primeiros modelos a gás ainda dentro do próximo ciclo de renovação da frota. “É um volume considerável e uma oportunidade para acelerar a transição energética do transporte público sem sobrecarregar o orçamento municipal nem o usuário final”, disse o executivo.

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