Por Sonia Moraes
Technibus – Qual a estimativa da Iveco Bus para o mercado de ônibus em 2024?
Danilo Fetzner – A previsão é de retomada para o mercado de ônibus, com o Euro 6 já amadurecido. Acreditamos que o potencial de compras em ano de eleições municipais, somado às encomendas do Caminho da Escola, aqueçam as vendas e a produção neste ano.
Technibus – A Iveco Bus está confiante em um crescimento sustentável?
Danilo Fetzner – Sim, estamos bastante confiantes. Somos líderes no fornecimento de ônibus escolares para o programa Caminho da Escola, do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o que eleva nossa capacidade produtiva em 2024, possibilitando atender mais rapidamente às demandas que surgirem, além de ampliar a participação da marca no segmento de ônibus escolar. Estamos habilitados a fornecer 7.100 ônibus escolares para entrega em 2024 e 2025 – um lote de 3.500 veículos na categoria ORE 3 (Ônibus Escolar Rural 3), com capacidade para 59 alunos, e outro com 3.600 veículos na categoria ORE 2 (Ônibus Escolar Rural 2), com capacidade para 44 alunos. A nossa produção está totalmente empenhada, acelerando a capacidade produtiva.
Technibus – Qual a projeção para o mercado rodoviário?
Danilo Fetzner – Seguimos as previsões da Anfavea para o mercado de ônibus como um todo. A entidade está otimista para o mercado em 2024, projetando uma produção de 160 mil veículos pesados (caminhões e ônibus) neste ano, volume 32,1% superior aos 121 mil produzidos em 2023. Como o segmento de ônibus representa, historicamente, de 15% a 20% da produção total, estimamos 32 mil unidades para todo o mercado de ônibus.
Technibus – A Iveco Bus já vê sinais de aquecimento no mercado de urbanos por causa das eleições municipais?
Danilo Fetzner – Sim, o que é natural ocorrer. Para nós, 2023 foi um ano de oportunidades em vendas, principalmente no segmento urbano, fornecendo unidades do chassi 17-280, de 17 toneladas, para clientes como a Viação Araguarina, de Goiânia (GO); a empresa Rosa, de Feira de Santana (BA); a Sancetur de Indaiatuba (SP); as empresas Auto Viação Antonina, Transporte Coletivo Piedade, Empresa de Ônibus Campo Largo e Araucária Transporte Coletivo, da Grande Curitiba. Também tivemos exportações do 17-280 para o Peru e Costa Rica, com negociações significativas. Para 2024 estamos prontos para atender a demanda que virá, incluindo o segmento urbano.
Technibus – A Iveco Bus tem encomendas de ônibus rodoviários para este ano?
Danilo Fetzner – Sim. Iniciamos 2024 com encomendas significativas de ônibus para a Transmimo, de Valinhos (SP), para o Expresso Nordeste, de Campo Mourão (SP), e para a Viação Minas Gerais, maior frotista Iveco Bus do Brasil, atualmente com mais de 130 vans e ônibus da marca em operação. As negociações no segmento rodoviário seguem avançando, por termos um produto que se notabiliza pela excelente relação custo x benefício, ótimo desempenho e economia de combustível, e uma rede de concessionários dedicada e sempre próxima da operação.
Technibus – Como está a produção de ônibus na fábrica de Sete Lagoas (MG)?
Danilo Fetzner – A produção para o Caminho da Escola acelerou nossa demanda produtiva, com o envolvimento dos funcionários da fábrica para entrega dos volumes nos prazos estabelecidos pelo FNDE.
Technibus – A Iveco Bus tem produção de ônibus movidos a gás natural e biometano para o mercado brasileiro?
Danilo Fetzner – Produzimos o chassi 17-210 G na fábrica de Córdoba, na Argentina, e esperamos apresentá-lo em breve no mercado brasileiro. O modelo movido a gás natural e biometano integra a família Natural Power da Iveco, com tecnologia de powertrain FPT Industrial que permite que o chassi seja operado a GNV ou com biometano.
Technibus – Como estão os testes com os ônibus a gás?
Danilo Fetzner – As unidades do chassi 17-210 G para o mercado brasileiro estão em processo de encarroçamento e esperamos iniciar os testes em breve aqui. Temos clientes bastante interessados nas vantagens do ônibus a gás. Enxergamos um grande potencial de aplicação do modelo no segmento urbano, em municípios que já contam com a infraestrutura necessária para o veículo. Em operação, o uso do gás garante reduções de 90% do dióxido de nitrogênio (NO²) e de 10% de dióxido carbono (CO2). Abastecido com biometano, a emissão de CO2 é até 95% menor. A autonomia do 17-210 G pode chegar a até 350 quilômetros. O tempo de abastecimento é de aproximadamente 20 minutos, quebrando o paradigma de que carregar os cilindros possa ser demorado. São detalhes importantes para o cálculo de TCO do cliente, em comparação com o diesel e o elétrico.
Technibus – A Iveco Bus já tem encomendas de ônibus movidos a gás natural?
Danilo Fetzner – Temos clientes bastante interessados em conhecer e testar o produto, assim que ele for disponibilizado ao mercado brasileiro. Vale destacar que além do Brasil, na América Latina, nosso mercado de exportação, tem grande potencial, com diferentes políticas públicas que suportam a mudança na matriz energética.
Technibus – Quais países que estão comprando ônibus urbanos a gás da Iveco Bus?
Danilo Fetzner – Na América Latina, o Peru e a Argentina têm uma grande demanda para a solução GNV. Também acompanhamos de perto estes mercados.
Technibus – E os ônibus elétricos continuam em testes no Brasil? Em qual cidade?
Danilo Fetzner – Realizamos demonstrações do elétrico E-Way, produzido na Europa, em algumas oportunidades no Brasil. Somos uma marca na vanguarda de eletrificação na Europa, com mais de 20 anos de experiência apoiando nossos clientes não apenas na entrega do produto, mas principalmente em uma solução completa final, que garanta ao operador alta eficiência sem surpresas, com o TCO previsto para a vida útil do ônibus. Desde o lançamento, o E-Way se mostra altamente confiável e eficiente, com mais de 1.200 unidades em serviço em diversos países europeus. Localmente, sabemos que o modelo de negócio considera os chassis para ônibus. Por isso, apostamos nesta característica e trabalhamos para apresentar uma solução adequada à demanda do frotista brasileiro.
Technibus – A Iveco Bus tem previsão de iniciar a comercialização do ônibus elétrico no Brasil?
Danilo Fetzner – Ainda não. Contudo, temos acompanhado a demanda de mercado para entregar a nossa solução em um prazo factível. No momento, barreiras econômicas restringirem a aplicação do ônibus elétrico no Brasil em grandes centros, como São Paulo e Salvador e algumas cidades do interior, como São José dos Campos. A incorporação da tecnologia ocorre conforme os custos são absorvidos pela realidade dos sistemas de transporte brasileiros, ainda impactados pela queda de
Passageiros durante a pandemia e o custo da tarifa. Enquanto isso, enxergamos oportunidade multienergia que vão além do elétrico, em que entram o gás natural e o biometano. Ambas as tecnologias são viáveis de acordo com as condições específicas de cada localidade. Na América Latina, por exemplo, Chile, Colômbia e Uruguai são mercados em que o ônibus elétrico tem grande aceitação e já foram absorvidos pelos grandes sistemas de transporte.