Por Márcia Pinna Raspanti
Technibus – O hidrogênio verde pode ser uma boa alternativa para o transporte público no Brasil? Por quê?
Juliana Najara – Sim, porque a utilização do hidrogênio verde traz para o transporte público no Brasil benefícios como a redução da poluição nas cidades; zero emissão de gases poluentes; mais versatilidade, uma vez que pode ser usado em diversos tipos de transportes públicos, e aumento da segurança energética do Brasil, devido às condições favoráveis para sua produção no país. Em se tratando de energia renovável, de acordo com o Ranking do Pew Environment Group, nosso país está entre as dez maiores potências mundiais em energia limpa, o que nos posiciona como um possível player global na produção deste combustível. Não à toa, a expectativa, segundo um estudo da BloombergNEF (BNEF), é que, até 2030, o território brasileiro produza o hidrogênio verde mais barato do mundo, no valor de US$1,45 por quilo. Contudo, tal cenário, para se concretizar, dependerá, exclusivamente, de grandes investimentos a serem feitos pelo setor. Afinal, vale destacar que o hidrogênio não é algo encontrado na natureza, o que traz desafios que vão desde a sua produção, extração, até o transporte. Ou seja, por ser um gás que, por si, só apresenta instabilidades e é produzido externamente, tornam-se elevados os custos de produção, bem como demanda o alto investimento em infraestrutura para viabilizar seu uso em larga escala. No entanto, é importante enfatizar que, ao mesmo tempo que a produção desse recurso traz uma série de desafios, também gera, proporcionalmente, oportunidades para o mercado brasileiro.
Technibus – Quais as vantagens do Brasil na produção de hidrogênio verde?
Juliana Najara – O Brasil possui vantagens significativas em relação a outros países, como recursos naturais abundantes, temos uma grande produção de energia de fontes renováveis, como usinas solares e eólicas; vasta rede de transmissão, que pode ser utilizada para transportar a energia renovável gerada para uso na produção de hidrogênio verde; menores custos de produção de energia de fontes renováveis que estão se reduzindo ano a ano devido ao aumento da demanda e investimentos no Brasil; expertise técnica, pois temos centros de pesquisa e universidades renomadas, com investimentos direcionados para trazer novas tecnologias para a produção de hidrogênio verde.
Technibus – O uso do hidrogênio verde está avançando em outros países? Quais?
Juliana Najara – Sim, países da União Europeia como Alemanha, Espanha e Portugal, estão avançando no uso de hidrogênio verde para reduzir sua dependência energética de outros países. E temos outros como China, Japão e Austrália, que estão avançando no uso para acompanhar o processo de transição energética que o mundo vem passando.
Technibus – Fala-se muito em eletrificação das frotas, principalmente de ônibus. O uso do hidrogênio verde, no futuro, interfere no processo atual de eletrificação da frota?
Juliana Najara – O uso do hidrogênio verde interfere de maneira positiva, pois surge como uma tecnologia complementar para auxiliar no cumprimento do objetivo de descarbonização da frota. Combinar as duas tecnologias permitirá que as cidades ofereçam um sistema de transporte público mais limpo, eficiente e confiável para seus moradores.
Technibus – Como a tecnologia pode ajudar na ampliação do uso de hidrogênio verde?
Juliana Najara – A tecnologia desempenha um papel crucial na ampliação do uso de hidrogênio verde, proporcionando transparência, eficiência e controle nas etapas que vão desde a produção, transporte e utilização. Com esse apoio da tecnologia, aliada a outros fatores, será possível contribuir para uma transição energética eficiente e sustentável. Para as empresas que pretendem entrar nesse mercado, o primeiro passo a ser dado, sem dúvidas, é o investimento no sistema de gestão que irá centralizar todas essas informações e ajudar a garantir maior assertividade e gestão de cada etapa a ser seguida. Ademais, contar com o apoio de uma consultoria especializada nesse segmento também se configura como uma estratégia eficaz para direcionar o foco e os esforços na opção correta. Embora não seja uma grande novidade no mercado, do ponto de vista estrutural e econômico, o Brasil ainda não está preparado para produzir e exportar o hidrogênio verde, tendo em vista seu alto custo e especificidades. Entretanto, não há como ignorar que, sim, este é um mercado em potencial crescimento que o nosso país precisa estar atento, considerando sua posição de favoritismo na geração de energia renovável.
Obviamente, para que isso seja uma realidade é fundamental que, além da cooperação internacional, sejam estabelecidos investimentos governamentais internos que ajudem a fomentar esse mercado no eixo energético brasileiro. Contudo, este é o momento de preparação ao qual o setor deve buscar estar preparado, para obter um melhor desempenho frente ao futuro. Afinal, uma coisa é fato: certamente, o hidrogênio verde irá abrir portas, mas caberá ao setor de energia buscar mantê-las abertas.
Technibus – A G2 oferece soluções para que tipo de empresas que queiram entrar nesse mercado? As operadoras de transporte também podem se beneficiar da tecnologia da empresa para uso do hidrogênio?
Juliana Najara – Sim, a G2 possui uma gama de soluções para atender empresas que desejam entrar ou já fazem parte do mercado de hidrogênio verde. As soluções oferecidas trazem benefícios como otimização da produção; gerenciamento da cadeia de suprimentos, o que é essencial no processo de produção do hidrogênio verde, pois a energia utilizada em seu processo de produção tem que ser, comprovadamente, de fontes renováveis; monitoramento da infraestrutura; análise de dados para previsão de demanda e otimização de processos, garantindo eficiência, confiabilidade e transparência na produção e comercialização de hidrogênio verde. Além disso, a G2 oferece soluções para atender empresas de transporte, entregando benefícios como gestão integrada da operação, de frota, de combustível, análise de dados para otimização de rotas, previsão de manutenção e gestão de cadeia de suprimentos. Tudo isso, proporcionando maior eficiência, redução de custos e melhor atendimento ao cliente. Essas soluções não só aumentam a competitividade da empresa no mercado, mas também contribuem para um ambiente de trabalho mais organizado e produtivo.